No velório da vítima, polícia prende acusado de matar namorada; 'Sangue frio', diz mãe
Agentes da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital prenderam um homem acusado de matar a própria namorada. José Ailton da Silva, de 36 anos, foi detido durante o velório da vítima, neste sábado, no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. O corpo de Juliana dos Santos Andrade, de 23 anos, foi encontrado no dia 1º deste mês escondido em um sofá erótico no Motel Top Cat, na Avenida Brasil, na altura de Bangu, também na Zona Oeste.
A mãe da vítima, Gracimar Santos de Andrade, de 46 anos, disse que Juliana havia apresentado José como namorado há cerca de seis meses:
— Estamos sofrendo, minha filha tinha uma vida pela frente. Esse rapaz teve o sangue frio de conviver com a gente e aparecer no enterro.
No dia do desaparecimento da jovem, 31 de janeiro, o casal havia saído para lanchar em um shopping da região.
— Depois devem ter discutido, e ela deve ter terminado com ele. Ultimamente, ela falava que queria terminar com ele, porque era muito ciumento — contou Gracimar.
Quando a jovem não voltou para casa, a família começou a ficar preocupada.
— Estranhei porque ela não deu notícias. Ficamos desesperados. Depois de alguns dias, ele chegou a mandar mensagem dizendo que ela estava sob posse de milicianos. Fizemos panfletos com a foto dela, registramos queixa na polícia e ele fingindo que estava ajudando — lembrou a mãe.
No dia 10, a família descobriu que o corpo estava no Instituto Médico Legal (IML).
— A polícia fez um ótimo trabalho e instruiu que ele fosse chamado para o velório. Não contamos detalhes. Apenas que o corpo tinha sido localizado. Ele ainda queria fazer camisas com a foto dela para a gente usar no enterro, mas não teve tempo, porque foi avisado na véspera — relatou Gracimar.
A mãe da jovem diz que o acusado se comportou como se estivesse triste com a situação:
— Ele colocou até que estava de luto, no Facebook. Ao chegar no enterro, teve coragem de dar um beijo na minha filha mais nova. O rapaz ia abraçar meu marido também, mas ele (o pai da vítima) começou a passar mal e eu gritei "ele matou minha filha". Os policiais que estavam lá o prenderam na hora. A justiça foi feita.
Segundo a Polícia Civil, foi cumprido um mandado de prisão expedido pela Justiça, com base na investigação da delegacia especializada. Os policiais descobriram ainda que o homem seguia a rotina normalmente após o homicídio. Ele teria asfixiado a jovem com um cadarço por não aceitar o término do relacionamento.
O delegado-assistente da DH, Fábio Salvadoretti, disse que a investigação foi bastante complexa:
— Espero que a prisão do assassino no velório da vítima, talvez, traga um pouco de conforto para a família da vítima Juliana, além de mostrar que este assassino é uma pessoa violenta, convarde, fria e desleal.
EXTRA/GLOBO.COM