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Cooperativismo pode garantir sobrevivência no campo

A organização coletiva é uma das soluções para a sobrevivência do pequeno produtor rural em um cenário de mercado competitivo e que marginaliza os menores. O cooperativismo permite que esse agricultor dispute mercado com produtores maiores. Essa solução foi apontada pelo pesquisador e cientista social Zander Soares Navarro, da Secretaria de Inteligência e Macroestratégia da Embrapa, durante evento promovido pelo Sindicato Rural Patronal de Londrina, na 57ª ExpoLondrina.

Navarro diz que o problema social no campo mudou ao longo dos anos. Pouco tempo atrás, tratava-se da distribuição de terra. Hoje a questão é saber qual a proporção de pequenos produtores rurais vai que sobreviver no campo. O censo rural mostra que há 5.179 milhões de estabelecimentos rurais no País, sendo que 3,5 milhões são de agricultura familiar.

"Um produtor individualmente pode fazer uma embalagem e vender seu produto mais caro, mas isso não vai mudar realmente a renda líquida anual da família rural. Se ele estiver organizado será capaz de ter uma pequena fábrica para fazer algum processamento. A agregação de valor pode ser maior", afirmou o pesquisador.

Com a organização coletiva é possível ter "um horizonte mais seguro de renda. Permite um cálculo econômico de fazer um investimento já pensando em que quando terminar um contrato você precisa estar preparado para enfrentar uma nova situação de negociação".

De acordo com o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinatti, falta uma mentalidade associativista para os pequenos produtores rurais. "Os agricultores ainda são muito individualistas. Reticentes. Falta conhecimento da vantagem de fazer o associativismo", comentou.

O presidente afirmou que produtor precisa buscar mais informação para perceber as vantagens de se organizar. "A impressão que ele tem é que o cooperativismo é uma coisa ruim. Mas é o contrário, dentro de uma cooperativa você vai regularizar preço de diversas atividades. Ele precisa se informar mais sobre isso", disse.

Na região de Londrina, 76% dos produtores são pequenos com propriedades de até 50 hectares. "A maioria é de famílias donas de granjas com atividades como aves, suínos, leite. Os outros são assentamentos de hortigranjeiros. Essa maioria já tem um comércio definido. Entrega o leite para uma cooperativa, o frango é de integração, por exemplo. Mas os produtores dos assentamentos têm uma dependência maior do mercado, pois comercializam em feiras e no Seasa", ressaltou o presidente.

Além do cooperativismo, o agricultor também precisa pensar na produtividade e estar aberto a novas tecnologias. "Se ele não se municiar de uma capacidade tecnológica para entrar no mercado nas mesmas condições dos grandes não terá chance", afirmou Navarro.

Outro aspecto importante e que passa por uma mudança de comportamento é a ação política. Os pequenos produtores precisam unir forças e defender seus direitos. "Os pequenos na história brasileira sempre tiveram debilidade organizacional. Sempre foram dominados pelos grandes do campo. Sempre foram subordinados e não desenvolveram a capacidade de agir politicamente. Se emancipar dessa história de subordinação é difícil. Isso precisa ser quebrado. Há confusão entre luta política e luta partidária", afirmou o pesquisador."

Um quarto ponto essencial para a sobrevivência é a organização administrativa do estabelecimento rural. "Se você não tiver precisão sobre o que está gastando, o quanto vai ganhar, preço de venda. Se não controlar a administração com competência e precisão, você vai se enfraquecendo", ressaltou.
Aline Machado Parodi
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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