LONDRINA - Vereador e filha negam envolvimento em irregularidades de clínicas psiquiátricas
O vereador João Martins (PSL) e a filha dele, Greice Kelle de Souza Silva, foram ouvidos nesta quarta-feira (26) de manhã pela CE (Comissão Especial) de Acompanhamento das Investigações sobre Clínicas Psiquiátricas de Londrina da Câmara Municipal.
Ela é assistente social e funcionária há nove anos da clínica e está entre as 37 pessoas denunciadas pelo MP (Ministério Público) após deflagração da Operação Hipócrates. Os dois aparecem citados por ao menos cinco testemunhas por supostamente terem indicado aos donos dos estabelecimentos os horários e dias das vistorias da Vigilância Sanitária para "maquiar" supostas irregularidades nos atendimentos. Ambos negaram as acusações.
Após depoimento de menos de uma hora, Martins confirmou que trabalhou por 16 anos na vigilância sanitária, sendo 13 como fiscal e 3 como diretor. Segundo ele, sua função era de agente de saúde e nunca teve competência para fiscalização das clínicas.
Agora aposentado da autarquia de saúde, o vereador também negou ter passado qualquer informação privilegiada para a filha. "Isso é mentira. Minha filha não conhece ninguém da vigilância. Eu conheço porque trabalhei ali. Eu nunca tive esse tipo de procedimento com ninguém. A vigilância não marca horário. Não tenho nenhuma ligação neste sentido com o trabalho da minha filha com o meu."
Martins foi ouvido desacompanhado de advogado, mas disse que irá procurar apoio jurídico para rebater as acusações que foram feitas aos promotores. "Eu achei isso muito provocativo. Vou procurar um advogado. Quero cópia dos processos. Vamos apurar quem disse isso e terá que trazer provas. Se essa pessoa não provar, vou pedir indenização por danos morais. Minha vida é limpa."
Greice Kelle foi acompanhada de uma advogada indicada pela diretoria da Clinica Psiquiátrica de Londrina, mas não quis conceder entrevista. Segundo o presidente da CE, o vereador Vilson Bittencourt (PSB), ambos negaram qualquer interferência em relação às irregularidades das clínicas.
Além de Bittencourt, participam da CE das clínicas os vereadores Eduardo Tominaga (DEM) e Roberto Fú (PDT). Os parlamentares perguntaram se a assistente social tinha conhecimento das irregularidades apontadas sobre as altas dos pacientes. Greice Kelle também foi questionada sobre supostas orientações de horários das vistorias externas ou procedimentos para esconder irregularidades. Em todas as perguntas, a funcionária negou irregularidades e afirmou que as clínicas prestam um bom serviço.
Conforme o MP, foram encontradas irregularidades em prontuários médicos e dessa forma as clínicas recebiam mais dinheiro do Sistema Único de Saúde. Na denúncia, os promotores afirmam que as clínicas adiavam períodos de internações e tratamentos para conseguir mais repasses. No bojo do processo, há ainda denúncia de maus-tratos, cárcere privado, peculato, falsidade ideológica, lesão corporal, estupro de vulnerável, abandono de incapaz e exercício irregular da medicina.
FONTE FOLHA DE LONDRINA