Possível troca-troca partidário movimenta Assembleia
PSDB busca atrair os quatro peemedebistas da ala governista que admitem "desconforto" com ala ligada a Roberto Requião
Curitiba – A iminente promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 182/2007, que abrirá espaço, em 18 de fevereiro, para candidatos aos pleitos municipais mudarem de legenda sem perderem seus cargos eletivos, tem movimentado os bastidores da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, onde a base aliada ao governador Beto Richa (PSDB) dispõe de ampla maioria. A partir desta data, os políticos terão um prazo de 30 dias para anunciarem filiações em novas siglas. O troca-troca, porém, não será considerado para fins de distribuição do dinheiro do Fundo Partidário e do acesso gratuito ao tempo de rádio e televisão.
Na AL, a principal expectativa diz respeito ao PMDB, que segue dividido entre a ala "tucana" e a "requianista" (ligada ao senador Roberto Requião). Hoje, são oito representantes, sendo quatro de cada lado. Sem citar nomes, o presidente do parlamento, Ademar Traiano (PSDB), que também comanda o PSDB paranaense, adiantou que a legenda fez alguns convites. Sabe-se que a ideia é atrair, de uma vez só, todos os peemedebistas da bancada do governo: Luiz Cláudio Romanelli, Jonas Guimarães, Alexandre Curi e Artagão Jr. "É lógico que temos situações atípicas dentro da Casa que serão trabalhadas. Os próprios parlamentares, pensando na sua reeleição, vão fazer uma análise sucinta da real possibilidade de voltarem", afirmou.
Traiano convocou uma reunião da base de apoio a Beto (oficialmente são 33, dos 54 deputados) para a segunda-feira, às 11 horas, no diretório estadual do PSDB. "Temos um conjunto de partidos que elegeram o governador. Essas alianças nós pretendemos preservar e trabalhar em sintonia para as eleições." Pela primeira vez, ele admitiu a possibilidade de abrir mão de lançar candidato próprio em Curitiba. A conversa é de que Rafael Greca, hoje no PMN, voltará ao DEM (ele já foi do PFL) e se aliará com Ratinho Jr. (PSC) e Beto. "Temos o Flávio Arns e o Michele Caputo Neto (secretário da Saúde), mas tudo será fruto de entendimento. Queremos construir candidaturas que possam avançar e chegar à prefeitura."
Mais próximo do PSB do que do PSDB, o líder do governo, Romanelli, contou que buscará primeiro um consenso com os correligionários. O ideal, segundo ele, seria que os quatro decidissem ou permanecer no PMDB ou migrar para a mesma sigla. "Estamos vivendo um período de muito conflito interno. A executiva estadual fez uma resolução completamente ilegal, submetendo coligações ao seu crivo mesmo onde houver cabeça de chapa. Isso vai afugentar candidatos."
Romanelli também teceu elogios ao PSB. "É um partido que tem tido uma postura extremamente coincidente com as minas ideias, o que não significa que eu tenha decidido me filiar." Jonas, por sua vez, confirmou o convite de Traiano. "Sou peemedebista desde criança. Tenho um carinho especial por estar tantos anos no partido. Agora, existe certo desconforto em fazer parte do governo. Tudo o que não acontece em 100 anos acontece num dia. Vamos conversar para tomar uma decisão." A FOLHA não conseguiu falar com Curi e Artagão.
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA