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Algodão: correndo atrás do tempo perdido

Uma produção bilionária, com números de exportações volumosos e altamente rentáveis. Tudo que o produtor busca numa lavoura, mas que incrivelmente ficou esquecida do Paraná por décadas. Este é o cenário atual do algodão no País e que o Estado tenta retomar, depois de liderar a produção nacional com 700 mil hectares da fibra no início da década de 1990 e que acabou perdendo espaço devido a problemas com chuvas e o famigerado bicudo. É hora de correr atrás do tempo perdido. A grande pergunta que lateja na cabeça dos produtores paranaenses é: “no “mar” de soja e milho que vivemos hoje, é possível adequar o algodão dentro da safra, com qualidade de manejo e rentabilidade?” A FOLHA Rural desta semana mostra a viabilidade da cultura no Paraná, que está viva num projeto bem interessante.


Bem, as projeções do algodão nos principais estados produtores – como Mato Grosso (68% do volume) e Bahia (11%) – dão um norte do momento que a commodity vive no País. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projetam uma colheita de 2,6 milhões de toneladas, número 32% superior a safra 2018, que já foi recorde da série histórica da companhia. A área nacional cresceu 35% no último ano, puxado principalmente pela demanda internacional, já que a China sobretaxou o algodão norte-americano, principal concorrente brasileiro.

"Temos variedades mais tecnológicas, precoces, que podem ser plantadas entre novembro e dezembro junto com a soja"


No Paraná, a área comercial atual é pequena: 700 hectares e já com a colheita iniciada. Entretanto, desde a safra 2014/15 a Acopar (Associação dos Cotonicultores Paranaenses) tem feito um trabalho sólido, mostrando a possibilidade de galgar novas áreas e produtores. O potencial de absorção no mercado estadual, segundo a associação, é de 60 mil hectares para plantio. O projeto, que conta com apoio de outras entidades como IBA (Instituto Brasileiro do Algodão) e o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), já mostra resultados interessantes em produtividade e rentabilidade em dez áreas demonstrativas distribuídas pelo Estado, inclusive em Rolândia.


Num primeiro momento, a Acopar acreditou que a melhor estratégia era de que o algodão tivesse espaço na safrinha paranaense, justamente para não competir com a soja. Entretanto, percebeu que a melhor alternativa seria na 1ª safra mesmo, funcionando como rotação de cultura em alternativa ao milho e trigo, por exemplo. “Agora, temos variedades mais tecnológicas, precoces, que podem ser plantadas entre novembro e dezembro junto com a soja. A colheita está acontecendo agora, entre 20 de abril e final de maio. Vale dizer que isso não exclui a possibilidade do algodão safrinha”, explica o presidente da Acopar, Almir Montecelli, produtor de 30 hectares da fibra em Jataizinho.


A projeção inicial para a próxima lavoura estadual (2019/20) era de um mil hectares, mas devido aos resultados dos últimos anos – associado ao fomento da atividade com dias de campo entre técnicos e produtores – a expectativa saltou para 1,5 mil hectares. “O rendimento da pluma (para o beneficiamento) aumentou de 33% para 42% e isso agregou valor demais ao produto. Além disso, estamos falando em colheita mecânica, que não suja o algodão em nossa terra roxa. Agora, colhemos o algodão no seco e limpo.”


Neste primeiro momento, a Acopar não projeta números de produtividade similares ao dos estados líderes em tecnologia, como Mato Grosso, que pode atingir 1 mil arroba por alqueire. Mas Montecelli é audacioso em suas projeções de faturamento, mesmo com produtividades mais módicas. “Com baixo investimento, podemos ter uma produtividade de 500 arrobas por alqueire. Isso pode significar uma rentabilidade duas vezes maior que a soja. Para as condições do Estado, estamos falando de um valor de comercialização de R$ 35 a arroba. Todo nosso algodão hoje está sendo comercializado em Martinópolis, no interior de São Paulo.”

FONTE - FOLHA DE LONDRINA

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