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OMS decreta emergência mundial por zika

Até hoje, apenas as doenças H1N1, pólio e ebola receberam tal status

Christophe Simon/AFP
Atualmente há 270 casos confirmados de microcefalia no Brasil e 3.449 em estudo, contra 147 em 2014

Genebra - A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou ontem que a epidemia de zika vírus, suspeita de causar malformações congênitas, representa "uma emergência de saúde pública de proporções mundiais". "Nós devemos agir", afirmou a diretora da OMS, Margaret Chan, durante coletiva de imprensa após uma reunião excepcional do comitê de urgência. A OMS considerou uma relação "altamente suspeita" entre este vírus e uma alta inédita na América Latina no número de casos de microcefalia - uma malformação congênita em crianças que nascem com uma cabeça e um cérebro anormalmente pequenos. Até hoje, apenas as doenças H1N1, pólio e ebola receberam tal status.
A agência da ONU decretou que esta situação é um "estado de emergência sanitária mundial". "Todos concordaram com a necessidade de coordenar os esforços internacionais para investigar e compreender melhor esta relação", declarou Chan.
A agência da ONU parece preocupada em fazer esquecer a crítica relacionada com sua resposta - considerada muito lenta por muitos - ao recente surto de ebola na África.
"Os especialistas acreditam que a extensão geográfica das espécies de mosquitos que podem transmitir o vírus, a ausência de vacinas e testes confiáveis e a falta de imunidade da população nos novos países afetados (...) são causas adicionais para preocupação", continuou Chan.
A OMS alertou na semana passada que o zika vírus está se espalhando "de maneira explosiva" nas Américas, com 3 a 4 milhões de casos esperados em 2016. O zika também pode estar associado à síndrome neurológica de Guillain-Barré (GBS), uma condição rara que causa paralisia.
Tal como a dengue e a chikungunya, o zika - que leva o nome de uma floresta em Uganda, onde foi visto pela primeira vez em 1947 - é transmitido pela picada do mosquito 'Aedes aegypti' ou 'Aedes albopictus' (mosquito tigre). Seus sintomas comuns são febre baixa, dores de cabeça e erupções cutâneas.
A OMS se absteve até o momento de desencorajar viagens para países afetados pelo zika, apenas indicando que a melhor maneira de evitar a infecção é ficar longe da água parada onde os mosquitos proliferam e utilizar repelentes.

EFEITO EL NIÑO
O Brasil fez um alerta em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com microcefalia na região Nordeste. Atualmente há 270 casos confirmados e 3.449 em estudo, contra 147 em 2014.
O País notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença pelo vírus zika. Desde então, "a doença se propagou no país e também em outros 22 países da região", aponta a OMS.
Com mais de 1,5 milhão de contágios desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido pela Colômbia, que no sábado anunciou mais de 20 mil casos, 2 mil deles em mulheres grávidas.
A Colômbia, segundo país mais afetado do mundo pelo zika depois do Brasil, prevê mais de 1,5 mil casos da síndrome neurológica de Guillain-Barré associada a este vírus - disse ontem o ministro da Saúde, Alejandro Gaviria.
"Há uma sobreposição suficiente no espaço e no tempo para dizer que aqui há claramente uma associação" entre o zika vírus e esta síndrome, que pode provocar até uma paralisia definitiva, explicou.
A Colômbia aconselhou as mulheres a adiarem a gravidez por seis a oito meses. Alertas similares foram feitos no Equador, El Salvador, Jamaica e Porto Rico.
O alerta também soou na Europa e Estados Unidos, onde o vírus foi detectado em dezenas de pessoas que viajaram ao exterior. No domingo, um instituto de pesquisa na Indonésia anunciou um caso positivo na Ilha de Sumatra e anunciou que o vírus circula "há algum tempo" no país.
A OMS teme que a situação derivada do fenômeno climático El Niño - particularmente poderoso desde 2015 e que favorece o aquecimento climático - provoque um aumento do número de mosquitos.
Das Agências-FONTE - FOLHA DE LONDRINA
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