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Mulher faz apelo na web e acha pai após 27 anos: 'Só quero um abraço'

Ex-servidor público abandonou família no DF quando jovem tinha 15 dias.
Grupo ajudou filha a localizá-lo em SP e doou passagens de avião.

Raquel MoraisDo G1 DF
A vendedora Marry Tainá da Silva com o bilhete da passagem para SP; o pai e a jovem, que se conheceram após 27 anos (Foto: Marry Tainá da Silva/Arquivo Pessoal)A vendedora Marry Tainá da Silva com o bilhete da passagem para SP; o pai e a jovem, que se conheceram após 27 anos (Foto: Marry Tainá da Silva/Arquivo Pessoal)
Eu não podia imaginar um conto de fadas também, tinha estar preparada para tudo. Fui com o pensamento ‘só quero um abraço’. Era só o que eu queria. Estava confiante de que ele iria me abraçar, falar que me amava e que eu poderia falar que o amo também. Não vou fazer nenhuma cobrança, nada. Nem pedir para ele voltar ou nada, nem cobrar explicação. Só quero o abraço"
Marry Tainá da Silva,
vendedora que conheceu o pai após 27 anos
A vendedora brasiliense Marry Tainá da Silva apostou na sorte e, após um apelo despretensioso em redes sociais, conseguiu realizar nesta quinta-feira (28) o sonho de conhecer o pai. O servidor público aposentado saiu de casa há 27 anos, quando ela ainda era recém-nascida, e nunca mais deu notícias. Membros de um grupo do qual ela participa levantaram os dados do homem no SPC/Serasa e Polícia Civil. Após uma vaquinha, a jovem embarcou pela primeira vez em um avião, na última noite.
A mulher se disse emocionada com a viagem – para São José do Rio Preto (SP), a 710 quilômetros de Brasília – e conta que não quis avisar o pai por medo de que ele fugisse. Depois que o ex-servidor público, que tem 62 anos, saiu de casa, a mãe de Marry descobriu que ele também já havia abandonado outra mulher, com quem teve seis filhos.
“Ele simplesmente foi embora, ninguém sabe o porquê. Eu tinha 15 dias de nascida”, conta. “Quando coloquei no grupo, falando que meu sonho era conhecer ele, uma moça viu e disse: ‘você é sobrinha do meu pai. Meu pai também procura seu pai há muitos anos. Ele sumiu, ninguém sabe do paradeiro dele’.”
Publicação feita pela vendedora Marry Tainá da Silva em rede social, com apelo para achar o pai (Foto: Facebook/Reprodução)Publicação feita pela vendedora Marry Tainá da Silva em rede social, com apelo para achar o pai (Foto: Facebook/Reprodução)
Com a ajuda de membros da organização, que tem mais de 40 mil participantes, Marry descobriu o endereço e o telefone do pai. A prima ligou para confirmar se ele de fato era a pessoa procurada. Após a confirmação, o grupo se organizou e comprou as passagens, que custaram R$ 392, e uma mala. A vendedora também ganhou um kit higiene.

O encontro aconteceu pela manhã. O ex-servidor público se disse tímido e não quis conversar com a imprensa, mas passou o dia na companhia da filha. A vendedora conta que havia se preparado para todas as possibilidades, inclusive para a de que ele não quisesse contato. 
Para o reencontro, a jovem se vestiu de pesquisadora do IBGE. “Não podia chegar chamando de pai, correndo o risco de assustá-lo. Tive de me preparar para tudo, mas não sabia como poderia ser a reação dele. Fizeram meu jaleco, meu chapezinho. Fui toda preparadinha”, lembra.
A vendedora brasiliense Marry Tainá da Silva ao lado do pai, que encontrou em São Paulo após 27 anos (Foto: Marry Tainá da Silva/Arquivo Pessoal)A vendedora brasiliense Marry Tainá da Silva ao lado do pai, que encontrou em São Paulo após 27 anos (Foto: Marry Tainá da Silva/Arquivo Pessoal)
“Eu não podia imaginar um conto de fadas também, tinha estar preparada para tudo. Fui com o pensamento ‘só quero um abraço’. Era só o que eu queria. Estava confiante de que ele iria me abraçar, falar que me amava e que eu poderia falar que o amo também”, conta. “Não vou fazer nenhuma cobrança, nada. Nem pedir para ele voltar ou nada, nem cobrar explicação. Só quero o abraço.”
Marry diz que teve o apoio de toda a família, inclusive dos irmãos, que não puderam acompanhá-la. “É incrível isso, porque eu sofri muito na mão dos meus padrastos. Na escola, por exemplo, quando chegava o dia dos pais, todo mundo fazia cartinha e homenagem, e eu não. As outras crianças diziam 'todo mundo tem pai, menos você'. Sempre senti falta dele.”
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