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VIOLÊNCIA - Defesa de guarda municipal alega problemas psicológicos

A defesa do guarda municipal Ricardo Leandro Felippe vai alegar que ele sofria de transtornos psicológicos e fazia uso de remédios para tratamento de um quadro depressivo. Felippe, de 39 anos, é suspeito de duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio e roubo. Segundo a polícia, na segunda-feira (3), ele matou a sócia da sua companheira, o filho de 16 anos de uma ex-namorada e feriu a tiros outros quatro familiares dela. Para se deslocar entre os locais dos crimes e fugir da cidade, ele roubou três veículos. O guarda municipal foi preso na manhã de terça-feira (4), em Maracaí (SP), e nesta quarta-feira foi apresentado na 10ª Subdivisão Policial de Londrina.
Felippe não quis falar com a imprensa, mas segundo seu advogado, Luca Carrer, o guarda municipal sofre de depressão, faz uso de medicamentos para tratar a doença e o problema de saúde teria colaborado para desencadear os crimes. "Ele era medicado. Até mesmo na data do fato ele estava afastado (de suas funções na Guarda Municipal). Queremos ter uma resposta da Guarda Municipal para saber qual foi o procedimento que eles fizeram para afastá-lo. E teve afastamentos anteriores a esse."
O afastamento a que se refere Carrer aconteceu depois que uma decisão judicial expedida no último dia 17 de março determinou a restrição de Felippe ao uso de arma de fogo. A medida foi motivada por denúncias de ameaças feitas ao Ministério Público por Rachel Espinosa, a ex-namorada do guarda municipal que teve o filho morto na segunda-feira. De acordo com o secretário municipal de Defesa Social, Evaristo Kuceki, Felippe teria ficado bastante revoltado com o fato de só poder utilizar a arma durante o expediente e por conta disso teria se afastado do trabalho.
O advogado de Felippe já havia pedido a reversão da medida judicial. "O Ricardo é um agente da segurança pública, já realizou diversas apreensões, conhece marginais, vive nesse meio. Ele estava sentindo a segurança dele e da família dele em risco. Naquele momento a gente precisava dar um respaldo a ele", explicou Carrer.

AFASTAMENTO 
Na terça-feira, Kuceki informou que o guarda municipal teria apresentado um atestado médico para justificar seu afastamento, mas ontem a informação foi corrigida. Segundo o Núcleo de Comunicação da Prefeitura, ele permaneceu afastado de suas funções por cerca de dez dias alegando problemas de saúde, mas só deveria apresentar o atestado médico após o retorno às atividades, o que aconteceu na segunda-feira, quando ele voltou à Guarda Municipal, bateu o cartão ponto, pegou a arma e deixou a corporação para cometer os crimes. Ele teria cinco dias úteis para apresentar o atestado.
O advogado não soube explicar qual teria sido a motivação para os crimes, mas disse que seu cliente está "bastante arrependido". "É muito cedo para falar alguma coisa. Vamos ter acesso ao inquérito agora", disse Carrer, ressaltando que Felippe sempre foi um "excelente profissional".
O delegado-chefe da 10ª SDP, Osmir Neves, disse que o guarda municipal deverá responder pela prática de dois homicídios, quatro tentativas de homicídio e três roubos, com o agravante de motivo fútil e sem chance de defesa às vítimas. Em depoimento informal, relatou o delegado, Felippe teria associado os crimes ao consumo de remédios que teriam feito com que ele perdesse a capacidade de compreensão da realidade. "Vamos aguardar o interrogatório formal e a apresentação da versão dele."
Felippe deveria ser interrogado nesta quarta-feira e o delegado também esperava ouvir a atual companheira e a ex-namorada e algumas vítimas eram aguardadas para fazer o reconhecimento. Após o interrogatório, o guarda municipal deveria ser encaminhado à Central de Flagrantes, que funciona junto ao 4º Distrito Policial, onde deveria permanecer até a sua remoção para uma unidade prisional.
A Polícia Civil deve solicitar algumas medidas para preservação da integridade física do acusado, conforme prevê a legislação para os casos de crimes praticados por agentes de segurança. "A segregação dos demais detentos para indivíduos que trabalham na persecução criminal é prevista no Código Penal para que se inviabilize algum tipo de tentativa contra a vida dele", esclareceu Neves. O prazo de conclusão do inquérito é de 30 dias.
Na manhã desta quarta, um membro da Guarda Municipal que estava presente na 10ª SDP e se identificou como assessor de imprensa da corporação corrigiu a informação de que Felippe seria instrutor de tiro. O guarda municipal atuava como instrutor de técnicas operacionais.
Simoni Saris
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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