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Domínio da uva em Rosário do Ivaí

"Trabalho mais, mas meu padrão de vida melhorou. Foi o que me trouxe de volta à roça", diz Reginaldo de Souza Lalau confirmando a satisfação com a produção de uvas

Considerado o fruto dos deuses desde o Império Romano, a uva garante ao pequeno município de Rosário do Ivaí, a 172 km de Londrina, a chance de expandir domínios sobre o mercado de sete estados brasileiros. A cidade é a capital estadual da uva niágara, variedade de mesa mais popular do País, além de ter condições de fazer a colheita antes do Natal, período de grande consumo do produto, e de ter duas safras ao ano. 

Com 5.298 habitantes, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rosário do Ivaí tem clima e condições de solo mais propícias para a cultura da niágara do que outras cidades do Estado e do País. Engenheiro agrônomo e consultor em viticultura, Werner Genta conta que a região sofre menos com o frio do inverno do que Jundiaí (SP), por exemplo, e tem solo mais arenoso e que favorece o escoamento de água do que Marialva, capital da uva fina do Paraná. "Eles também conseguem colher um pouco antes do Natal, época em que quase não se encontra uva niágara no mercado", diz. 



O resultado é uma produção estimada em 2,250 mil toneladas para o ano, com custo de produção até quatro vezes menor do que a rentabilidade por quilo (kg), de acordo com a Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros de Rosário do Ivaí (Apri). Isso somente entre os 155 produtores do grupo, que abrangem uma área de 150 hectares (ha). Saldo financeiro que se torna um atrativo para os agricultores familiares da região, que conseguem uma renda mensal de até no mínimo dois salários mínimos em uma propriedade de 1 ha. "Aqui tem muito produtor de leite e de tomate também, mas é a mais forte para o pequeno", diz o presidente da Apri, Juvenal Braz da Silva. 

Outro segredo da força da uva niágara na região é justamente a formação da Apri. Criada em 2000 por Silva e outros produtores, o grupo compra todos os insumos juntos para negociar um preço menor, divide custos de transporte e oferece escala para revendedores. Há ainda dois tratores e implementos disponíveis para a pulverização de produtos. "O produtor tem a obrigação de ajudar a carregar a carga e acompanha a venda, que é feita por uma equipe que recebe uma comissão", diz Silva. 

A produtividade média deve fechar o ano de 2016 em 15 toneladas por hectare (t/ha), mas com resultados que chegam a até 33 t/ha e a qualidade é considera muito boa por Genta. "O trabalho da associação merece uma nota de 8,5 a 9, mas ainda dá para melhorar. Boa parte dos produtores fazem hoje análise de folhas e começaram a fazer aplicação adequada de produtos", diz o consultor, que é de Marialva e é contratado para orientar o grupo rosariense. Condições que atraem compradores dos mercados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. 

Além das características de clima e solo, a organização dos produtores na associação favorece os ganhos, diz Juvenal Braz da Silva presidente da Apri
Além das características de clima e solo, a organização dos produtores na associação favorece os ganhos, diz Juvenal Braz da Silva presidente da Apri


CRESCIMENTO 
Mesmo frente a problemas climáticos ou de calotes devido à crise econômica, o presidente da associação considera que é possível ter lucro. Silva lembra que houve aumento no número de cheques sem fundo que a Apri recebeu nos últimos dois anos, em parte pela dificuldade financeira de intermediadores. Para piorar a situação, a doença conhecida como podridão da uva madura e o excesso de chuvas fez com que a produção fechasse 2015 em 9 t/ha. "Posso dizer que o que recebemos no ano retrasado não era para se festejar, mas deu para cobrir os custos e sobreviver", conta. As condições normais de clima principalmente para a safra de fim de ano fizeram com que a produtividade aumentasse 66%, para 15 t/ha em 2016. 

FONTE - Fábio Galiotto
Reportagem Local - FOLHA DE LONDRINA

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