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Delegacia é interditada após fuga em massa e rebelião

Rebelião durou cerca de cinco horas e resultou na fuga de 26 presos


A 38ª DRP (Delegacia Regional de Polícia) foi interditada na manhã de segunda-feira (23), em consequência dos danos provocados pelos presos na ação que resultou na fuga de 26 detentos e mais de cinco horas de rebelião, no sábado (21), na cadeia de Santo Antônio da Platina. Os presos tomaram a carceragem por volta das 9 horas durante a troca de plantão dos investigadores e, consequentemente, o imóvel da delegacia que funciona de forma compartilhada com a unidade prisional. O motim só chegou ao fim após o Poder Judiciário e o MPPR (Ministério Público do Estado do Paraná) garantirem aos detentos que questões como a superlotação carcerária e insalubridade seriam analisadas, e que medidas por melhorias seriam anunciadas. 



De acordo com o delegado Tristão Antônio Borborema de Carvalho, a grande maioria das repartições onde funciona o setor administrativo da delegacia foi consumida pelo incêndio provocado no prédio pelos presos. "Eles tiveram acesso ao telhado, e atearam fogo no forro de um dos cartórios onde havia muitos documentos e objetos apreendidos durante o curso das investigações criminais. Infelizmente foi tudo consumido pelas chamas", lamenta o titular da 38ª DRP. 

Em entrevista recente à FOLHA, Tristão de Carvalho falou sobre a superlotação carcerária e previu a possibilidade de fuga em massa e rebelião na cadeia de Santo Antônio da Platina a qualquer momento. "Estamos com uma bomba-relógio prestes a estourar", disse à época. 

No momento da fuga 147 presos ocupavam a unidade prisional, dos quais aproximadamente 80 deles são condenados à espera de vagas em uma das penitenciárias do Estado, segundo informou o Depen (Departamento Penitenciário) à Polícia Civil. 

A superlotação carcerária não é uma peculiaridade de Santo Antônio da Platina. De acordo com o delegado-chefe da 12ª SDP (Subdivisão de Polícia Civil) de Jacarezinho, Amir Roberto Salmen, todas as cadeias da região estão com número de presos acima da capacidade. "Os presos são de responsabilidades do Depen, mas infelizmente, até o momento, como eles estão no prédio da Polícia Civil, também temos responsabilidade pela estrutura física da cadeia no sentido de proteger a população para evitar essas fugas", explica. 

O delegado-chefe da 12ª SDP visitou a 38ª DRP no domingo, e disse que apesar da interdição da delegacia por tempo indeterminado, o atendimento à população não será comprometido. "Foi realizada uma limpeza no prédio na segunda-feira, mas infelizmente a delegacia vai ficar inoperante até que se possa ter um ambiente seguro tanto para a população quanto aos próprios funcionários, razão pela qual os serviços serão prestados de outras formas no período. Vários materiais foram queimados, dentre eles pneus, o que gerou uma fumaça tóxica que também impregnou no interior do prédio deixando o ambiente insalubre aos funcionários. O departamento de Infraestrutura do Estado enviou um engenheiro para avaliar o imóvel, para que então possamos definir quando tudo voltará ao normal", esclarece. 

Salmen orienta que durante o período de interdição da delegacia, os boletins de ocorrência podem ser feitos na Companhia da Polícia Militar. "Temos um sistema unificado on-line, portanto o documento pode ser registrado diretamente na Polícia Militar. Os casos de flagrante delito serão encaminhados para Jacarezinho, onde daremos sequência, e no dia seguinte encaminharemos o preso para Santo Antônio da Platina. Então a população não vai ficar sem atendimento", assegura. 

O delegado-chefe conclui avaliando os danos causados pelo incêndio às investigações criminais. "Houve um prejuízo incomensurável às investigações, porque como nós sabemos, o doutor Tristão (Borborema de Carvalho) é um excelente profissional que atua de maneira enérgica contra os criminosos, mas isso aos poucos vai voltar ao normal", pondera. 

FUGITIVOS 
A Polícia Civil informou que até o momento 13 dos 26 fugitivos foram recapturados, e que não houve transferência de presos pelo Depen após a rebelião. Além de documentos e objetos apreendidos como provas nos inquéritos policiais, o incêndio também consumiu parte do patrimônio da instituição. 

DEPEN 
A reportagem procurou a direção regional do Depen para saber sobre os danos causados pelos presos na cadeia e quais medidas serão tomadas em relação às transferências dos detentos após o motim, porém, foi orientada a procurar a assessoria de comunicação do órgão. Por meio de nota foi informado que "na carceragem foram danificadas algumas portas e grades, por isso todos os presos foram isolados em uma única galeria para que os reparos fossem realizados". 

Esses reparos emergenciais foram concluídos ainda na segunda-feira (23), com as duas galerias existentes sendo liberadas para uso e, conforme a nota, não houve necessidade de remoção dos detentos para a realização dos reparos. "O Judiciário local está analisando o processo dos detentos custodiados na carceragem, até o fim da tarde desta segunda-feira (23), cinco detentos receberam alvará de soltura. Importante esclarecer que a transferência de presos para o sistema prisional depende da autorização do Comitê de Transferência de Presos (Cotransp), local", conclui a nota.
Luiz Guilherme Bannwart
Especial para a FOLHA DE LONDRINA

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