[Fechar]

Últimas notícias

Após produção recorde, expectativa para a safra 2017/18 é de redução de 8% no volume

Tendência é de redução de 33% na área plantada da primeira safra de milho e aumento de 3% na de soja


A temporada de plantio de grãos de verão no Paraná para a safra 2017/18 começa neste mês, com expectativa de redução de 8% no volume em relação ao ciclo passado. Apesar da queda, o movimento representa um ajuste depois de um ano em que as condições climáticas foram consideradas ótimas, com produtividade acima da média. Os números divulgados pelo Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), porém, levam em consideração as médias históricas. 

Outro fato de preocupação para a próxima safra é a possibilidade de retorno do fenômeno climático La Niña, que tende a tornar irregular a incidência de chuvas, com períodos maiores de estiagem, principalmente para o último trimestre. Por isso, especialistas afirmam que o agricultor pode reduzir riscos de perdas por meio do escalonamento do plantio, para evitar que todo o desenvolvimento ocorra na mesma época e sob o mesmo período climático.

Conforme o Deral, serão 23,1 milhões de toneladas na nova safra, ante 25,3 milhões na passada. Vale lembrar que o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), divulgado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e aliado ao vazio sanitário estabelecido pela Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), permitirão que o plantio de soja no Estado comece a partir do dia 11.

A tendência é de redução de 33% na área plantada da primeira safra de milho, aumento de 3% na de soja e manutenção para o feijão de primeiro ciclo. Porém, mesmo com o aumento de 5,2 milhões em 2016/17 para 5,4 milhões de hectares em 2017/18, a produção de soja deve recuar 2%, para 19,5 milhões de toneladas. Isso porque as condições de clima foram excepcionais no verão anterior e dificilmente serão repetidas, conforme o Deral.

Os baixos preços do milho, por outro lado, levarão à redução de 513 mil para 344 mil hectares na primeira safra. Ao mesmo tempo, significará uma produção 37% menor, de 4,9 milhões para 3 milhões de toneladas. Movimento que se justifica porque a saca passou de R$ 35 em agosto do ano passado para R$ 18 no mês passado, ou 49% a menos.
Professor de economia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e da FAE, Eugenio Stefanelo afirma que os preços do milho giram em torno de R$ 18, próximo do custo de produção. "Mesmo que cheguemos a exportar 30 milhões de toneladas de milho, ainda deve sobrar cerca de 20 milhões em estoque para o primeiro semestre de 2018, então estamos abastecidos", diz. "Para a segunda safra, se os preços reagirem, podemos ter a mesma área plantada do que no ano passado. Senão, vai reduzir a área de novo", completa.

Para Stefanelo, a vantagem é que os custos de insumos também diminuíram neste ano, o que evita que as margens fiquem comprimidas no caso da sojicultura. Porém, ele lembra que os Estados Unidos já apresentam safra cheia para o grão e que apenas uma quebra muito significativa no Brasil e na Argentina poderia alterar o cenário de preços internacionais. "Ou uma grande alteração na taxa de câmbio, o que não é uma tendência", cita.



CLIMA
A meteorologista Ângela Beatriz Costa, do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), afirma que aumentaram os riscos climáticos no Estado. "Os últimos relatórios apontam para o resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial, e isso indica a possibilidade de La Niña no fim deste semestre", conta. A tendência ainda gira em torno de 25%, com predominância de neutralidade, diz Ângela. Porém, Stefanelo alerta que os últimos meses já apresentam sinais do fenômeno, como chuvas irregulares e períodos mais longos de seca. "O que aconselhamos aos produtores é que façam o escalonamento do plantio para evitar que toda a safra esteja em desenvolvimento na mesma época", diz o professor.

FEIJÃO
Para o feijão, a produção deve aumentar de 368 mil para 377 mil toneladas, ou 3% a mais. Mesmo com preços até 75% mais baixos, a cultura passa a ter remuneração mais adequada ao mercado, depois de um período de desabastecimento que fez com que os valores disparassem. E, de acordo com o técnico do Deral, Marcelo Garrido, muitos produtores apostam no plantio precoce do feijão das águas, para dar tempo de plantar a soja mais tarde.

Deral revisa recorde com revés no trigo

O Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) revisou de 42 milhões para 40 milhões de toneladas a previsão para toda a safra 2016/17 de grãos. Períodos de seca e geadas comprometeram, principalmente, os produtos de inverno, que têm no trigo o carro-chefe.

Como as lavouras do grão estão em fase de floração e frutificação, ainda há monitoramento sobre eventuais problemas climáticos. Mesmo assim, o volume deve ser recorde no Paraná, acima dos 38 milhões de toneladas da safra 2014/15.

Os técnicos do Deral estão desde a segunda-feira, 4,, no Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), em Londrina, para debater as tendências para a próxima safra. Eles avaliam alterações na apuração de informações de um dos principais produtos do órgão, que é a o preço de terras agrícolas, assim como fizeram, em Curitiba, nos últimos dias 29 e 30.
Fábio Galiotto
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

Nenhum comentário

UA-102978914-2