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Temer propõe reforma do ensino médio



Dos 3 anos da etapa, um será comum a todos; nos demais, aluno poderá optar por se aprofundar em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza ou ensino técnico


Brasília - O novo modelo para o ensino médio, apresentado ontem (22) pelo governo Michel Temer (PMDB), flexibiliza o currículo da etapa, acaba com a obrigatoriedade de disciplinas de artes e educação física e traz um incentivo à expansão do ensino em tempo integral.
As mudanças propostas serão agora levadas ao Congresso por meio de uma MP (medida provisória), para acelerar a tramitação legislativa. O texto da MP assinada por Temer provoca a maior alteração já feita na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996.
As mudanças terão implementação gradual nas redes de ensino dos Estados, a quem caberá definir a transição para o novo modelo. A expectativa do governo, no entanto, é ter turmas já com a nova proposta a partir de 2018. O novo modelo irá prever flexibilização do percurso do estudante. Hoje, todos os alunos do ensino médio devem cursar 13 disciplinas em três anos. Com a mudança prevista na MP, somente parte da grade - equivalente a cerca de 1 dos 3 anos da etapa - será comum a todos. Para o restante, haverá a opção de aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.
Ao aluno caberá a escolha da linha na qual deseja se aprofundar. Mas a oferta dessas habilitações dependerá das redes e das escolas. Ao menos duas áreas, entretanto, devem ser oferecidas. O ensino de língua portuguesa e matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio. Mas, ao contrário do que previa a LDB, as disciplinas de artes e educação física deixam de ser obrigatórias nessa etapa. Elas continuam obrigatórias apenas da educação infantil ao ensino fundamental.
O secretário de educação básica, Rosseli Soares da Silva, no entanto, nega a mudança. Segundo ele, as duas disciplinas devem fazer parte da base nacional comum. O texto da MP, no entanto, retirou as duas disciplinas do texto anterior da LDB nos trechos sobre o ensino médio.
"Tudo o que constar na base nacional será obrigatório. A diferença é que quando coloca a (oportunidade de escolher) ênfases, só colocamos os alunos que têm interesse em seguir naquelas áreas. Vamos sugerir o aprofundamento. Não adianta queremos ensinar tudo a todos enquanto as habilidades e competências individuais são diferentes", disse.

'FALÊNCIA'
Em discurso no Palácio do Planalto, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), disse que a reformulação ocorre diante de um cenário de "falência do atual ensino médio", com baixo desempenho em avaliações como o Ideb e altos índices de evasão. "O desempenho de português e matemática é menor hoje do que em 1997. Os jovens hoje têm menor conhecimento em matemática e português do que na década de 1990", afirma.
Segundo ele, uma comparação com o sistema aplicado em outros países mostra que o Brasil está hoje "na contramão do mundo". "Temos aí um exemplo do que é o ensino médio brasileiro, com 13 disciplinas obrigatórias, bastante engessado e que coloca o jovem com disposição de não continuar na vida educacional", disse. "O novo ensino médio tem como pressuposto principal a autonomia do jovem. É muito comum o jovem colocar que aquela escola não é a escola que dialoga com ele."
Segundo o ministro, o governo deve investir de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão em dois anos no projeto de fomento ao ensino integral no ensino médio.
Já a meta é atender 500 mil jovens nessas escolas de tempo integral até 2018. "Teremos a responsabilidade de mais do que dobrar o número de alunos beneficiados", afirma ele, que também disse esperar que o texto da MP seja votado na Câmara e Senado até o fim deste ano.
O país registra 1,7 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola - 16% da população nessa faixa etária, que seria a ideal para o ensino médio.

INTEGRAL
De acordo com o texto da medida provisória, a carga horária mínima de 800 horas anuais para a etapa deve ser ampliada progressivamente para o mínimo de 1.400 horas anuais. Isso representa 7 horas de aulas por dia, o que caracteriza a educação em tempo integral. O texto afirma que essa ampliação deve seguir as metas já dispostas no Plano Nacional de Educação (PNE). A previsão do PNE é ter, até 2024, ao menos 25% dos alunos de cada etapa de ensino em tempo integral.
Folhapress/folha de londrina

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