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CORNÉLIO PROCÓPIO - Como crescer na crise

A Du Gab ampliou sua área industrial este ano e vende cerca de 40 mil quilos de pão de queijo por mês


Cornélio Procópio – A crise econômica atingiu vários setores do mercado brasileiro, inclusive no Norte Pioneiro, porém, algumas empresas mostram que investimentos em melhoria de produtos, inovação tecnológica e um bom planejamento de gastos, podem ajudar a burlar as dificuldades e ampliar o crescimento. Dois bons exemplos são encontrados em Cornélio Procópio: a pequena indústria de congelados Du Gab, que ampliou sua área industrial este ano e vende cerca de 40 mil quilos de pão de queijo por mês; e a Perland Pharmacos, que fabrica creme dental de alta qualidade, ampliando seu faturamento em 30% nos últimos 12 meses.

Poucos sabem, mas é fabricada em Cornélio Procópio uma das pastas de dente mais recomendadas por profissionais de odontologia: a Trihydral. Mais do que um produto de higiene, a pasta é comercializada como fármaco, em função de sua alta eficácia no tratamento de gengivites, sangramentos, hipersensibilidade, melhorando o hálito e lesões bucais.

A pasta de dente e o enxaguante bucal antisséptico da empresa têm como base a cloramina-T. "Esse composto acaba com a placa bacteriana que fica logo abaixo da gengiva, onde os produtos comuns não alcançam", explica o idealizador do produto, o dentista procopense Flávio Landi. A pasta tem sido recomendada até para pessoas em tratamento de câncer. "A quimioterapia reduz a imunidade. E uma das áreas com maior concentração de bactérias é a boca, por isso é lá que costumam aparecer os primeiros problemas. Como nossa pasta tem mais eficácia contra a placa bacteriana, tem sido bastante recomendada a esses pacientes também".

Landi conta que teve a ideia no ano 2000, em função de dificuldades que sentia em indicar aos seus clientes remédios voltados exclusivamente aos problemas bucais. "Há uma necessidade de fórmulas mais específicas. Pesquisando em sebos, literatura antiga, encontrei um remédio que os antigos usavam, antes dos antibióticos: a cloramina-T".

Ele iniciou então sua jornada pelas universidades da região, em busca de parceiros para aprofundar sua pesquisa. "Professores de Londrina me colocaram em contato com a USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto. Lá eles aceitaram a proposta e iniciamos as pesquisas em 2002, que duraram cinco anos".

O projeto ganhou repercussão acadêmica e, em 2006 o dentista iniciou a entrada no mercado. "Foram 18 meses até obter a licença da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fabricação e outros 18 meses para registro do produto".

A fabricação iniciou em 2007 e desde então, mesmo sem divulgação massiva em meios de comunicação, e com um preço cinco vezes superior ao das pastas de dente comuns, o produto vem ganhando mercado dia a dia. "Iniciamos cobrindo a região e arredores. Estamos hoje presente no Distrito Federal, Rio Grande do Sul e expandindo para Santa Catarina e São Paulo". As vendas também são feitas pelo site da empresa a todo o Brasil.

O trabalho deu resultados: o dentista largou o consultório e trouxe mais um familiar, Flávio Landi Filho, formado em Economia pela faculdade Mackenzie (SP), para atuar exclusivamente na parte administrativa.

Segundo Filho, em períodos de crise, a alternativa foi manter a alta qualidade do produto, procurando negociar preços (tornando-o mais acessível ao mercado) e economizar no processo de produção. "Fazemos contratações temporárias de funcionários. Produzimos grande quantidade e estocamos, para evitar gastos desnecessários. A estratégia, combinada a ações diferenciadas de marketing, vem dando bons resultados e assim planejamos aumentar a produção. Acabamos de lançar também um novo enxaguante bucal, com as mesmas características, mas com própolis".

Economia no processo de produção, evitar gastos desnecessários e ações de marketing têm permitido o crescimento da indústria de creme dental
Economia no processo de produção, evitar gastos desnecessários e ações de marketing têm permitido o crescimento da indústria de creme dental


RECEITA MINEIRA
A Du Gab, localizada perto do monumento Cristo Rei, em Cornélio Procópio, é uma empresa de pães de queijo congelado. A produção iniciou há 13 anos, de forma artesanal, quando o casal de professores Edivaldo de Sousa Pires, 44 anos, e Patrícia de Oliveira Pires, 43 anos, iniciaram os trabalhos na própria residência, no Conjunto Vitor Dantas. "Sempre sonhei em ter meu negócio. Naquela época também precisávamos complementar a renda familiar. Lembrei então de uma receita de pão de queijo que havia aprendido com um amigo mineiro. O nome da empresa veio em homenagem ao nosso filho, Gabriel. Começamos a vender e desde então só crescemos", conta Edivaldo Pires.

O casal deixou de lecionar há oito anos para se dedicar exclusivamente à empresa. O primeiro barracão para produção industrial foi inaugurado em 2007, e no início deste ano a nova área foi inaugurada, com mil m² e 22 funcionários. "Compramos uma empacotadeira. Atendemos todo o Norte do Paraná e Sul de São Paulo. Entramos no mercado de Londrina há três anos, e já competimos com as marcas tradicionais. Hoje 50% da nossa produção é voltada para Londrina", diz Pires.

O foco da empresa são panificadoras, lojas de conveniência e lanchonetes, mas há planos para ampliação. "Vamos lançar outros três produtos em breve, e estamos estudando a entrada nos supermercados", conta o administrador da empresa.

Pires afirma que os segredos para burlar as dificuldades econômicas que o País tem vivido são investimento em qualidade e gestão. "Usamos queijo parmesão e meia cura, os dois vindos de Minas Gerais. Nosso diferencial é a qualidade", afirma. Segundo ele, a crise deixou ensinamentos. "Aprendi a importância da administração: controle de qualidade, procurar os melhores fornecedores e negociar preços, diminuir custos, conscientizando funcionários a economizar no momento da fabricação, desde ingredientes à energia elétrica".

'Buscar vantagem competitiva é essencial'
Cornélio Procópio - Segundo o consultor do Sebrae em Cornélio Procópio, Diego Shiinoki, em tempos de crise econômica, os empresários precisam aprimorar os negócios. "Importante renegociar preços e prazos com os fornecedores, analisar o mix de produtos, com atenção ao de maior valor agregado, planejar as ações e saber correr riscos calculados. O que não pode é se conformar e ficar esperando a crise passar."

Segundo ele, por maior que seja a retenção de dinheiro, a exigência pela qualidade continua alta. "Buscar vantagem competitiva é essencial, e uma das alternativas é a inovação, que pode ser trabalhada desde a eficácia na linha de produção até a idealização de produtos que atendam necessidades específicas do mercado." Outra alternativa é criar novas abordagens com clientes, como canais de comunicação digitais, seja uma página na internet, redes sociais ou aplicativo.

Para o consultor, Cornélio Procópio está desenvolvendo o empreendedorismo com ativos como a incubadora da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e outras instituições de ensino, voltadas para a produção de tecnologia, e o Codep (Conselho de Desenvolvimento Econômico de Cornélio Procópio), onde lideranças discutem ações para tornar o município mais atrativo economicamente. Um estímulo recente é o Programa Cidade Empreendedora do Sebrae, que promove ações voltadas às micros e pequenas empresas que pretendem atuar em licitações públicas, capacitação a empreendedores individuais, entre outras ações. "A cidade está oferecendo ambiente para que se forme um ambiente empresarial mais dinâmico", diz Shiinoki. (R.P.)
Rubia Pimenta
Especial para a FOLHA DE LONDRINA

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