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Mais de 90% dos paranaenses acessam a internet pelo celular

Dois terços dos paranaenses (67,2%) tinham acesso à internet em 2016, sendo que quase a totalidade (93,5%) acessava a rede mundial de computadores por um objeto cada dia mais presente em suas vidas: o telefone móvel. Cerca de 80% dos paranaenses possuem um celular para uso pessoal, e 78,7% têm acesso à web por meio dele. Para 27,1% dos paranaenses, inclusive, o acesso à internet se dá exclusivamente pelo celular. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que divulgou nesta quarta-feira (21) a Pnad Contínua - TIC 2016 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016: acesso à Internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal).

O estudante de direito Leonardo Delforté um exemplo que confirma o resultado da PNAD. Ele conta que tem computador em casa, mas o acesso se dá principalmente pelo celular. "Sempre que saio, ele está comigo. Fica mais fácil." Na sua casa, o comportamento se repete: todos têm celular e usam a internet pelo aparelho. O objetivo principal é usar as redes sociais e o WhatsApp.

O uso da internet para envio e recebimento de mensagens de texto, voz ou imagens por diferentes aplicativos é quase unânime: 92,3% dos paranaenses utilizam a web com esta finalidade, segundo o estudo do IBGE. Em seguida vêm assistir a vídeos, como programas, séries e filmes (76,6%), conversar por chamadas de voz ou vídeo (74%) e, por último, enviar ou receber e-mail (73,7%).

Jogos e vídeos são as atividades favoritas dos filhos do empreendedor Emerson Isaac, que têm cinco e sete anos, na internet. Mas no caso do pai, as redes sociais são um dos principais motivos para o uso da rede, até mesmo porque Isaac trabalha com vendas on-line, e as redes são uma importante ferramenta de relacionamento com os clientes. Mas uma coisa pai e filhos têm em comum: o celular é o meio mais utilizado para se conectar.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, os brasileiros estão usando a internet como uma forma de comunicação mais barata e alternativa às tradicionais ligações telefônicas. "Com WhatsApp e outro aplicativos, fica mais barato você passar uma mensagem para alguém, basta estar num guarda-chuva de Wi-Fi. A pessoa pode estar em outro Estado, em outro País. Facilita muito, isso aproxima as pessoas que estão distantes", lembrou Azeredo.

Anderson Coelho
Anderson Coelho - Emerson Isaac usa redes sociais pelo celular para conversar com clientes
Emerson Isaac usa redes sociais pelo celular para conversar com clientes


CONECTADOS

Para Luca Belli, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio, os dados da pesquisa do IBGE confirmam a tendência de aumento da conectividade de forma geral em todo o Brasil, embora mostre desigualdades relevantes em determinadas regiões do País, sobretudo o Nordeste. "Os dados de pobreza vão dialogar muito com esses dados de acesso à internet. Nos locais com menos domicílios com acesso à internet, o rendimento é menor, o grau de instrução da população é mais baixo, isso vai influenciar os resultados", lembrou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, durante divulgação do estudo.

Mas o aumento do uso da Banda Larga móvel também se confirma como principal meio de acesso à internet, comenta Belli. Na Região Norte, inclusive, chega a 51% a proporção de pessoas que se conecta exclusivamente pelo celular. "O acesso à internet via celular é especialmente importante para essas regiões Norte e Nordeste", disse Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.

Anderson Coelho
Anderson Coelho - Leonardo Delforté tem computador em casa, mas só utiliza mobile
Leonardo Delforté tem computador em casa, mas só utiliza mobile


Acesso franqueado e patrocinado

Apesar de a internet móvel contribuir para o acesso à internet em algumas regiões, o pesquisador Luca Belli, da FGV Rio, observa que a maioria das pessoas de menor renda têm acesso móvel franqueado e gratuito somente para alguns serviços patrocinados, como o WhatsApp. Isso pode explicar porque o envio e recebimento de mensagens de texto, voz e imagens por aplicativos é a principal atividade das pessoas na internet, diz Belli.

Na visão dele, é preciso avaliar se os brasileiros usam a web para trocar mensagens porque querem ou se porque essa é a sua única opção. Caso os aplicativos patrocinados fossem da área de educação, talvez o cenário fosse diferente, pondera o pesquisador. "Ainda melhor, se os preços fossem menos elevados e as franquias maiores", ele completa.

Belli acrescenta ainda que 41 milhões de brasileiros, ou 23% da população, não possuem um aparelho móvel para uso pessoal. "Se temos um País em que a maioria das pessoas tem acesso móvel, mas 41 milhões, ou 25% da população, não pode ter acesso móvel porque não tem o recurso para isso, é um novo tipo de discriminação, discrepância, desigualdade."

Na visão do pesquisador, são necessárias políticas públicas para aumentar o acesso da população a esse meio de conexão à internet, já que cerca de 40% do valor dos celulares é composto por tributos.

FOSSO DIGITAL

Boa parte dos desconectados afirmam, na pesquisa, que não acessam à internet por falta de conhecimento. No Paraná, o índice é de 37,6%. Esse é o caso de José Francisco de Campos que estava ao lado da esposa, Nilza Pereira, do carrinho de amendoim conhecido dos londrinenses na região central da cidade. Ela, atenta à tela do celular. "É para saber do cochicho do povo", brinca. O aparelho tem acesso à rede 4G e fica conectado às redes sociais e aplicativos de mensagens. Já Campos diz não acessar a internet por não saber como fazê-lo. Por causa da idade, ele diz já ter se "acomodado" e não ter mais vontade de aprender.

"É um fosso digital criado por falta de instrução", comenta Belli sobre a parcela da população que não se conecta à web por falta de conhecimento. Para ele, isso mostra "uma falta evidente de políticas públicas", lembrando que a internet é descrita no Marco Civil da Internet como essencial para o pleno gozo da cidadania.

Folha Arte
Folha Arte
Mie Francine Chiba
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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