(15-01-2016)Depois da chuva, hora de contabilizar as perdas
Produtores da zona sul e distritos estimam perder até 50% das áreas de cultivo; escoamento é prejudicado pela destruição das estradas rurais

A lama chegou até as casas: Seab adiantou que a prioridade da pasta é destinar recursos para liberar as estradas rurais da região

Agricultores da zona sul do município relatam cenário de devastação em suas propriedades por causa da força das chuvas
Produtores da região de Londrina já começam a somar os prejuízos causados pelos 275 milímetros de chuvas que atingiram a região metropolitana nos dois primeiros dias desta semana. Ivo Bernardes, produtor no distrito de São Luiz, viu as suas lavouras de batata, mandioca, abobrinha, morangos, entre outras pequenas produções que ele cultiva em sua propriedade, serem arrastadas pelas enxurradas.
Em uma área de 14,4 hectares de cultivo, Bernardes estima uma perda de 50%. O agricultor é vinculado ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e fornece sua produção para escolas da região. Com as chuvas, ele revela que não terá condições de atender à demanda. E para piorar, não possui seguro para restaurar a sua área.
Além dos prejuízos com a lavoura, Bernardes teve a sua casa invadida pela água e, no momento, está sem lugar para morar. Além disso, ele teve a sua caminhonete, que era utilizada para o transporte da produção, parcialmente destruída. "Vou ter que refazer o motor, limpar por dentro e trocar o para-brisa que quebrou com o desabamento do telhado da garagem", lamenta o agricultor.
Os insumos que o produtor utiliza como adubos e defensivos agrícolas também foram perdidos. Ao todo, Bernardes calcula um prejuízo que pode chegar a R$ 200 mil. "Agora sobraram só as contas", lamenta o agricultor, que espera um apoio das autoridades competentes para ajudar no restabelecimento da propriedade.
O transporte de produtos na região está muito difícil. Segundo Lucas Marçola, filho de produtor na região Sul da cidade, o escoamento de produtos entre o Posto Serrinha e o aterro sanitário da cidade está bem ruim. Ele espera que as autoridades resolvam isso em breve. "Está difícil de fazer até mesmo os tratos culturais das lavouras", sublinha Marçola.
Efeito cascata
Na propriedade de João Kapsumi Nazima, produtor na região de Guaravera, ele conta que as enxurradas destruíram alguns terraços e curvas de nível de alguns talhões, o que "lavou" a lavoura de soja que ainda não tinha se enraizado no solo. Nazima sofreu perdas principalmente nas áreas que plantou por último. O agricultor desabafa que nunca viu tanta destruição como a que houve em sua propriedade.
Ele estima que não dá mais tempo de fazer o replantio da área. No momento, completa, a única coisa a se fazer é esperar para verificar os prejuízos na hora da colheita. Em uma área de 76,8 hectares, ele calcula que 28,8 hectares foram prejudicados.
Norberto Anacleto Ortigara, secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), afirma que a destruição que as chuvas causaram nas lavouras paranaenses ainda está sob avaliação. "Ainda não é possível investigar os prejuízos devido ao interrompimento das estradas, mas já temos sim um prejuízo", lamenta Ortigara.
A prioridade é destinados recursos para liberar as estradas, segundo ele. "No curto prazo é difícil ajudar os produtores, mas o Emater está verificando os agricultores que possuem o seguro agrícola", destaca. Na safra de soja, Ortigara estima que a alta incidência de chuvas e a baixa insolação podem prejudicar os números de safra que poderão ser revistos.
De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Seab, o Paraná estimou inicialmente para a safra 2015/16 uma produção de 18,10 milhões de toneladas, 7% a mais no comparativo com o mesmo período da safra anterior. Neste ciclo, o Estado semeou 5,26 milhões de hectares, 3% superior em relação ao ciclo 2014/15, quando foram plantados 5,10 milhões de hectares.
Ricardo Maia
Reportagem Local
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA