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No PR, 40% dos jovens terminam ensino médio após idade adequada

Estado teve evolução de 6,3% em uma década; evasão no período noturno de jovens que trabalham impede maiores avanços


Um levantamento divulgado esta semana pelo movimento Todos Pela Educação (TPE) mostrou que pouco mais da metade dos estudantes brasileiros consegue terminar o ensino médio na idade adequada. O estudo, feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2014, mostra que a taxa de conclusão do ensino médio dos jovens até os 19 anos foi de 56,7% naquele ano. No Paraná, o índice é um pouco melhor que a média nacional, de 59,4%.
Os dados mostram ainda que em uma década, o País teve uma evolução de 15,4%. Em 2005, apenas 41,4% dos estudantes brasileiros concluíram a 3ª série do ensino médio até os 19 anos. A melhora nos índices foi puxada pelos bons desempenhos de Estados das regiões Norte e Nordeste, como Tocantins que saltou de 28,4% para 60,7% em uma década. No mesmo período, o Acre elevou a taxa de 29,5% para 56% e a Paraíba de 29,4% para 52,5%.
O Paraná teve um crescimento mais modesto. Em 2005, o número de estudantes que haviam concluído o ensino médio antes dos 19 anos era de 96.043, ou 53,1% do total. Uma década depois, passou para 59,4%, ou 117.747 absolutos, variação de 6,3%. O Estado também desceu três degraus no ranking entre os melhores do País, caindo da quinta para a oitava posição. Segundo os últimos dados, o Distrito Federal tem a melhor situação, com 72,4% de taxa de conclusão antes dos 19 anos, seguido por São Paulo (70,1%) e Santa Catarina (62,7%).
Apesar dos avanços, o TPE detecta dificuldades no sistema de ensino para fazer com que os jovens concluam o ensino médio na idade correta. O levantamento mostra que os índices atuais estão bem distantes dos projetados como meta para 2022, tanto pelo próprio movimento como pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Enquanto o Todos Pela Educação prevê que 90% dos jovens concluam o ensino médio em 2022, a meta do PNE é chegar a 85% dos alunos entre 15 e 17 anos matriculados.
A coordenadora-geral do Todos pela Educação, Alejandra Velasco, disse que um esperado crescimento mais acelerado após 2009 não se confirmou. "A situação é muito preocupante, pois o ritmo de crescimento do ensino fundamental é baixo e o do ensino médio é ainda pior. Assim, não vamos alcançar a meta do PNE". No Paraná, a taxa de jovens que terminam o ensino fundamental até os 16 anos é de 80%, acima da média nacional de 73,7%.
A chefe do Núcleo Regional de Educação de Londrina, Lúcia Cortez, informou que a maioria da evasão escolar no ensino médio é registrada no período noturno. "São jovens que precisam trabalhar para se sustentar e não conseguem conciliar o serviço com o estudo", conta. Segundo ela, o 1º ano é o mais problemático. "Temos turmas que começam com 40 alunos e terminam com 12 no fim do ano", expõe.
A superintendente de Educação da Secretaria de Estado da Educação (Sesa), Fabiana Campos, informou que a um recorte claro entre os jovens negros de baixa renda, que ainda são maioria entre os desistentes. "São pessoas que têm histórico de discriminação racial muito forte na escola e acham no emprego uma maneira de fugir disso". Segundo ela, o Departamento de Diversidade da Sesa promove ações para combater o preconceito. "Somos o único Estado com uma coordenadoria da Educação Cigana. É um público com forte presença no Paraná e que impacta nos índices de evasão escolar."
Fabiana conta que além de promover ações com os jovens, para combater a evasão escolar, a Sesa também pleiteia junto ao Ministério da Educação (MEC) a criação de um sistema de ensino médio semipresencial. "Muitos alunos não conseguem entrar às 19 horas por conta do serviço. Às 23 horas, já estão cansados, pois têm que acordar cedo no outro dia. Nestes casos, essa possibilidade pode contribuir para elevarmos os índices".

Celso Felizardo
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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