Uso do celular ao dirigir é a sexta infração mais cometida no Paraná
Multas aplicadas por irregularidade cresceram 4% entre 2013 e 2015; Curitiba (34,6%), Maringá (9,99%) e Londrina (6,55%) lideraram os ocorrências
Só no ano passado 139 mil motoristas foram multados pelo uso do aparelho ao volante no Estado
Curitiba – O número de multas aplicadas pelo uso de telefone celular no volante cresceu 4% entre 2013 e 2015 e tornou-se a sexta infração de trânsito mais cometida pelos paranaenses. Em 2015, foram 139 mil pessoas, segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran). Seis mil a mais do que em 2013, quando 133 mil motoristas foram flagrados usando o aparelho.
No ano passado, a maioria das multas foi aplicada em Curitiba (48.112 infrações registradas - 34,6%). Na sequência vem Maringá (13.893 – 9,99%), Londrina (9.107 – 6,55%), Cascavel (5.535 – 3,9%), Foz do Iguaçu (2.855 – 2,05%), Ponta Grossa (2.830 - 2,03%) e São José dos Pinhais (1.372 – 0,98%). A principal irregularidade cometida pelos paranaenses no trânsito é exceder a velocidade em até 20%.
Com mais pessoas usando o celular não só para fazer ligações, mas também para acessar internet e aplicativos, é cada vez mais comum ver motoristas usando o aparelho no trânsito. "Com a evolução da tecnologia móvel e o crescimento no comércio de aparelhos cada vez mais modernos, usar o celular no trânsito se tornou um comportamento frequente e muito perigoso. O motorista deixa de estar atento ao volante e no que acontece em sua volta para mandar mensagens ou acessar redes sociais", afirma o diretor-geral do Detran, Marcos Traad. "Estudos mostram que digitar enquanto dirige aumenta em até 400% o risco de acidentes de trânsito. Por isso, o Detran investe em campanhas que alertam para as possíveis consequências desta atitude, mas, infelizmente, ainda estamos longe da solução do problema", diz ele.
Foi justamente por conta das campanhas de conscientização contra o uso de celular no trânsito que o índice de 4% de aumento do número de multas surpreendeu os especialistas do Detran. O chefe da Divisão de Autos e Processos de Infração do Detran, Rodrigo Kozakiwicz, disse que esperava um aumento, porém, a expectativa é que fosse menor. "Usar o aparelho, seja da forma que for (próximo ao ouvido ou no viva voz, digitando ou navegando pela internet) tira a atenção do motorista", frisa, lembrando que isso afeta o tempo de reação do condutor. Kozakiwicz explica que muitas vezes a pessoa tem a falsa percepção de que ele consegue falar no celular e dirigir ao mesmo tempo, Mas o fato é que ele não consegue dirigir e usar o celular com a mesma qualidade de atenção.
Segundo a assessoria de imprensa do Detran, em janeiro deste ano, uma pesquisa feita por um hospital de São Paulo, com 4,1 mil pessoas, revelou que 80% dos motoristas consultados utilizam os telefones celulares ao volante, 42% admitiram que enviam mensagens de texto enquanto dirigem e 8% disseram que não mudariam o comportamento, mesmo sabendo das consequências.
LEIS
Kozakiwicz disse que projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional podem incentivar o motorista a mudar o comportamento, pois preveem o aumento do valor das multas pelo uso do celular enquanto o motorista dirige. Se aprovadas, elas passam de infração média para grave ou gravíssima e o valor que hoje está em R$ 85,13 deve subir consideravelmente.
O Código de Trânsito Brasileiro prevê duas infrações que envolvem o celular: dirigir com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo (Art. 252, V); e dirigir utilizando fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular; (Art. 252, VI), que é a que o usuário recebe na prática. São consideradas infrações média, com 4 pontos na habilitação. O uso é proibido mesmo com o carro parado, seja congestionamento ou semáforo.
"Muitas pessoas têm dúvida se podem usar o fone de ouvido e usar o sistema bluetooth do som do carro, mas não pode. Porque, nestes casos, estamos usando funções cerebrais que prejudicam nossa atenção. Não é como conversar com o passageiro ao lado ou ouvir música no rádio, por exemplo", explica a coordenadora de infrações do Detran, Marli Batagini.
A psicóloga especialista em trânsito, Joneia Towamoto, explica que no trânsito o condutor já tem vários fatores para se preocupar e insistir usar o aparelho aumenta em até duas vezes o tempo necessário para reação.
"Dirigir exige o raciocínio aritmético (cálculo de aceleração e distanciamento do veículo da frente) e lógico (análise do fluxo dos veículos da frente e de trás). Quando uma pessoa utiliza o celular na direção a reação automaticamente fica mais lenta e faz com que o condutor perca completamente o foco", alerta.
Adriana De Cunto
Reportagem Local
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA