“Me casei e tive duas filhas com meu irmão por parte de pai”
“Em 2005, conheci Giovane.
Estudávamos no mesmo colégio, ele estava no último ano do ensino médio e eu
havia começado o primeiro. Tinha 14 anos e ele, 17. Na época, eu ficava com um
amigo dele, saíamos juntos sempre.
Ele se formou no fim daquele ano e passamos as
férias trocando mensagens diárias. Até um belo sábado, ele me chamou para
assistir um filme em sua casa. Disse que levaria um amigo e pediu que eu
convidasse uma também.
Chamei então uma menina com quem Giovane já
havia ficado para garantir o sucesso do date duplo. Nem bem pisei lá, porém,
entendi que não rolaria nada.
A amiga que levei era apaixonada pelo cara que
lá estava, não ia rolar mesmo nada entre mim e o rapaz. Conformada, decidi
curtir o programa. Fizemos pipoca e sentamos em frente à TV – me posicionei na
ponta do sofá para minha amiga não pensar que eu tinha algum interesse no crush
dela. Pois, na primeira oportunidade, Giovane me tascou um beijo. Na hora,
fiquei totalmente sem reação. Mas depois rolou outro beijo e deixei rolar. No
mesmo dia ele me disse que estava gostando de mim, que havia passado a me ver
com outros olhos e perguntou se poderíamos ficar outras vezes para vermos o que
rolava. Topei.
Ficamos juntos três meses, mas não deu muito certo. Acontece que, depois de
alguns meses separados, começamos a nos encontrar na casa de amigos em comum e
descobrimos que gostávamos mesmo um do outro. Depois de quase dois anos de
namoro, em 2009, ficamos noivos. E, para oficializar o novo status, marcamos um
jantar na minha casa para aproximar nossas famílias que, até então, não haviam
tido muito contato. Ele queria pedir a minha mão em casamento para meu pai,
como manda o figurino.
Notei
que minha mãe arregalou os olhos quando a apresentei à minha sogra, mas minha
ansiedade era tanta que nem dei bola. Minutos depois, ela me chamou no quarto e
perguntou se aquele era mesmo o pai biológico de Giovani. Não tinha aquela
informação, mas acreditava que sim. Ela contou então que já conhecia dona Inês,
a minha sogra. No passado, as duas haviam trabalhado juntas em uma empresa de
alimentos. E tinha mais. Disse que dona Inês tinha sido casada com meu pai
biológico, com quem eu nunca tive muito contato, e os dois haviam se separado
quando ela estava grávida ou o com um bebê recém-nascido -- ela não se recordava
direito. Minha mãe teria começado então a se relacionar com meu pai e, três
anos depois, eu nasci. E aí veio a bomba: se fosse mesmo ela, Giovane poderia
ser meu meio irmão.
Em choque, me sentei na cama e ali fiquei por minutos, completamente incrédula.
A situação era tão absurda que ainda brinquei: ‘Se a senhora não quer que eu me
case é só falar, não precisa inventar nada’. Mas, muito nervosa, ela insistiu.
Estava quase certa de que aquela era a ex-mulher do meu pai. Pedi que ela se
acalmasse e que voltássemos ao jantar.
FONTE – GLOBO.COM