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Polícia descobre esquema de contrabando de gado no noroeste do Paraná; 4 pessoas são denunciadas

A polícia descobriu um esquema de contrabando de gado na região noroeste do Paraná. Quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público estadual (MP-PR). 

A investigação durou dois meses, e sete criadores já reconheceram animais que tinham sido furtados. A denúncia do MP foi apresentada à Justiça em 13 de novembro.

Juveni Aguinelo da Silva é uma das vítimas. Praticamente a metade do rebanho que ele levou quase 20 anos para conseguir formar foi roubada da fazenda dele, que fica a quase 15 quilômetros do Centro de Cidade Gaúcha. Os ladrões carregaram o caminhão e sumiram.

"O prejuízo foi em torno de R$ 60 mil. Foram 44 cabeça de gado e um cavalo", disse Juveni. "Vamos ver se surge alguma marca, alguma coisa, que a polícia está investigando, se consegue encontrar alguma coisa pra gente recuperar. O prejuízo é grande né", acrescentou. 

A polícia acredita que Silva foi alvo de uma quadrilha que furta rebanhos de gado em toda a região.
Em 17 de outubro, a polícia encontrou 250 cabeças de gado em uma fazenda na Estrada Bernardelli, em um distrito de Rondon. 

O administrador da fazenda foi preso em flagrante porque não conseguiu comprovar a compra e a origem de todos os animais.

Um dos fatos do inquérito que chamou a atenção dos policiais é que um boi tinha quatro marcas de identificação diferentes. Além disso, muitos outros não tinham nenhuma marca que identificasse o dono ou a propriedade de origem. 

De acordo com a polícia, a fazenda era usada para esconder o gado por um tempo e, depois, o adminstrador vendia os animais. 

"Obtivemos informações de que em Rondon teria uma propriedade que abrigaria gados de origem ilícita", disse o delegado Lucas Américo Magron. 

Para a polícia e o MP-PR, os envolvidos no esquema conseguiram esconder e vender os animais de várias maneiras. Uma delas era encomendar vacinas a mais, alegando que algumas vacas tinham dado cria. 

Para fazer o transporte desses animais, eles emitiam guias de transporte animal em branco e só preenchiam se fossem parados em alguma fiscalização. As negociações eram feitas sem nota fiscal, o que permitia que eles não alterassem o número do rebanho no cadastro que os criadores precisam ter no Ministério da Agricultura.

A partir do administrador, a polícia descobriu o envolvimento de pelo menis mais três pessoas. Uma delas, que é o irmão dele, afirmou em depoimento que tem uma sociedade na compra e venda de gado. O dono da fazenda também é um dos suspeitos. 

A denúncia diz que o fazendeiro, por diversas vezes, não conseguiu comprovar a compra dos animais e alegou que tinha perdido as notas fiscais. 

Ele afirmou, em depoimento, que arrendou parte das terras para o administrador e que o saldo no cadastro de propriedade de animais estaria incorreto. 

Alguns Boletins de Ocorrência chegaram a ser feitos pelo fazendeiro e foram apresentados como prova no processo. Mas, segundo o MP-PR, isso foi uma maneira de acobertar as transações ilegais.
O administrador confirmou a versão do fazendeiro de que ele teria arrendado uma área da fazenda e que parte do rebanho é dele. O suspeito até apresentou documentos que comprovariam a compra dos animais. 

Mas, a polícia e o MP-PR querem entender como um trabalhador que ganha menos de R$ 2 mil em carteira de trabalho consegue ter um rebanho tão grande e ainda arrendar terras. 

No iquérito consta também que testemunhas declararam que venderam bois para o administrador. As notas fiscais de compra e venda anexadas ao processo passam de R$ 100 mil. Uma delas mostra uma negociação de 24 cabeças entre o dono da propriedade e o administrador no valor de R$ 60 mil. 

Para o promotor que cuida do caso, há várias contradições. "As contradições são em relação à propriedade do gado. Então, por exemplo, eles não assumiram a propriedade de alguns bezerros que estavam em cima da fazenda. Eles não assumiam. São gados de bom valor e é estranho que ninguém assuma a propriedade daquelas cabeças que estavam ali em cima", afirmou o promotor Rodrigo de Assumpção. 

O outro lado

A polícia já abriu mais um inquérito para investigar o que aconteceu com parte do rebanho que sumiu da fazenda. 

Todos os acusados aguardam julgamento em liberdade, mas com medidas cautelares. Não podem sair da cidade sem avisar a Justiça, nem conversar entre si, com testemunhas e vítimas. 

A Justiça está aguardando a defesa formal dos suspeitos. O julgamento ainda não tem data para acontecer. 

FONTE - G1 PR



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