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TECNOLOGIA NA PECUÁRIA - Desmama precoce: será que pega?

Com a desmama precoce, a matriz retorna ao ciclo para geração de outro bezerro mais rapidamente, com ganho no escore corporal das fêmeas.

Margens de lucro curtas e concorrência pesada com as áreas de grãos. A pecuária de corte geralmente está ligada a este cenário de tensão que, sem dúvida, exige uma tecnificação cada vez maior dos produtores para se manterem na atividade. Estratégias que vão muito além da IATF (inseminação artificial em tempo fixo), melhorias de pastagem e suplementação de rebanho.

Pensando em estratégias para melhorar o escore corporal das fêmeas e a taxa de prenhez, pesquisadores da Embrapa Pantanal e Embrapa Gado de Corte, ambas no Mato Grosso do Sul, realizaram um levantamento apontando que a desmama precoce é capaz de promover um aumento ao redor de 20% na taxa de prenhez das matrizes, associado com a manutenção no ganho de peso do bezerros e ótima recuperação das matrizes. Ciclos mais rápidos que, claro, geram mais bezerros.

Enquanto uma desmama convencional dura entre 210 e 240 dias; na precoce da pesquisa cai para 110 dias, pouco mais de três meses. Com isso, a matriz retorna ao ciclo para geração de outro bezerro mais rapidamente, e com ganho no escore corporal das fêmeas, pois logo após o parto elas não entram em balanço energético negativo. Algo natural para sobrevivência e alimentação da cria.

O pesquisador da Embrapa, Luiz Orcírio de Oliveira, relata que o trabalho iniciou em 2012 para sanar duas situações regionais ligadas ao Pantanal: taxa de prenhez baixa na região e, a segunda, as enchentes, que provocam a necessidade de movimentação do rebanho e muitos bezerros se perdiam das mães. Mas ele garante que é possível levar a técnica para outros estados , inclusive o Paraná. Nesta edição, a Folha Rural questiona produtores e especialistas do Estado: será que a desmama precoce é válida por aqui? "Hoje se trata de uma ferramenta ajustável para diversos cenários de rebanho de cria", garante o pesquisador.

Apesar das pastagens paranaenses serem infinitamente superiores às do Pantanal, Oliveira comenta que a desmama precoce funcionaria de forma interessante no Estado nas vacas primíparas (de primeira parição), que são desafiadas a ter um parto mais cedo e geralmente quando têm a primeira cria ainda não estão totalmente adultas. "Por isso elas acabam tendo baixos índices de concepção. É possível então fazer a desmama precoce sem prejuízo ao desenvolvimento desse animal."

Outro ponto interessante seria para acelerar o descarte de fêmeas que já não estão dando os resultados esperados. Dependendo da estação, o bezerro no pé acaba atrapalhando a saída da vaca do sistema, que como não está 100%, tem uma recuperação mais lenta, demorando para engordar. "Saindo mais cedo do sistema, entra caixa na fazenda", explica.

SUPLEMENTAÇÃO

É claro que a desmama precoce vai acabar gerando uma suplementação dos bezerros e, com isso, investimento em alimentação que não existia com o bezerro no pé da mãe. Segundo o pesquisador, nada fora dos padrões já conhecidos pelo produtor. "Se trata de um investimento de médio e longo prazos. Se pensarmos num aumento de 20% na taxa de reprodução, teoricamente são 20 bezerros a mais num lote de 100 vacas na próxima temporada. Esses bezerros vão retornar ao caixa da fazenda no ano subsequente."

Outro fator relevante é o bem-estar animal. Segundo o especialista, o bovino desmamado não depende da condição nutricional da mãe e tampouco de sua habilidade materna, o que o capacita para superar o período de seca e os próximos desafios como ruminante, nas fases de recria e engorda. Todavia, o animal exige atenção durante o período de adaptação, ao redor de 14 dias, com profissionais habilitados a conduzi-lo aos cochos durante essa fase, assim como uma pastagem bem manejada para consumo posterior.



Victor Lopes
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA


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