Série de mortes de PMs mobiliza forças de segurança no PR
Em uma semana, quatro oficiais foram assassinados e dois ficaram feridos; Associação de Praças pede que Estado prove que não há conexão entre os crimes
"Os levantamentos feitos até agora apontam que são casos isolados e sem ligação com o crime organizado", afirma o comandante-geral da PM, Maurício Tortato
Curitiba – Os recentes casos de ataques a policiais militares no Paraná vêm preocupando as forças de segurança no Estado e, em especial, os membros da corporação. Pelo menos quatro oficiais foram assassinados e um espancado na região metropolitana de Curitiba (RMC) num prazo de seis dias. Já na manhã de ontem, o soldado Anilson Cândido de Moura, de Pato Bragado (Oeste), acabou atingido por disparos de arma de fogo ao abordar um veículo perto do Lago de Itaipu. Ferido no tórax, na perna e no ombro, ele seguia internado, até o fechamento desta edição, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Marechal Cândido Rondon.
O carro usado pelos suspeitos, um Hyundai HB20 branco, foi recuperado e continha marcas de sangue. Os ocupantes fugiram, sem serem identificados. Na segunda-feira da semana passada, Lisandro Lara de Moraes Júnior, de 29 anos, da tropa de choque do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), morreu no Hospital do Trabalhador, na capital. Ele havia sido baleado durante uma tentativa de assalto ao comércio de sua família no início do mês, no Fazendinha. No dia seguinte, Nilson Pinheiro da Veiga, de 38, e James Wilson Camargo, de 39, perderam a vida no bairro Sítio Cercado e em Colombo (RMC), respectivamente. Ambos estavam afastados do serviço operacional para tratamento de saúde. Os crimes aconteceram em intervalos de minutos – um às 20h18 e outro às 20h23.
Houve, ainda, uma situação no bairro Fanny, também em Curitiba, anteontem. O soldado Kleber da Silva Ribeiro, do 13º Batalhão da PM, foi agredido. A corporação não passou mais detalhes sobre a ocorrência. Em nota, o comandante-geral da PM, Maurício Tortato, garantiu que todas as circunstâncias investigadas são absolutamente desconexas e descartou o envolvimento de facções criminosas. "Os levantamentos feitos até agora, tanto pelo Serviço de Inteligência da Polícia Militar, quanto pela Polícia Civil (PC) e o Departamento de Inteligência do Estado, apontam que são casos isolados e sem ligação com o crime organizado", escreveu. Sobre possíveis outras situações, além das divulgadas, envolvendo ataques a PMs, ele completou "que estão sendo apuradas com cautela e responsabilidade".
A PC disse à FOLHA que os suspeitos de matar Veiga e Camargo foram levados à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Curitiba, e à Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo. Segundo o presidente da Associação de Praças do Paraná (Apra-PR), Orélio Fontana, um deles usava uma tornozeleira eletrônica e deveria ser monitorado, informação que não foi confirmada pela corporação. Como não há também a confirmação das autorias, o delegado-geral, Julio Cezar dos Reis, preferiu não se pronunciar sobre as prisões, nem divulgar os nomes dos detidos. A assessoria de imprensa do órgão assegurou que as diligências continuam e que mais informações não serão repassadas para não atrapalhar as investigações.
Fontana pediu que a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) convoque uma reunião de emergência do secretário Wagner Mesquita com representantes de entidades do setor, para discutir a questão. "Essa onda de violência é totalmente fora do comum. Nunca na história houve quatro mortes de PMs (num período tão curto). A tampa do bueiro está aberta e os criminosos estão à solta", opinou. De acordo com ele, o Estado precisa investigar e provar que essas mortes não estão interligadas. "Alguma coisa muito séria está ocorrendo no Paraná", completou. A Sesp falou à FOLHA que, por enquanto, nenhum encontro foi agendado e que os posicionamentos da pasta são os mesmos divulgados pela PM e pela PC.
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local
Reportagem Local
FONTE - FOLHA DE LONDRINA