Em dois meses, três agências bancárias são fechadas na região

Situação é mais crítica em Tamarana, onde aposentados precisam viajar até Londrina para sacar benefício; um banco foi fechado e outra agência atende parcialmente após assalto em dezembro

Em Tamarana, materiais danificados após explosão de agência bancária foram deixados na calçada

"A situação ficou bem complicada depois do assalto. Estou tentando mudar de banco para o saque da aposentadoria, mas está difícil", reclamou o vendedor de doces Francisco Manoel

O Sindicato dos Bancários de Londrina e Região registrou o fechamento de três agências nos últimos dois meses na regional composta por 26 municípios. Dois estabelecimentos encerraram as atividades após ataques de grupos armados em dezembro. Em Tamarana (a 56 km de Londrina), os criminosos usaram uma retroescavadeira para derrubar as paredes de duas agências vizinhas. O local administrado pelo Banco Itaú foi fechado e os escombros continuam na calçada. Já a agência do Banco do Brasil atende parcialmente sem serviços de saques e depósitos. Em Rancho Alegre (a 53 km de Londrina), o alvo foi o cofre de uma agência bancária. A quadrilha utilizou explosivos na tentativa de arrombamento e provocou danos na estrutura física do espaço locado pelo Itaú.
De acordo com o levantamento do sindicato, seis assaltos foram registrados na regional durante o ano passado. Além do fechamento das duas unidades já mencionadas (uma em Tamarana e outra em Rancho Alegre), o Itaú também interrompeu os serviços, no início de fevereiro, na agência 4018 no Calçadão, centro de Londrina.
A situação é mais grave nos municípios menores com poucas agências bancárias disponíveis. Em Tamarana, a aposentada Olinda Leite da Silva contou que foi até Londrina para sacar o benefício após o fechamento da agência. "Tenho que esperar alguém da família para me levar até Londrina. Antes, a atendente me ajudava a sacar a aposentadoria no caixa eletrônico", lamentou. O vendedor de doces Francisco Manoel disse que a viagem de ônibus leva mais de uma hora. "A situação ficou bem complicada depois do assalto. Estou tentando mudar de banco para o saque da aposentadoria, mas está difícil", reclamou.
Os lojistas da cidade também enfrentam problemas por conta do apagão dos serviços bancários em Tamarana. O comerciante Rodrigo dos Santos afirmou que não consegue fazer depósitos na agência do Banco do Brasil e precisa viajar toda a semana para Faxinal ou Londrina. "Dependendo do valor do cheque, não vale a pena pegar a estrada. Só de combustível gasto pelo menos R$ 40,00", comentou.
A presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, Regiane Portieri, afirmou que, além do corte de postos de trabalho, o fechamento de agências prejudica o acesso dos usuários aos serviços bancários. "O trajeto de cerca de 50 quilômetros se tornou o mais próximo para quem precisa dos serviços bancários em Tamarana. O banco registra grandes lucros anuais, mas desrespeita a população", criticou.
Ela também questionou a desativação de caixas eletrônicos por conta da onda de explosões dos equipamentos. "Não teve nenhum efeito e os ataques passaram a ser executados pelos criminosos nas agências bancárias, principalmente em pequenas cidades", opinou. Para ela, a estratégia dos bancos é intensificar o uso dos serviços digitais e na internet, o que reduz o uso das agências e caixas eletrônicos. "O problema é que uma grande parte dos clientes sofre com a falta do serviço bancário, como aposentados e pessoas sem acesso às tecnologias", argumentou.

DECISÃO
Em nota enviada a FOLHA, o Banco Itaú informou que as agências foram fechadas por "decisões comerciais" na região de Londrina. "Importante ressaltar que o banco possui diversas alternativas para proporcionar cada vez mais conveniência para o cliente, como telefone, internet banking e aplicativos de acesso pelo celular que dão mais agilidade e oferecem diversidade de operações", acrescenta a nota. O banco também garantiu que os empregados serão remanejados para as agências mais próximas.

Rafael Fantin
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA