Vereador afastado Rony Alves é preso por suspeita de ameaça a testemunha da Operação ZR3
Rony Alves (PTB) foi preso neste sábado (22) por suspeita de ameaçar uma testemunha da Operação ZR3 — Foto: Reprodução/RPC |
Rony Alves (PTB), vereador afastado de Londrina, no norte do Paraná,
foi preso neste sábado (22) por suspeita de ameaça a uma testemunha da Operação Zona Residencial 3 (ZR3), que apura um esquema de cobrança de propina para mudanças de zoneamento na cidade.
A prisão preventiva foi determinada pela juíza de plantão, Claudia
Andrea Bertolla, na sexta-feira (21), depois de um pedido feito pelo
Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
Alves, que estava sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, foi
preso na casa dele, por volta do meio-dia. Ele foi encaminhado para o
Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (CIAC), segundo o Gaeco.
Em nota, o advogado Maurício Carneiro, responsável pela defesa de Rony
Alves, confirmou que o vereador afastado encontrou a testemunha no
banco, mas negou qualquer tipo de ameaça.
O pedido do Gaeco
De acordo com o pedido do Gaeco, em 7 de dezembro, Junior Zampar, a
principal testemunha sobre o esquema de corrupção, foi abordado por
Alves quando saía de uma agência bancária da cidade e seguia para o
estacionamento.
Segundo relato de Zampar, o vereador afastado fez ameaças em relação aos depoimentos e o papel dela nas investigações.
Foram anexados ao documento imagens de câmeras de segurança da agência
que, segundo o Gaeco, mostram Alves caminhando ao lado e atrás da
testemunha. Além disso, o relatório de geolocalização da tornozeleira
usada pelo vereador afastado comprovou que ele esteve na agência
bancária no dia e horário indicados por Zampar.
Para promotores Jorge Fernando Barreto da Costa e Leandro Antunes
Meirelles Machado, que assinam o pedido, Alves descumpriu as medidas
cautelares às quais estava submetido ao cometer o crime de coação de
testemunha no curso do processo, que é usar de violência ou grave ameaça
para favorecimento próprio em processo judicial.
“O requerido está reiterando na prática de ilícito criminal doloso, em
cristalina afronta à decisão que lhe determinou o cumprimento de medidas
cautelares diversas da prisão”, diz o pedido.
O Gaeco entendeu que a prisão preventiva seria uma forma de garantir a ordem pública.
“Uma vez que foram trazidos elementos contundentes de que o requerido
está perseguindo, coagindo e ameaçando uma das figuras fundamentais do
processo, o que revela a sua periculosidade concreta, visto que mesmo
sendo processado pela prática de crimes graves não deixou de delinquir”,
diz outro trecho do documento.
Procurado, Junior Zampar confirmou os fatos, mas não quis se manifestar.
A Operação ZR3
A Operação ZR3 foi deflagrada pelo Gaeco em janeiro deste ano. Em 9 de fevereiro o Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentou uma denúncia contra 13 pessoas por crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva.
Entre os acusados estão os vereadores afastados Mário Takahashi (PV) e
Rony Alves (PTB), servidores públicos municipais e empresários.
Conforme o documento, Takahashi, até então presidente da Câmara, e Rony
Alves, seriam os líderes da suposta organização criminosa. Os dois
negam as acusações.
Um servidor público, responsável pelo setor de loteamentos da prefeitura, seria o braço do grupo no Poder Executivo.
Em 19 de fevereiro, a Justiça aceitou a denúncia, e as 13 pessoas denunciadas viraram rés por envolvimento nas supostas irregularidades.
Veja a nota da defesa de Rony Alves na íntegra:
A
defesa do Rony tem absoluta certeza de que não houve qualquer tipo de
ameaça por parte do Vereador. Existe uma versão do Júnior Custódio
Zampar reproduzida pelo Gaeco, mas há, também, a versão do vereador que,
de fato, tem conta no banco onde encontrou com Zampar, porém, em
momento algum o ameaçou.
nclusive,
a abordagem foi feita inicialmente pelo próprio Zampar que lhe tocou no
ombro, dentro da agência, para lhe pedir desculpas. Eles seguiram até o
estacionamento e toda a questão do Rony ter falado sobre o Zampar ter
filhos, mãe ou coisa que o valha foi no sentido de que se ele, o Zampar,
tinha consciência do quanto essa história destruiu a vida do Rony e de
sua família.
Um
sentido que parece muito fácil de qualquer um inferir e que passa muito
longe de qualquer tipo de ameaça. A conversa é natural até pelo
contexto, ocorrida em local público, de forma totalmente casual, sem
maldade alguma, não por parte do vereador Rony, que tem se comportado de
modo a colaborar com a Justiça desde o início da ação.
A propósito, não faria sentido algum ele ameaçar uma testemunha que já
foi ouvida judicialmente, sim, o Zampar é testemunha e não vítima como
repetidamente vem sendo dito, porque foi assim que foi ouvido no
processo.
Sobre
a sua oitiva é bom esclarecer que o Zampar foi desmentido por seu
próprio primo, Carlos Zampar, que, segundo o próprio Júnior Zampar, foi
quem o acompanhou durante as tratativas de alteração do zoneamento da
família. O primo o contrariou perante o juiz e confirmou que nunca
presenciou qualquer pedido de vantagem ilegal por parte do Rony.
FONTE - G1 PR
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