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Na soja, 40% erram na regulagem de plantadeiras

A falta de cuidado na regulagem do maquinário agrícola faz com que dois em cada cinco produtores errem mais do que 10% na quantidade de sementes plantadas na safra de verão, segundo o estudo "Avaliação da Qualidade de Semeadura de Soja no Paraná e Mato Grosso do Sul", feita pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná). O objetivo do levantamento é identificar o peso da falta de cuidados no uso de equipamentos no trabalho no campo.

Com patrocínio da Fundação Agrisus (Agricultura Sustentável) e parceria com a Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), os pesquisadores apontaram também que três em cada cinco erram além do aceitável no uso de fertilizantes. A pesquisa foi feita em nove cidades do Paraná e cinco no Mato Grosso do Sul, e complementa a análise das culturas de inverno, conforme publicado pela FOLHA na edição do último dia 16 do "Caderno Rural".

O cuidado em regular o maquinário antes do uso permite economizar insumos para reduzir custos ou aplicar uma quantidade maior, para ter uma melhor produtividade por área. Na média geral, a quantidade variou pouco entre o que os agricultores gostariam de colocar no campo e o que realmente usaram. No entanto, houve casos de erro de 48,9% em sementes e de 71,2% em fertilizantes, índices que são decisivos para o bom desempenho da colheita, principalmente quando há problemas climáticos.

O coordenador do estudo, Ruy Casão Junior, do Iapar, afirma que o excesso de chuva gerou atrasos no plantio e dificultou a coleta de dados em algumas regiões, principalmente no Oeste do Paraná. No entanto, diz que as condições hídricas foram satisfatórias de forma geral e fizeram com que ao menos as taxas de emergência de plantas fossem altas, com 96,5%. "Quando chove, praticamente tudo o que se planta nasce", cita, ao lembrar que a seca em dezembro gerou quebra, mas por atingir a fase de desenvolvimento.

Assim, outros indicadores, como a profundidade de sementes e o tamanho dos sulcos, também tiveram índices melhores do que no plantio de inverno, quando choveu menos. Mesmo assim, Casão Junior conta que os índices de erros em regulagem no verão foram semelhantes aos do inverno. "Mas não esperávamos que fosse tanto, porque é normal que se tenha mais cuidado com a soja e 17% erraram mais do que 20% na quantidade de sementes e 63% nos fertilizantes", diz.

A maior diferença entre as duas safras está no uso de maquinário mais novo para a soja, na comparação com culturas de inverno. A idade é menor do que cinco anos para 45,7%, mas outros 37,1% trabalham com equipamentos de mais de dez anos. "Isso é importante, mesmo porque é uma cultura mais valorizada, mas percebemos que os que usam máquinas mais velhas já começam a ter problemas mais sérios na distribuição de adubo", cita o pesquisador. No caso de sementes, há maior proximidade no desempenho de acordo com o tempo de uso.

Plantio direto
O pesquisador afirma que o uso de plantio direto ainda é baixo, o que preocupa. Somente 37,1% não mexem no solo, porque fazem todo o trabalho de rotação de culturas corretamente e contam com boa palhada e baixa compactação do solo. Outros 62,9% remexem a terra de alguma maneira, a cada 4,8 anos, em média. "Existem casos que a pessoa escarifica o solo a cada dois anos, porque não usa plantas de cobertura e planta somente soja no verão e milho no inverno", conta Casão Junior.

Ele lembra que há agricultores que trabalham há mais de 30 anos com plantio direto, sem precisar de escarificador. "Só usam quando o caminhão passa sobre o solo molhado e compacta, mas é pouco. Esse é o ideal", diz.

Essa é também a diferença principal entre os produtores paranaenses e sul-mato-grossenses. O sojicultor do Paraná é mais experiente e começou com o plantio direto na década de 90, uma década antes antes agricultor do Mato Grosso do Sul. "Só que, lá, eles usam mais a cobertura com braquiária e a integração de lavoura e pecuária. No Paraná, no Oeste se planta trigo, aveia e milheto e no Sul, também usam a pecuária. O problema é no Norte, que fica só na soja e milho", conta.

Folha Arte
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Fábio Galiotto
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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