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LONDRINA - Parte das vítimas civis de homicídio na chacina entre a noite de sexta e madruga de sábado não tinha antecedentes

Pais de Adriana Rodrigues e Matheus Modesto relatam sonhos interrompidos pela chacina

Gustavo Carneiro
Marcas de tiro na casa onde Matheus Modesto foi morto na noite de sexta-feira

Parte das dez vítimas civis de homicídio na chacina que aconteceu entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado não possuía passagem pela polícia. Uma delas era Adriana Rodrigues, de 34 anos, estudante do curso técnico de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e frequentadora assídua de uma igreja evangélica. Seu pai, João Maria Rodrigues, 65 anos, relata que ela tinha combinado de comemorar o nascimento do filho de seu primo.
Eles encontraram um bar que estava aberto na Rua Serra dos Pirineus para fazer a comemoração. Além do primo, ela estava acompanhada pelo namorado e por uma vizinha. Logo depois do grupo pagar a conta, um Golf parou em frente ao bar e os ocupantes começaram a disparar contra os frequentadores do local. Adriana ainda tentou escapar dos tiros, mas acabou morta nos braços do namorado, alvejada por quatro disparos. O que atingiu a nuca foi fatal.
João Maria Rodrigues ressalta que sua filha nunca teve envolvimento com drogas, jamais cometeu crime algum ou teve passagem pela polícia. "Ela teve o azar de estar no lugar errado e na hora errada", lamenta.
Rodrigues ressalta que Adriana era mãe de uma criança de 13 anos com necessidades especiais que agora ficará aos cuidados dos avós. "Ela ficava o dia inteiro cuidando dele e estava animada com o curso de técnica em Enfermagem. As aulas iam começar hoje (ontem)", relata.
Outra vítima dessa chacina foi Matheus Henrique Cyrillo Modesto, de 21 anos. Ele é filho dos servidores públicos Marco Antonio Modesto e Adelaine Cyrillo. Modesto afirma que seu filho estudou no Colégio Adventista até os 16 anos e depois foi cursar Mecânica Industrial no Senai.
"Entre os 40 alunos da sala, ele ficou entre os dez que conseguiram se formar como torneiro mecânico, profissão na qual ele começou a atuar logo depois que concluiu o serviço militar", descreve o pai.
Ele destaca que depois disso a empresa encerrou as atividades, o que obrigou o filho a procurar outra atividade. "Ele montou uma empresa de marketing e informática com um amigo que usava uma tornozeleira eletrônica por agredir a mulher. Naquela noite, os dois foram chamados por pessoas que não conheço para participar de uma festa. Quando eles estavam saindo para comer um lanche, começaram a atirar contra eles", relata.
"Meu filho nunca pegou uma arma na mão, não era envolvido com drogas. A mãe e a irmã frequentavam uma igreja evangélica e meu filho era adventista. Tem muita gente falando besteira e não sabe de fato o que aconteceu", afirma.
A Polícia Civil não confirma o número de vítimas que tinham passagem pela polícia e justifica que esses dados não serão fornecidos a princípio para não atrapalhar as investigações.
O coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Carlos Enrique Santana, destaca que ativistas vêm coletando informações sobre homicídios ocorridos nos últimos quatro anos. "Nós estamos reunindo documentos para encaminhar para comissões de direitos humanos do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa", afirma.

Vítor Ogawa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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