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Nucria registra, em média, um crime por dia contra crianças e adolescentes

Lívia Pini, delegada do Nucria: "A denúncia pode ser feita ainda que seja só uma suspeita. É a partir daí que nós vamos apurar"


Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, o Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) registrou 70 boletins de ocorrência em Londrina. A quantidade de denúncias que chega ao conhecimento dos profissionais mantém a média de uma por dia já constatada pela equipe desde agosto do ano passado, quando teve início a elaboração da estatística mensal dos casos.

Segundo a delegada do núcleo, Lívia Pini, o número de boletins de ocorrência registrados na cidade está dentro da média esperada. Em Curitiba, por exemplo, foram contabilizadas 74 ocorrências no mês de fevereiro. Porém, dezenas de casos não são informados à Polícia Civil. "Os casos de violência mais comuns ainda são os que ocorrem na própria família. Não é comum que aconteça nas escolas, mas muitos relatos chegam às escolas e, algumas vezes, as escolas acionam o Conselho Tutelar. A denúncia pode ser feita ainda que seja só uma suspeita. É a partir daí que nós vamos apurar", destacou a delegada. Para ela, a atuação integrada entre secretarias municipais e órgãos públicos estimula as denúncias e reforça a rede de proteção.
Entre 1º de janeiro e 24 de outubro do ano passado, os casos de estupro de vulnerável registrados no Nucria de Londrina correspondiam a quase metade dos inquéritos em tramitação. Ao todo, 1.076 procedimentos estavam em andamento, sendo que 489 eram referentes a abusos sexuais na infância e na adolescência, ou seja, 45% do total.
Para aprimorar os canais de denúncia e reforçar o alerta sobre os sinais de violência contra crianças e adolescentes, a Secretaria Municipal de Educação promoveu uma capacitação voltada aos diretores das escolas e centros de educação infantil. O evento contou com a participação da promotora Susana Lacerda e de palestrantes que reforçaram a importância da atuação integrada no combate à violência. Aproximadamente, 5 mil professores participaram das capacitações anteriores.
A chamada Comce (Comissão de Casos Especiais), reativada em outubro do ano passado, também passou a receber denúncias. Segundo a gerente educacional de Apoio Especializado da Secretaria Municipal de Educação, Cristiane Sola, entre janeiro e outubro de 2017, apenas seis casos envolvendo os alunos haviam sido informados à secretaria. "De outubro a dezembro tivemos 12. Aumentou bastante porque, com a Comce, os profissionais das escolas se sentiram mais amparados para relatar os casos", destacou. A comissão é ligada à Secretaria de Educação e as informações podem ser repassadas anonimamente.
"Quando há a suspeita, é importante que o professor ou outro profissional da escola se aproxime do aluno e mantenha o sigilo sobre o caso. Quando o professor ganha a confiança da criança, ela acaba relatando os fatos. O professor precisa se manter calmo e pode pedir ajuda para o diretor da escola. O importante é agir com muita discrição", explicou Sola.
Mudanças no comportamento dos alunos como baixa concentração, transtornos de memória, fuga em um mundo de fantasia, distorções cognitivas, hipervigilância, constrangimento, medo, ansiedade, agressividade ou hostilidade estão entre os sinais apresentados pelas vítimas. O tema da violência é abordado em sala de aula por meio de materiais didáticos e literatura infantil, de acordo com a faixa etária de cada turma.
As suspeitas de abuso sexual contra crianças e adolescentes podem ser denunciadas por meio do telefone 3375-0274 (da Comissão de Casos Especiais) ou pelo e-mail edu.proteja @ londrina.pr.gov.br. Os casos também podem ser informados ao Disque 100 ou a representantes de órgãos como o Conselho Tutelar, o Nucria e o Ministério Público. "Só a denúncia faz cessar o abuso", afirmou a gerente educacional da secretaria.
Viviani Costa
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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