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Londrina tem receita per capita menor que outras cidades médias

Motivos seriam a falta de industrialização e a não revisão da planta do IPTU


Na terça-feira da semana passada, o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) concedeu entrevista coletiva para comunicar um ajuste fiscal. Embora as contas ainda estejam superavitárias, até o final do ano pode faltar dinheiro no caixa da Prefeitura, caso as medidas anunciadas não surtam efeito. O problema não é exclusivo de Londrina. Pelo contrário: a maioria das prefeituras está apertando o cinto devido à crise econômica e a consequente baixa na arrecadação.
No entanto, para quem já foi uma das mais ricas do País, a comparação com outras cidades médias da região Sul e de São Paulo revela que Londrina está ficando para trás. E não é de hoje. A reportagem comparou a evolução da receita corrente líquida do Município, de 2006 a 2014, com a de outros seis: Maringá, Ponta Grossa, Joinville (SC), Caxias do Sul( RS), São José do Rio Preto e Ribeirão Preto (SP).
O crescimento nominal da arrecadação de Londrina no período, de R$ 446,059 milhões para R$ 1,169 bilhão, foi de 162% e está na média dos sete. Dois municípios tiveram crescimento maior: Maringá (181%) e São José do Rio Preto (169%). Ribeirão Preto empatou com Londrina. Em Joinville (161%), Caxias do Sul (158%) e Ponta Grossa (148%), o crescimento foi menor. Os números são do Tesouro Nacional e não levam em conta a inflação do período, portanto não representam o crescimento real. Mas servem para comparação.
O problema aparece quando se divide a arrecadação pelo número de habitantes de cada cidade. A receita per capita de Londrina em 2014 (R$ 2.153) foi a segunda pior, ganhando apenas de Ponta Grossa (R$ 1.665). Naquele ano, Caxias do Sul teve a melhor performance: R$ 2,8 mil de receita por habitante (30% maior que a de Londrina). Na sequência, vem Joinville (R$ 2.686), Ribeirão Preto (R$ 2.675), São José do Rio Preto (R$ 2.588), e Maringá (R$ 2,4 mil).
Na comparação feita pela reportagem, um outro dado chama atenção. O crescimento nominal da despesa bruta com pessoal de Londrina foi o menor de 2006 a 2014: 105%, saindo de R$ R$ 346.879.753 para R$ 713.832.255. A mesma despesa cresceu 307% em Ribeirão Preto, 302% em Maringá, 260% em Joinville, 212% em Caxias do Sul, 182% em São José do Rio Preto e 168% em Ponta Grossa.
Embora tenha caído de 77% para 61% a participação da despesa bruta com pessoal na receita líquida de Londrina, ela ainda é a segunda maior. Pela ordem, em 2014, esse índice era de 66% em Ribeirão Preto, 54% em Caxias do Sul, 53% em Joinville, 52% em Ponta Grossa, 49% em Maringá e 34% em São José do Rio Preto.
Para o secretário municipal do Planejamento, Daniel Pelisson, o baixo crescimento da receita de Londrina se justifica por dois fatores: a histórica falta de industrialização do Município e a não revisão da planta do Imposto Predial Territorial Urbano(IPTU), desde 2001.
De fato, a arrecadação per capita do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), um dos principais indicadores de industrialização, é o pior entre os pesquisados. A cota-parte de Londrina foi de R$ 154,1 milhões em 2014, ou R$ 283 por habitante. A de Maringá foi a segunda pior (R$ 363). Já a melhor, de Caxias do Sul, foi de R$ 778, ou 174% maior que a londrinense. Os dados são do meumunicipio.org.br. "Basicamente nós somos o segundo maior município do Paraná, mas o quarto em arrecadação de ICMS", afirma o secretário. "A nossa renda per capita, se comparada com os municípios do mesmo porte, não está bem colocada mesmo", admite.
Pelisson afirma que a distorção será corrigida no futuro. "O atual prefeito está preparando as áreas para industrialização de que nós precisamos", afirma. De acordo com ele, é preciso romper com um "círculo vicioso" para a cidade voltar a crescer. "Se você não tem recurso para investir em infraestrutura, você não consegue atrair indústria. Se você não consegue atrair indústria, você não tem arrecadação. Estamos trabalhando para vencer esse problema."
Questionado sobre o fato de Londrina ter uma das maiores participações da despesa bruta com pessoal perante a receita líquida (61%), ele afirma que o problema não é excesso de servidores e sim a baixa arrecadação. A despesa bruta com pessoal inclui gastos com ativos, aposentados, pensionistas e terceirizados.

Nelson Bortolin
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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