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Sociedade, eu não matei ninguém’, diz Recalcatti

Delegado e outros oito homens foram postos em liberdade ontem, horas depois de terem se apresentado à polícia; eles são acusados de assassinar um suspeito na RMC

Mariana Franco Ramos
"Quando eu fui denunciado, jogaram (as informações do processo) ao público como se eu fosse um bandido", critica o delegado Rubens Recalcatti

Curitiba - Acusado de ter matado um suspeito em Rio Branco do Sul, na região metropolitana de Curitiba (RMC), em 28 de abril de 2015, o delegado Rubens Recalcatti foi posto em liberdade no início da tarde de ontem. Ele e outros oito homens, sendo sete investigadores de polícia e mais Mauro Sidnei do Rosário, que não integra a corporação, se apresentaram horas antes na sede do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), na capital paranaense. A Justiça havia expedido um mandado de prisão preventiva contra os agentes, mas o juiz substituto da 1.ª Câmara Criminal, Benjamin Acácio, concedeu liminar a um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa dos policiais.
Em entrevista coletiva, Recalcatti e seu advogado, Claudio Dalledone, criticaram o que chamaram de atuação espetaculosa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público (MP) e responsável pela Operação Aquiles. "O que os promotores infelizmente estão fazendo é estabelecer um revanchismo, que beira ao absurdo, contra a polícia. Estão tratando uma coisa séria, que é dor e o desespero, como algo absolutamente infantil. E isso tem desencorajado os organismos de segurança. Tenho ouvido os policias desestimulados, o que é um precedente perigosíssimo. Estamos vivendo um ataque do crime organizado. Bandido não está mais respeitando a polícia. Será que é isso que o Gaeco quer?", questionou Dalledone.
O MP apura se os nove réus cometeram os crimes de homicídio triplamente qualificado, fraude processual e diversos abusos de autoridade. A suspeita é de que eles executaram Ricardo Geffer, na cidade da RMC, em um suposto confronto com a Polícia Civil. A vítima teria participado, alguns dias antes, em uma quadra de futebol, do assassinato do ex-prefeito do município (mandato 1997-2000) João Dirceu Nazzari, que era primo do delegado. Um funcionário de Nazzari também faleceu. Os autores dos disparos estavam encapuzados e não foram identificados. Essa foi a segunda vez que o grupo foi levado à delegacia. No mandado, a Justiça ressaltou que todos representam "risco à ordem pública" e que as prisões seriam necessárias para a boa instrução criminal.
"Quando eu fui denunciado, jogaram (as informações do processo) ao público como se eu fosse um bandido. Sociedade, eu não sou isso. Eu não matei ninguém. Eu não cometi nenhuma fraude processual, sociedade. Cidadãos que me conhecem, eu não abusei nada. Bastava o Ministério Público ter procurado no Fórum de Rio Branco e ia ver que lá haviam mandados judiciais de busca e prisão que nós cumprimos", justificou o delegado, que é chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) de Curitiba e suplente de deputado estadual pelo PSD. Dalledone também adiantou que, imediatamente, pretende buscar um habeas corpus preventivo e entrar com uma representação na Corregedoria e no Conselho Nacional do MP. "Não quero e não vou dormir com a sensação de que o Gaeco vai invadir o domicílio do meu amigo Recalcatti."
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA
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