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SERTANEJA - Sem assassinatos há seis anos

"Aqui já foi mais agitado, hoje está mais tranquilo", conta a auxiliar de serviços gerais Ivonete Antoniassi dos Reis.

No município de Sertaneja (Norte), é difícil encontrar alguém que se lembre da última vez em que a notícia de um homicídio correu pela cidade. "Aqui já foi mais agitado, hoje está mais tranquilo. Teve um acerto de contas e uma morte que parece que foi entre casal, por traição, mas foi há alguns anos. Faz bastante tempo", conta a auxiliar de serviços gerais Ivonete Antoniassi dos Reis, que há 30 anos vive na cidade.  


Com cerca de 6.000 habitantes, Sertaneja está na lista das 18 cidades paranaenses sem registros de homicídios desde 2012. Da lista da Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária) constam 20 municípios porque o órgão deixa de fora latrocínios e crimes de lesão corporal que resultam em óbito.

Aqui é um paraíso diz o segurança aposentado Alcides Ferreira, morador do Distrito de Paranagi
Aqui é um paraíso diz o segurança aposentado Alcides Ferreira, morador do Distrito de Paranagi


"Aqui é um paraíso", compara o segurança aposentado Alcides Ferreira, morador de Paranagi, distrito que pertence a Sertaneja e fica a pouco mais de 20 quilômetros do centro da cidade. "Lá é ainda mais tranquilo. Deixo o carro aberto e ninguém mexe. Todo mundo conhece todo mundo. Só troco minha casa aqui se for por uma em um sítio bem distante de uma cidade grande. Aqui temos de tudo. Um posto de saúde muito bom, com médico e dentista. E tem um bom comércio também. Tudo pode ser resolvido em Sertaneja."

'Está muito perigoso o trânsito. Tem que atravessar a rua na faixa. Três anos atrás, um carro me atropelou', conta José Negrizoli
"Está muito perigoso o trânsito. Tem que atravessar a rua na faixa. Três anos atrás, um carro me atropelou", conta José Negrizoli


O aposentado José Negrizoli lembra que a cidade já foi maior, chegando a ter 12 mil habitantes. Mas a população mais velha foi morrendo e os jovens deixaram Sertaneja em busca de melhores oportunidades de trabalho em municípios maiores. Com uma população tão reduzida, diz o aposentado, é natural que os índices de violência sejam baixos, mas não dá para descuidar, alerta. "Droga sempre tem e com a droga vêm outros crimes. Não pode abusar, sempre tem um esperto. Na minha casa nunca mexeram até hoje. Não sei amanhã."

A maior preocupação de Negrizoli, no entanto, é com o trânsito. "Está muito perigoso o trânsito aqui em Sertaneja. Tem que atravessar a rua na faixa. Três anos atrás, um carro me atropelou", conta.

Delegado-chefe da 11ª SDP de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), João Manoel Garcia Alonso Filho, enfatiza o trabalho das polícias Civil e Militar no auxílio à redução da violência na região. "A Polícia Civil não atua diretamente na prevenção, mas quando fazemos operação policial, ouvimos as pessoas e investigamos os fatos, indiretamente estamos prevenindo", comenta.

As principais ações das polícias naquela região, destaca Alonso Filho, são focadas nos crimes de roubo e tráfico de drogas. Mas nos pequenos municípios são significativos também os casos que se enquadram na Lei Maria da Penha. "O que tem mais é Maria da Penha, com agressão familiar e violência doméstica contra a mulher. Nas cidades pequenas um problema também é o microtráfico de drogas, no qual o usuário, para manter o uso, acaba fornecendo para os colegas. Isso está bem presente", comenta o delegado.

No Sudoeste, Bom Sucesso do Sul, com 3.293 habitantes, também figura entre as cidades sem registros de assassinatos. Getulio de Moraes Vargas, delegado titular da 5ª SDP, em Pato Branco, atribui os baixos índices de criminalidade à boa qualidade de vida da população, mas destaca o trabalho da polícia. "O desenvolvimento econômico e social aqui no Sudoeste é melhor do que em outras regiões e, na questão da segurança pública, não existe impunidade. E nosso índice de solução de crimes, principalmente aqueles contra a vida, é altíssimo, mais de 80%. Há uma grande integração entre os órgãos de segurança, as polícias Civil e Militar, Ministério Público e Judiciário. As coisas caminham juntas, é uma engrenagem."

Vargas lembra que em Pato Branco houve redução de 50% nas ocorrências de homicídios dolosos entre 2016 e 2017. "E todos os que aconteceram foram solucionados. O que acontece com maior frequência são mortes por acidentes de trânsito, homicídio culposo, atropelamento. Outros tipos de crime também têm índice baixo. Acontecem furtos, estes são inevitáveis. E também temos registros de violência doméstica, briga entre mulheres, briga de bar. Mas roubos não são registrados há muito tempo", garante o delegado.


Simoni Saris
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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