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CIDADES - Mobilidade planejada

Climatizados e equipados com wi-fi, os superbus agradam a população, mas os usuários não deixam de reclamar de superlotação e demora na circulação




O direito de "ir e vir" garantido a todos os brasileiros pela Constituição Federal tem sido cada vez mais ameaçado pelo crescimento exagerado das cidades. Para minimizar o efeito deste estilo de vida baseado em grandes conglomerados urbanos, onde os veículos motorizados são os principais meios de transporte, a lei 12.587/2012 obriga todos os municípios com mais de 20 mil habitantes a apresentarem um Plano Municipal de Mobilidade Urbana com soluções para facilitar o deslocamento das pessoas nas cidades.
Como a maioria dos municípios não conseguiu apresentar o documento no prazo que se encerrou em abril do ano passado, o Senado discute a possibilidade de ampliar para 2018 a data final para apresentação. Quem não o fizer perde o direito de receber verbas da união para investimento em infraestrutura e outras iniciativas que promovam a mobilidade.
Londrina está entre os municípios que ainda não concluíram o plano. A presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippul) do município, Ignes Dequech Alvares, afirma que iniciativas isoladas, porém, já configuram ações que serão contempladas no documento. Segundo ela, a prioridade da mobilidade será para pedestres, seguidos por ciclistas, transporte coletivo e, por fim, veículos individuais como carros e motos.
A maior parte da população, conforme Ignes, utiliza o transporte coletivo para se locomover do trabalho para casa e vice-versa. Por isso, o município está investindo em um sistema de integração do transporte urbano baseado em alta tecnologia que pretende oferecer conforto, qualidade e trajetos mais rápidos aos usuários.
O início da operação deste sistema – chamado de BHLS - já é visto pelas ruas nos chamados superbus, disponíveis em quatro linhas que interligam as regiões da cidade e permitem chegar mais rapidamente ao Centro. Os carros climatizados e equipados com wi-fi para acesso à internet durante a viagem agradam a população. Usuários ouvidos pela FOLHA, entretanto, ainda reclamam de superlotação e demora na circulação dos carros nos horários que não são considerados de "rush".
O projeto, segundo Ignes, tem o objetivo final de atrair novos usuários para o transporte coletivo e, assim, desincentivar o uso de carros e motos. Para promover a integração do superbus com as chamadas linhas alimentadoras, o município pretende licitar um sistema de integração de transporte que permitirá controlar, a partir de uma central, todos os ônibus em circulação, organizando o fluxo para reduzir o tempo de espera dos passageiros nos terminais. "As linhas Centro Livre e Interclínicas também fazem parte do projeto", reforça.

Outros modais
O Plano de Mobilidade Urbana de Londrina também vai contemplar projetos de "caminhabilidade", através do projeto "Calçada para todos", já em execução. "A prefeitura também investe em iluminação, por meio da Sercomtel Iluminação, e segurança para incentivar as pessoas a andarem a pé", diz. Além disso, prevê a implantação de 318 quilômetros de ciclovias. Atualmente há 35 quilômetros executados e outros 15 licitados para integração ao projeto do superbus. Algumas ciclovias e ciclofaixas têm sido executadas por oportunidade, como é o caso da via disponível na avenida Ayrton Senna, realizada como contrapartida pelo shopping Aurora. "Alguns trechos estão fracionados, mas vão fazer sentido quando o sistema estiver interligado", adianta.
Sobre as vias exclusivas para bicicletas, ela afirma que a implementação tem o objetivo de incentivar o uso. "É um convite para que os ciclistas transitem pela cidade", diz.
Todas estas iniciativas, segundo ela, visam incentivar o uso do transporte individual que provoca congestionamentos e trânsito lento em Londrina. "Se o transporte coletivo não for atrativo, se não tivermos ciclovias e boas calçadas, as pessoas não deixarão o carro ou a moto em casa", acredita.
Carolina Avansini
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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