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BALANÇO DEFINITIVO - Chuvas de janeiro provocaram prejuízo de R$ 420 milhões

Segundo relatório da Defesa Civil, 37 municípios do Paraná decretaram situação de emergência e 20 já receberam reconhecimento federal; repasse de verbas pode demorar pelo menos seis meses

Ricardo Chicarelli
Equipes da Secretaria de Agricultura fizeram reparos na ponte sobre o Ribeirão Três Bocas, ao lado do Parque Daisaku Ikeda, em Londrina
Gina Mardones 02-02-2016
Em Rolândia, onde os prejuízos atingiram R$ 90 milhões, até o último dia 2 a Avenida Brasília ainda estava alagada
Marcos Zanutto
A chuva abriu grandes crateras no Jardim John Kennedy, em Ibiporã, e a pavimentação da Rua Brasil terá que ser refeita
 

As chuvas que atingiram o Estado entre os dias 8 e 13 de janeiro causaram prejuízo de R$ 420 milhões para os municípios. Do total, foram R$ 217,5 milhões de prejuízos públicos e R$ 202,5 milhões no setor privado. De acordo com relatório da Defesa Civil Estadual, dos 66 municípios afetados, 37 decretaram situação de emergência e dois - Rolândia e Tamarana – estado de calamidade pública. Destes, 20 já receberam o reconhecimento do governo federal.

Na prática, o reconhecimento da situação de emergência autoriza o município a acessar recursos dos governos estadual e federal para reparar os danos causados pelas enxurradas, além de poder contratar, em alguns casos, serviços de emergência sem licitação e trabalhadores por tempo determinado. No entanto, mesmo após o reconhecimento do governo federal, os repasses só começam após uma série de trâmites burocráticos que demoram no mínimo seis meses.

Enquanto isso, os municípios realizam como podem os reparos emergenciais. No caso das pequenas cidades, com baixo orçamento, a situação é mais complicada. A situação de emergência é medida pelo valor percentual dos danos materiais em relação à receita líquida anual do município. O reconhecimento se dá quando os estragos públicos ultrapassam 9,33% e os privados 2,77% da receita municipal.

Segundo balanço da Defesa Civil, as chuvas ocorridas entre 8 e 13 de janeiro afetaram 211 mil pessoas em 66 municípios, deixando 3.773 pessoas desalojadas e 304 desabrigadas no Paraná. Após um mês, 982 pessoas seguem desalojadas e quatro desabrigadas.

O Norte Central foi a região mais atingida, com 19 municípios nesta condição, sendo nove na Região Metropolitana de Londrina (RML). Em Rolândia, os prejuízos atingiram os R$ 90 milhões, um terço do total na esfera pública. A equipe da Defesa Civil Municipal prepara a documentação exigida pela União. O município tem 90 dias para a apresentação de projetos para obras de recuperação. Reparos provisórios foram executados em pontes e estradas rurais para normalização do fluxo de veículos e acesso aos moradores. Segundo a assessoria, o prefeito Luis Francisconi Neto (PSDB) tinha uma viagem agendada para Curitiba no início desta semana para tentar agilizar repasses para o município.

Em Londrina, a Secretaria de Obras mantém máquinas e operários em vários pontos da cidade e da zona rural para fazer os reparos necessários. Segundo estimativa do órgão, será necessário cerca de um ano e meio para consertar tudo o que foi destruído pela chuva. O prejuízo final foi avaliado em R$ 94 milhões. Alguns trechos urbanos seguem em obras, mas a maioria dos trabalhos é conduzida na zona rural. O secretário municipal de Obras, Valmir Matos, expôs preocupação diante do imenso volume de trabalho. "Essa é a fase mais dura, em que as coisas têm que começar a acontecer. A prioridade é a Educação, com reparos em escolas e estradas rurais", detalhou.

O mutirão para a recuperação dos estragos envolve vários órgãos da administração municipal. Ontem, equipes da Secretaria de Agricultura fizeram reparos na ponte sobre o Ribeirão Três Bocas, ao lado do Parque Daisaku Ikeda. Em janeiro, as cabeceiras haviam sido levadas pela enxurrada. Após a recuperação, a terra voltou a ceder esta semana. A aposentada Zilda Gonçalves da Silva, de 61 anos, contou que teve medo de ficar ilhada novamente. "Foi horrível. O pessoal do patrimônio chegou a fazer uma pinguela, mas dava medo de passar", lembrou.

Em Tamarana, o prefeito Paulino de Souza (PMDB) informou que as estradas rurais ainda possuem quatro pontos intransitáveis, o que deve impossibilitar o acesso de cerca de 40 alunos às aulas que começam amanhã. Segundo Souza, com o orçamento reduzido, obras de grande porte, como a construção de pontes são "impossíveis" sem a ajuda do governo federal. Se considerar os impactos das chuvas no escoamento da safra, mais os estragos diretos, Souza calcula prejuízo de aproximadamente R$ 80 milhões.

Ibiporã foi o último município a ter a situação de emergência reconhecida pela União. Os prejuízos estimados pela Administração Municipal são de R$ 17 milhões, entre público e privado. No Jardim John Kennedy, na saída para Jataizinho, a pavimentação da Rua Brasil terá de ser toda refeita. A chuva abriu grandes crateras no asfalto e os moradores têm dificuldades para trafegar com carros e motos até as casas. Segundo a prefeitura, as chuvas atingiram vários pontos do município como estradas rurais, plantações, pontes, além de registros de quedas de muros de empresas, rachaduras e avarias a maquinários atingidos pela água.

No Noroeste, seis prefeituras decretaram situação de emergência. Fora da região Norte do Estado, apenas Jaguariaíva e Reserva (Campos Gerais), e Rio Negro, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) também acionaram o governo federal e aguardam os repasses para reconstruir o que foi destruído.

folha de londrina
Celso Felizardo
Reportagem Local

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