Cacique da etnia Tukano é morto a tiros em frente à família, em Manaus
Um cacique da etnia Tukano, de 53 anos, foi morto a tiros na casa em
que morava, na comunidade “Urukia”, localizado na Zona Norte de Manaus,
na madrugada de quarta-feira (27). Homens encapuzados entraram na casa e
atiraram contra o cacique. A esposa e a filha da vítima presenciaram o
crime.
De acordo com a esposa de Francisco de Souza Pereira, Dulcinéia
Ferreira Lima, de 51 anos, o casal estava em casa, junto com a filha de
11 anos. Por volta de 1h, três homens não identificados arrombaram a
porta e foram até o quarto em que eles dormiam.
“Eles meteram o pé na porta. Estávamos dormindo e acordamos assustados.
Queriam tirar ele da casa, ele não saiu e deram tiros nele lá mesmo. E
aí foram embora. Ainda colocaram a mão na boca da nossa filha para ela
não gritar”, disse Dulcinéia.
Pereira era um cacique indígena da etinia Tukano e atuava em lideranças
de 42 aldeias, segundo sua família. A esposa conta ainda que a vítima
não tinha briga com ninguém e sempre trabalhou em prol das comunidades.
Liderança indígena
A irmã de Francisco Pereira, Sulamita de Souza Pereira, 55 anos, lembra
que o irmão costumava trabalhar com obras. Ele era envolvido com
aldeias indígenas mas passou a buscar liderança após a morte da mãe, há
quatro anos.
“Ele foi buscar conhecer mais da nossa tradição e descobriu que nossos
avós eram envolvidos com a Fundação Nacional do Índio (Funai) quando
nossa mãe morreu. Ele, então, começou a buscar essa liderança, até que
conseguiu ser intitulado cacique”, lembrou a irmã.
Sulamita conta ainda que o irmão sempre buscofu ajudar a todos os
membros das comunidades espalhadas pela capital. Segundo a vizinha do
cacique, Lucilene da Silva, de 51 anos, "assim é como ele deve ser
lembrado".
“Ele tirava até da comida dele para dar para os outros. Dizia ‘Isso é
para você. Não é muito, mas o que eu tenho para ajudar é isso’. Se você
procurar qualquer um da comunidade, é o que vão dizer. Não é justo o que
fizeram com ele”, lamentou.
O corpo do homem foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). A
Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), deve
investigar o caso para descobrir quem o teria matado e a motivação do
crime.
FONTE - GLOBO.COM