(18-01-2016)Irã pede economia menos dependente do petróleo
Presidente iraniano defende reformas econômicas um dia após o país celebrar o fim das sanções internacionais
"O acordo nuclear é uma oportunidade que devemos usar para desenvolver nosso país, melhorar o bem-estar da nação e criar estabilidade e segurança na região", disse Hassan Rowhani
São Paulo - O presidente do Irã, Hassan Rowhani, defendeu ontem reformas econômicas e uma menor dependência da exportação de petróleo, um dia após o país celebrar o fim das sanções econômicas internacionais como parte do acordo nuclear. Rowhani fez as declarações ao submeter a proposta de Orçamento para o próximo ano fiscal iraniano, que começa em 21 de março, ao Parlamento. Ele afirmou aos presentes que a recente queda no preço do petróleo é a melhor razão para "cortar o cordão umbilical" com essa exportação.
A expectativa do retorno do Irã ao mercado foi um dos fatores que contribuiu para a queda do preço do barril neste semana para abaixo de US$ 30 pela primeira vez em 12 anos. O fim das sanções econômicas ao Irã deve derrubar ainda mais os preços.
Detentor da quarta maior reserva de petróleo do mundo, o equivalente a 10% do total, o Irã reduziu fortemente sua presença do mercado nos últimos anos por causa das sanções. Antes mesmo do anúncio do fim das medidas restritivas, o país já avisara que pode elevar a produção e as exportações em 500 mil barris de petróleo ao dia imediatamente. O volume é equivalente a 2% das exportações da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), cartel do qual o Irã é membro.
O presidente afirmou ainda que o acordo nuclear com os EUA e a União Europeia é uma "página dourada" na história do país e um "ponto de virada" para a economia nacional. "O acordo nuclear é uma oportunidade que devemos usar para desenvolver nosso país, melhorar o bem-estar da nação e criar estabilidade e segurança na região", disse Rowhani. Com a revogação das sanções, o Irã voltará a ter acesso a US$ 100 bilhões de bens congelados. A medida também permitirá ao país se beneficiar de novas oportunidades comerciais e financeiras.
Os EUA e a União Europeia anunciaram no sábado a revogação de sanções econômicas em vigor há anos contra o Irã, abrindo caminho para o país persa se integrar à economia mundial. A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu.
Sob o acordo de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem que o país cortou todos os caminhos possíveis para o Irã obter uma bomba nuclear. Em declaração a jornalistas na Casa Branca, Obama elogiou o acordo nuclear e a troca de prisioneiros com Teerã, como símbolos do que é possível obter com a diplomacia. "Este é um bom dia porque, mais uma vez, nós estamos vendo o que é possível através de forte diplomacia americana", afirmou o presidente, acrescentando que o Irã não vai "colocar as mãos" em uma arma nuclear. "Estas coisas são um lembrete do que podemos conquistar quando lideramos com força e com sabedoria."
O Departamento do Tesouro americano divulgou ontem sanções a 11 empresas e indivíduos por fornecer suprimentos ao programa de mísseis balísticos do Irã. Segundo a agência de notícias Reuters, as novas sanções foram adiadas por mais de duas semanas pelo governo Obama em meio às negociações do acordo nuclear e da troca de prisioneiros com o Irã.
Folhapress
FOLHA DE LONDRINA