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País perde 1,5 milhão de empregos em 2015

Estoque de carteiras assinadas recua ao mesmo nível de 2012 e retração nominal é a maior desde início da série histórica em 1992; indústria puxa baixas municipal, estadual e nacional

VW/Fotos Públicas
A indústria foi o setor com maior perda de empregos no País, 7,41% ou 608,8 mil vagas a menos no ano passado, e representou 62% da retração no Paraná

O País terminou 2015 com redução de 1,542 milhão de empregos, o que levou o estoque de postos de trabalho com carteira assinada a 39,663 milhões, no mesmo nível de 2012 (39,646 milhões). É a maior queda do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) desde o início da série histórica iniciada em 1992. Foram 17,707 milhões de admissões e 19,249 demissões, conforme divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A variação relativa de trabalhadores registrados em 2015 ante 2014 ficou negativa em 3,74%. A indústria foi o setor com maior retração, de 7,41%, ou 608,8 mil vagas a menos. Outros setores que puxaram a queda foram construção civil (-416,9 mil), serviços (-276,0 mil) e comércio (-218,6 mil). A agropecuária foi a única com saldo positivo, de 9,8 mil empregos.
No Paraná, o saldo foi negativo em 75,5 mil vagas e, em Londrina, em 2,9 mil vagas. Os resultados foram piores de acordo com o tamanho das cidades, justamente porque são mais industrializadas do que as menores e o setor também foi o mais prejudicado em ambos. Curitiba registrou queda de 12,2 mil vagas, seguida por Londrina e por Maringá (-2,5 mil).
A indústria paranaense perdeu 46,8 mil postos de trabalho, ou 62% da retração estadual, seguida por construção civil (-106,4 mil) e comércio (-12,5 mil). O setor de transformação londrinense diminuiu 1,8 mil, ou 64% do saldo negativo no ano, seguido por comércio (-1,1 mil) e construção (-603). A agropecuária foi o destaque positivo no Paraná, com 3 mil empregos criados.

Resultado esperado
Para o diretor de Pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, o resultado era esperado, principalmente o da indústria. "É um setor que vem sofrendo há alguns anos e que foi prejudicado em 2015 por duas grandes frentes, que é a automotiva, que cresceu muito e agora está em queda, e a ligada à construção civil, como a de madeira e mobiliário, que sofreram no Estado", conta.
Em 2014, apesar dos números positivos no saldo geral de empregos, Londrina (-482), Paraná (-8.231) e Brasil (-46.812) já vinham com saldo negativo na indústria. "Basicamente, o Estado resistiu um pouco mais à crise e demorou mais do que o País para ter saldo negativo devido ao agronegócio e seus efeitos multiplicadores", completa Nojima.
O chefe do departamento de economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Renato Pianowski, considera que há uma falta de definição de políticas por parte do governo federal. "Há aumento de impostos em vez de redução, o que é mais um desincentivo sobre a indústria que leva ao corte de gastos. E um dos cortes que fazem é demitir."
Pianowski cita ainda a inflação, a corrosão da renda e o endividamento como causas da menor demanda do consumidor por produtos, que diminui a produção e leva ao desemprego. Para ele, não há sinal de reversão da curva negativa no horizonte. "Tivemos menos contratações para o Natal no comércio de Londrina neste ano e isso significa que menos temporários teriam chance de efetivação depois, mas se o comércio tem baixa performance, a indústria vai produzir para quem?"

Sinais
Ao ver um cenário também nebuloso, Nojima faz a ressalva de que o País passa por um momento incomum. "As décadas de 80 e 90 foram as do desemprego, a situação melhorou nos anos 2000, voltou a piorar e agora tivemos essa queda forte. Não é possível prever em quanto tempo teremos uma recuperação", considera. Ele completa que os únicos bons sinais são a alta da cotação do dólar, que pode impulsionar a produção nacional para substituir importados e elevar as exportações, mas vê uma tendência negativa para os próximos meses. "Não há sinal de recuperação. Há mais um ensaio para essa recuperação."

Fábio Galiotto
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA
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