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Saída de Osmar 'bagunça o cenário' na corrida para o Palácio Iguaçu

Apesar de ser cogitado para o Senado, Osmar garantiu, em comunicado divulgado à imprensa, que não disputará cargo algum

A desistência de Osmar Dias (PDT) em disputar a candidatura ao governo do Estado muda e bem o cenário que se vislumbra na corrida para o Palácio Iguaçu, segundo especialistas ouvidos pela FOLHA. Embora já surgissem comentários no final da semana de que o ex-senador pudesse abrir mão da disputa, a decisão não deixa de ser surpreendente, uma vez que Osmar vinha sendo o segundo melhor colocado nas pesquisas de intenção de voto, com cerca de 20% da preferência do eleitorado, atrás do deputado estadual Ratinho Jr. (PSD).

A retirada de Osmar ocorreu pouco tempo depois de seu irmão, Alvaro Dias (PODE-PR), que concorre à Presidência da República, fechar um acordo com o PSC, partido que no Estado é controlado por Ratinho Jr. A decisão sobre os rumos do PDT na corrida ao governo estadual será tomada neste sábado, a partir das 13 horas, no Clube Dom Pedro II, em Curitiba, durante a convenção. Apesar de ser cogitado para o Senado, Osmar garantiu, em comunicado divulgado à imprensa, que não disputará cargo algum. 

No mesmo dia em que o pedetista desistia de concorrer, Ratinho recebeu o apoio oficial do PPS, aumentando para oito o número de partidos coligados com ele (leia nesta página).

"Agora bagunça o cenário. Se havia o Ratinho na frente e logo atrás o Osmar, tinha um elemento importante: teve uma das pesquisas que mostrava o Osmar e o Requião (MDB) mais ou menos no mesmo patamar. Isso mostrava que com o apoio do Requião ele se tornava um candidato bem competitivo para disputar a eleição porque eles dividiam pouco os votos", afirma o professor do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Censi. Nesta semana, Osmar Dias, ainda como pré-candidato, havia descartado coligar com o MDB do senador Roberto Requião alegando divergências político-ideológicas.

"Uma parte dos votos do Osmar seria daqueles eleitores que votariam no Requião para o Senado, votos mais, eu diria, de centro-esquerda. Parte desses votos pode ser que migre exatamente para o João Arruda (pré-candidato ao governo pelo MDB). Agora, aquele voto mais conservador a tendência é que vá ou para Ratinho ou para a governadora Cida Borghetti (PP), um voto mais do agronegócio, enfim. O Osmar era o único que tinha esse perfil de conseguir tanto votos do agronegócio, que seria um voto mais à direita, quanto agregar os votos de esquerda, pelo histórico dele, pela parceria que teve com a Dilma", pondera Censi, em referência à aliança do PDT com o PT nas eleições de 2010.

O professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Sérgio Soares Braga avalia que a decisão do pedetista pode ter sido precipitada e que é preciso se pensar ainda mais na discussão de projeto e no futuro do Estado. "Do ponto de vista dos impactos eleitorais não há dúvida de que o Ratinho Jr. vai ser o grande beneficiado dessa desistência", crava.

Clodomiro Bannwart, professor de Ética e Filosofia Política da UEL, afirma que a desistência caracteriza bem esta fase da corrida eleitoral, "dos acordos de bastidores", em que nenhuma possibilidade deve ser descartada.

"Ainda que ele tenha anunciado que não concorrerá a outro cargo, quem sabe ainda tenha a possibilidade dele se lançar ao Senado, criando ainda mais dificuldade para os ex-governadores do Paraná Requião e Beto Richa (PSDB). E talvez uma ideia muito remota, já que tudo é possível durante as convenções, uma desistência do Alvaro Dias para concorrer ao governo do Estado", especula.


RATINHO E CIDA
 
Questionado pela FOLHA se o caminho sem Osmar ficará mais fácil, Ratinho Jr. disse que não. "Acredito que não muda, porque toda eleição é dura, é uma eleição estadual, disputada, e outros partidos terão candidaturas. A gente mantém a nossa maneira de trabalhar, com muita tranquilidade, conversando com a população, ouvindo acima de tudo e discutindo as nossas propostas". Sobre a possibilidade de tudo se resolver no primeiro turno, ele emendou: "difícil avaliar. Quem vai dizer isso é a população". A assessoria da governadora e pré-candidata à reeleição Cida Borghetti informou que ela não se pronunciaria sobre a desistência de Osmar Dias.


O único apoio garantido pelo PDT era o do Solidariedade. Além de Ratinho e Cida, permanecem na disputa o ex-deputado federal Doutor Rosinha (PT), o ex-vereador de Curitiba Jorge Bernardi (Rede), o economista Geonísio Marinho (PRTB) e o ex-vereador de Almirante Tamandaré Professor Piva (PSOL). O MDB, que volta a se reunir amanhã, deve oficializar a candidatura do deputado federal João Arruda (MDB-PR).



Mariana Franco Ramos e Vitor Struck - Reportagem Local(FOLHA DE LONDRINA)

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