Feijão é boa aposta para safrinha
Preços da leguminosa dispararam após chuvas durante a safra das águas, animando produtores do Paraná

Estimativa para esta safra é que a produção atinja 391,4 mil toneladas, alta de 2% comparado ao ano anterior
Nem só de milho vive a segunda safra paranaense. Se em 2016 foi decretado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) o ano internacional das leguminosas, nada mais justo que o produtor de feijão faça um pé de meia neste momento. E o cenário tem se encaminhado para isso. Com a safra da seca (safrinha) a pleno vapor, o produtor está na expectativa de aproveitar os bons preços de comercialização, tanto para variedade carioca como o feijão preto. Para isso, ele tem que se dedicar na lavoura e fazer um bom manejo, mesmo em tempos de El Niño. Segundo informações do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), a ação do fenômeno este ano poderá ser uma das mais intensas registradas, com alta probabilidade de continuar até abril.
Até o momento o plantio da segunda safra no Paraná é de 79% e segue até o final deste mês. Os produtores estão atentos, já que na safra das águas, que seguiu de agosto a dezembro, a cultivar sofreu literalmente com as precipitações acima da média no Estado, o que gerou quebra de produção. Esta primeira safra fechou em 294,5 mil toneladas, 9% inferior aos 324,1 mil do período 2014/15. A área também sofreu retração de 6%, de 192,7 mil hectares para 180,2 mil hectares.
É justamente esta quebra de safra que anima os produtores, já que isso gerou uma disparada dos preços. Agora, a estimativa é que a produção atinja 391,4 mil toneladas, alta de 2% comparado ao ano anterior. Se o El Niño e o inverno permitirem, a produtividade pode chegar a 1.936 quilos por hectare, alta de 5%.
O engenheiro agrônomo do Departamento Técnico Econômico (DTE) da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Cristopher Azevedo, projeta que os preços podem subir ainda mais, pois as chuvas também prejudicaram a qualidade e o rendimento dos grãos, dificultando a obtenção de sementes salvas para a safrinha. "O produtor guarda parte das sementes para replantar. A qualidade da primeira safra não foi das melhores e quem entregar um produto bom neste momento vai ter um retorno interessante", prevê Azevedo.
Não por acaso, a comercialização da primeira safra segue a passos lentos: em torno de 29% contra 49% do mesmo período do ano passado. Em seis meses, a alta para os dois tipos de produtos plantados no Paraná é significativa. Em agosto de 2015, a saca de 60 quilos do tipo carioca era comercializada a R$ 108,84, sendo que em janeiro deste ano chegou a R$ 171,48, elevação de 57,5%. Já o feijão preto saltou no mesmo período de R$ 87,80 para R$ 133,68, algo em torno de 52%. "Tais preços, sem dúvida, incentivam a produção. Há riscos climáticos durante o inverno, mas mesmo assim muitos apostam na cultura. O feijão é um produto de muitos altos e baixos, mas quem plantou este ano acertou", decreta Azevedo.
O engenheiro agrônomo relata que um fator que poderia auxiliar nesta inconstância do mercado de feijão seria a exportação. "O Paraná é o maior produtor do País, mas esta oscilação na oferta dita os preços fortemente. Se exportássemos um bom volume, esse controle seria maior. Infelizmente, o feijão carioca é consumido apenas pelos brasileiros e para o preto, o volume de exportação ainda não é grande."
Victor Lopes
Reportagem Local
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FOLHA DE LONDRINA