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Sem emprego, profissionais se tornam freelancers para garantir renda

Geóloga, que mora em Curitiba, foi demitida em julho e tem garantido o orçamento como freelancer (Foto: Arquivo pessoal)
Em um cenário de contração do mercado de trabalho, o número de profissional que decidiu trabalhar por projeto, o chamado freelancer, cresceu. São pessoas que continuam prestando o mesmo serviço que faziam na empresa, porém, de forma autônoma.
Em 2015, foram fechadas 1,54 milhão de vagas formais no Brasil, de acordo com o Ministério do Trabalho.

Demitida em julho de 2015, a geóloga Mariele Groxko, de 29 anos, aderiu a esta espécie de trabalho. “Hoje eu me sustento basicamente pelo freela. Eu tinha um projeto grande ano passado que já terminou e, agora, neste ano, assumi outro projeto grande”, conta. Ao mesmo tempo, ela tocou projetos menores.
Eu decidi ficar no 'frila' porque acho que neste ano e no próximo vai ser muito fraco de contratação. Acho que agora é realmente o momento da prestação de serviço"
Mariele Groxko, geóloga
A geóloga faz parte do contingente de 19,4% dos trabalhadores, que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, trabalharam por conta própria.

Os dados indicam que de 2003 a 2011 havia uma tendência de redução desta força de trabalho, que voltou a cresce a partir de 2012.

As dificuldades também rondam os autônomos. A maior parte dos trabalhos realizados por Mariele é na área de usina hidrelétrica, que está diretamente relacionada a investimento – comprometido em época de crise financeira e econômica. Na avaliação dela, esse pode ser um indicativo da queda da procura por freelancers.

“Eu mando bastante orçamento, mas nem todos dão certo. Este ano, está bem devagar, mas também pela época do ano. Eu ainda estou bem, tranquila no ponto de vista financeiro, mas vejo colegas de profissão com mais dificuldades”.
Ainda que com pouca demanda, a geóloga seguirá como freelancer nos próximos anos. “Eu decidi ficar no freela porque acho que neste ano e no próximo vai ser muito fraco de contratação. Acho que agora é realmente o momento da prestação de serviço”, avalia a geóloga.
Via de duas mãos
O profissional de marketing Luis Gustavo Schmitt, de 36 anos, que também tem garantido o orçamento como freelancer, acredita que durante uma crise, os trabalhos autônomos ganham destaque nas empresas.
Luis Gustavo acredita que a modalidade freelancer pode ser boa para profissionais e empresas em época de crise (Foto: Arquivo Pessoal)Luis Gustavo acredita que a modalidade freelancer pode ser boa para profissionais e empresas em época de crise (Foto: Arquivo Pessoal)
“O cenário econômico do país é preocupante para todo mundo e isso pode representar uma coluna de oportunidades para custos mais baixos, que são os de freelancers e consultores, ao invés de terem gestores fixos”, afirma Luis Schmitt, que tem experiência em gestão e já atuou na outra ponta, como empregador.
Por uma questão de regularização do contrato, Luis saiu da instituição de ensino que trabalhava. Ele segue dialogando com os diretores para retornar, assumindo outra função. O problema é que este retorno tem sido adiado devido à crise financeira.
“De seis possibilidades de disciplinas, restou uma. O motivo, claro, é a crise... Evasão de alunos e aproveitamento máximo das horas dos professores que permaneceriam na casa”, contou.
Os 16 anos de carreira fizeram com que o profissional conseguisse reestabelecer contatos e firmar os três contratos temporários que hoje tem como consultor. Para ele, o aspecto delicado na condição de freelancer é o contrato, que costuma ser mais “frágil” quando se fala em rescisão.

Além disso, ele acredita que, caso a crise se agrave, a tendência é que as empresas cortem também recursos destinados aos prestadores de serviço. “Certamente, agravando-se as crises, os primeiros cortes sejam esses”.
De acordo com o economista e professor do Centro Universitário Fae Gilmar Mendes isso deve se consolidar. "Com a crise, a empresa demite, mas também passa a demandar menos de funcionários não registrados”.
Perspectivas
Economistas acreditam que esta pode ser a recessão mais longa da história do país. Depois de um ano movimentado, a expectativa para 2016 é de mais dificuldades e incertezas, na avaliação dos especialistas.

O economista e professor do Centro Universitário FAE Gilmar Mendes avalia que as políticas adotadas e os indicadores presentes sinalizam para, ao menos, mais dois anos de dificuldade financeira e de retração do mercado de trabalho.

"As demissões devem continuar de forma generalizada. Esta é uma crise que começou na indústria, passou para o comércio e chegou ao serviço. É uma crise que setorialmente está se democratizando", afirma.
É justamente por isso, acrescenta Mendes, que existe este movimento de expansão de freelancers e trabalho autônomo. "Se a economia estivesse crescendo, avançando em ritmo moderado, as empresas também não se interessariam em multiplicar este tipo de contratação. Elas entrariam no eixo normal, mesmo reclamando do peso dos encargos sociais. A mão de obra contrata formalmente é uma mão de obra mais produtiva”, afirmou o economista.
FONTE - G1 PARANA
UA-102978914-2