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Veto dos EUA a imigrantes e refugiados atingirá também quem possui 'green card'

O departamento de Segurança Domésticados Estados Unidos informou neste sábado (28) que irá estender a restrição à entrada de imigrantes também aos estrangeiros que tenham autorização de residência permanente no país, os chamados “green cards”. Na sexta (27), o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva com “novas medidas de veto” a pessoas de sete países de maioria muçulmana que desejam entrar no território americano.
A restrição imposta por Donald Trump, válida por 90 dias, atinge pessoas que tenham nascido no Iraque, Iêmen, Síria, Irã, Sudão, a Líbia e Somália. Além disso, o plano seria suspender o programa americano de refugiados por 120 dias. Em retaliação, o Irã anunciou neste sábado que vai aplicar a reciprocidade e proibirá a entrada de americanos durante esse período.
O decreto firmado por Trump não bloquearia de forma imediata a entrada de refugiados, mas estabeleceria barreiras para a concessão de vistos, de acordo com a France Presse. No ano fiscal de 2016 (1º de outubro de 2015 a 30 de setembro de 2016), os Estados Unidos admitiram em seu território 84.994 refugiados, de diversas nacionalidades, incluindo 10 mil sírios. A intenção do novo governo é reduzir drasticamente este número, o que no caso dos sírios pode chegar a 50%.

Green card

Os vistos permanentes concedidos pelos EUA, ou green cards, permitem que imigrantes permanecerem no país sem as restrições de outros vistos e concedem a eles alguns direitos de um cidadão norte-americano.
Os seus detentores podem sair do país e voltar a ele sem que tenham de renovar o documento. Eles só não podem se ausentar dos EUA por mais de um ano ou por longos períodos sucessivos.
Neste sábado, Gillian Christense, porta-voz do Departamento de Segurança Doméstica, afirmou à agência de notícias Reuters que “isso [o decreto de Trump] irá barrar os detentores de ‘green cards’”, em referência aos Cartões de Residência Permanente nos Estados Unidos.
Mulher aguarda família chegar no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, neste sábado (28)  (Foto: Andrew Kelly/Reuters)Mulher aguarda família chegar no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, neste sábado (28)  (Foto: Andrew Kelly/Reuters)
Mulher aguarda família chegar no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, neste sábado (28) (Foto: Andrew Kelly/Reuters)

Barrados em aeroportos

Um dia após a proibição da entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países de maioria muçulmanas, a imprensa relatou incidentes envolvendo estrangeiros. As autoridades americanas começaram a implementar a ordem do presidente Donald Trump para impedir a entrada de muçulmanos poucas horas depois da assinatura da ordem de Trump, segundo a France Presse.
Ainda na sexta-feira (28), dois iraquianos foram detidos após ao chegar em Nova York, apesar de terem sido autorizados legalmente a entrar no país, de acordo com a CNN.
Advogados de várias organizações de imigrantes e da União Americana pelas Liberdades Civis entraram com ações em uma corte federal no Brooklyn em nome dos iraquianos, um deles ex-funcionário do governo dos EUA e o outro marido de uma ex-funcionária na área de segurança norte-americana, segundo a Reuters. Um deles foi admitido neste sábado, segundo a Reuters.

Desafio legal

A administração Trump enfrenta agora uma batalha legal. Advogados pró-imigração em Nova York entraram com ações judiciais pedindo a suspensão do bloqueio, alegando que inúmeras pessoas haviam sido detidas ilegalmente.
A medida do governo americano causou revolta em turistas árabes no Oriente Médio e no norte da África, que alegaram humilhação e discriminação. E foi duramente criticada por aliados dos EUA no Ocidente, como França e Alemanha, além de grupos árabes-americanos e organizações de direitos humanos, segundo a Reuters.

Refugiados

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados e Organização Internacional para as Migrações (OIM) criticaram a medida do Trump. A ONU fez um apelo ao presidente Trump para que prossiga com a tradição de recepção aos refugiados e que não faça distinções de raça, nacionalidade ou religião.
A medida de Trump que atinge diretamente cidadãos vindos de países devastados pela guerra, como Iraque, Síria, Iêmen e Líbia, está causando pânico entre refugiados, segundo a BBC. No caso dos sírios, o veto é válido indefinidamente.
Trump afirma que a intenção é "manter terroristas radicais islâmicos fora dos Estados Unidos". Grupos de direitos humanos condenaram o veto, dizendo que não há, por exemplo, ligações entre os refugiados sírios nos EUA e o terrorismo.
Durante o estabelecimento do sistema de verificação de vistos, algumas exceções devem ser registradas em favor de pessoas pertencentes a "minorias religiosas", o que deve favorecer principalmente os cristãos, segundo a France Presse.

Críticas

O Comitê Internacional de Resgate (IRC) criticou a decisão de Trump em dificultar a entrada de refugiados nos EUA. "Na verdade, os refugiados estão fugindo do terror, eles não são os terroristas", disse o presidente, David Miliband.
Segundo o comitê, o processo atual para que um refugiado seja acolhido pelos Estados Unidos pode levar até 36 meses e envolve análises que chegam a um scanner biométrico. Um candidato é submetido a avaliação de 12 a 15 agências governamentais antes de ter sua entrada autorizada e todo o processo é acompanhado pelo Departamento de Segurança Nacional dos EUA.
A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014, divulgou através de sua fundação um comunicado no qual diz estar "de coração partido" pela ação de Trump.
"Estou de coração partido porque hoje o presidente Trump está fechando as portas para crianças, mães e pais que fogem da violência e da guerra. Estou de coração partido porque a América está voltando suas costas a um orgulhoso histórico de dar boas-vindas a refugiados e imigrantes - as pessoas que ajudaram a construir seu país, prontas a trabalhar duro em troca de uma chance justa de uma vida nova", diz o texto.
FONTE - GLOBO.COM

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