Municípios maiores perdem participação no PIB

Em 2014, os principais municípios do Paraná perderam participação no Produto Interno Bruto (PIB) do País. Apenas Ponta Grossa apresentou crescimento, segundo o estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgado nesta quarta-feira (14). Londrina, que havia figurado como a 43ª cidade mais rica do País em 2013, passou para o 50º lugar ao ter sua participação no PIB nacional reduzida de 0,300% para 0,274%.Essa retração fez a cidade atingir o pior PIB per capita entre os principais municípios do Estado naquele ano: apenas R$ 29.136 por londrinense.
Em valores absolutos, o PIB total da cidade foi de R$ 15,8 bilhões em 2014, pouco abaixo dos R$ 15,9 bilhões do ano anterior. Mas, como o IBGE não utiliza deflator para calcular o indicador dos municípios, essa comparação não é a melhor.
Permanecendo como a quinta cidade mais rica do País, Curitiba apresentou um PIB de R$ 78,8 bilhões, mas viu sua participação no bolo nacional cair de 1,496% para 1,365%. Já a participação de Maringá, com PIB de R$ 14,2 bilhões, diminuiu de 0,259% para 0,246%.
Ao contrário, a participação de Ponta Grossa no bolo nacional aumentou de 0,193% para 0,201% em 2014, quando a cidade chegou a um PIB de R$ 11,5 bilhões. Cascavel apresentou estabilidade (ver quadro). Municípios da Região Metropolitana de Londrina como Rolândia (0,037% para 0,040%), Ibiporã (0,037% para 0,039%) e Arapongas (0,072% para 0,074%) apresentaram aumento de participação.
INTERIORIZAÇÃO
"Existe um fenômeno no Paraná que é de desconcentração da riqueza na Região Metropolitana de Curitiba. Ela está indo mais para o interior", afirma Francisco Castro, diretor de Estatísticas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Segundo ele, o agronegócio, principalmente a agroindústria, tem levado desenvolvimento para determinadas regiões, o que explicaria, por exemplo, o fato de Cascavel não ter perdido participação no PIB. Ele ressalta que o câmbio em 2014 ajudou as exportações do setor.
De acordo com Castro, o fato de várias indústrias terem se instalado em Ponta Grossa, nos últimos anos, explica o crescimento do PIB da cidade.
O prefeito Alexandre Kireeff (PSD) também afirma que a interiorização da riqueza no Paraná está relacionada com a agricultura. E que Londrina tem foco nos serviços e, por isso, não vem se aproveitando desse processo. "A gente vê que os municípios que mais cresceram em 2014 foram os vinculados ao agronegócio e à indústria do Petróleo", declara.
Kireeff também argumenta que em 2013 o crescimento de Londrina havia sido o maior entre os principais municípios do Estado. "Por isso, é normal uma acomodação no ano seguinte." Naquele ano, o PIB do Município havia sofrido, entre outros fatores, o impacto da inauguração de novos shoppings.
De acordo com Kireeff, a tendência para 2015 e 2016 é a de Londrina passar à frente de outros municípios do Paraná que têm a economia mais focada na indústria. "Essas cidades estão sofrendo mais com a crise."
PER CAPITA
Em 2014, Londrina ficou em último lugar no ranking dos PIBs per capitas das grandes cidades do Estado. A divisão do bolo geral pelo número de habitantes resultou num valor de R$ 29.136 por londrinense. Em Cascavel, esse indicador foi de R$ 29.761; em Foz do Iguaçu, de RE 33.079; em Ponta Grossa, de R$ 34.670; em Maringá, de R$ 36.337; em Curitiba, de R$ 42.315; em Araucária, de R$ 65.153. O maior PIB per capita do Estado era o de São José dos Pinhais: R$ 79.268.
Nelson Bortolin
Reportagem Loca/FOLHA DE LONDRINA
Reportagem Loca/FOLHA DE LONDRINA