SANTO ANTONIO DO PARAÍSO NA LISTA - Paraná tem 22 cidades com mais eleitores do que habitantes
Levantamento feito pelo G1 leva em consideração dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a estimativa populacional de 2020, feita pelo IBGE. Municípios têm menos de 7 mil moradores. |
O
Paraná tem 22
cidades que possuem mais eleitores do que habitantes, segundo
levantamento feito pelo G1 com base nos
dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a estimativa populacional de 2020,
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Todos
os municípios registrados no levantamento têm menos de 7 mil habitantes. O
número de eleitores registrados a mais do que moradores varia entre 37 e 1.629
pessoas.
O professor da Universidade Estadual de
Maringá (UEM) e coordenador do Núcleo de Pesquisas em Participação Política da
instituição, Rafael da Silva, explica que as hipóteses para a diferença vão desde a
defasagem dos dados oficiais até possibilidade de fraude.
O município que aparece com a maior
diferença proporcional na relação entre habitantes e eleitores é Altamira do Paraná,
no noroeste do estado.
Segundo os dados do TSE, o município
tem 3.311 eleitores. No entanto, pela projeção do IBGE, a cidade conta com
1.682 habitantes, ou seja, quase metade do total de registrados para voto.
A cidade com maior população que
aparece no levantamento é Borrazópolis, no
norte do estado, com população estimada em 6.439, de acordo com o IBGE. Apesar
disso, o TSE registra 6.721 eleitores.
Veja a seguir a lista
completa de cidades paranaenses com essa característica.
Cidades com
mais eleitores que habitantes no Paraná
Cidade
|
Eleitores
|
População
|
Eleitores a mais
|
Proporção
|
Altamira do Paraná
|
3.311
|
1.682
|
1.629
|
197%
|
Nova Cantu
|
5.856
|
5.061
|
795
|
116%
|
Manfrinópolis
|
2.990
|
2.506
|
484
|
119%
|
Corumbataí do Sul
|
3.562
|
3.127
|
435
|
114%
|
Esperança Nova
|
2.086
|
1.665
|
421
|
125%
|
Brasilândia do Sul
|
2.985
|
2.585
|
400
|
115%
|
Espigão Alto do Iguaçu
|
4.389
|
4.048
|
341
|
108%
|
Rosário do Ivaí
|
5.029
|
4.689
|
340
|
107%
|
Alto Paraíso
|
2.982
|
2.685
|
297
|
111%
|
Itaúna do Sul
|
3.073
|
2.781
|
292
|
111%
|
Borrazópolis
|
6.721
|
6.439
|
282
|
104%
|
Lindoeste
|
4.872
|
4.592
|
280
|
106%
|
Lidianópolis
|
3.491
|
3.231
|
260
|
108%
|
Ariranha do Ivaí
|
2.254
|
2.066
|
188
|
109%
|
Nova Tebas
|
5.631
|
5.448
|
183
|
103%
|
Arapuã
|
3.183
|
3.009
|
174
|
106%
|
São Pedro do Paraná
|
2.422
|
2.289
|
133
|
106%
|
Iracema do Oeste
|
2.372
|
2.251
|
121
|
105%
|
Santa Inês
|
1.701
|
1.594
|
107
|
107%
|
Salgado Filho
|
3.579
|
3.483
|
96
|
103%
|
Santo Antônio do Paraíso
|
2.112
|
2.068
|
44
|
102%
|
Mato Rico
|
3.243
|
3.206
|
37
|
101%
|
Fonte: TSE/IBGE
O que causa a diferença?
O professor da UEM
Rafael da Silva diz que não existe apenas uma causa específica que explica o
registro de cidades com mais eleitores do que população. Segundo ele, há um
conjunto de hipóteses possíveis.
A primeira é alguma
inconformidade na estimativa populacional elaborada pelo IBGE, que é atualizada
anualmente. Apesar disso, o último censo, com dados mais precisos, foi feito em
2010.
"Como entre censos o IBGE não tem um dado atualizado, ele
acaba fazendo projeções pelos modelos econométricos que depois serão corrigidas
com um novo censo."
Além disso, segundo
Silva, o Brasil vem apresentando nos últimos pleitos um crescimento não linear
de municípios com menos moradores do que eleitores, o que pode estar ligado com
o fato da distância do último censo realizado pelo IBGE.
Outra hipótese é a
defasagem do cadastro eleitoral. Segundo o professor, mudanças no perfil do
eleitorado, como migração entre cidades e morte, também podem contribuir para a
diferença.
"Cidades pequenas
têm uma característica muito peculiar, que muitas vezes a população sai em
busca de melhores condições. Há muitos casos em que o eleitor se muda, mas não
atualiza o cadastro dele", disse.
Silva também não
descarta a possibilidade de fraude. Como exemplo, o professor citou o caso de
uma cidade que recebeu diversos eleitores por influência de um grupo político.
"O candidato viabilizou toda a documentação para conseguir
a transferência do voto e, coincidentemente, quando saíram os dados, essa
cidade figurava entre as que tinham mais eleitores que moradores. É possível
acontecer", explica.
No Brasil
Em todo o Brasil, o
levantamento do G1 apontou que
são 493 municípios com
mais eleitores do que habitantes. O número é 60% maior do que o registrado em 2018.
A maior diferença
proporcional foi encontrada em Severiano Melo (RN), que tem 6.482 eleitores
registrados, mas 2.088 habitantes, conforme a estimativa do IBGE.
Segundo o
levantamento, maior parte das cidades nessa situação é de pequeno porte: 475,
ou 96% do total, têm menos de 10 mil habitantes.
A legislação prevê que
o TSE faça uma revisão de eleitorado nos casos em que o número de eleitores é
maior que 80% da população, ou quando o número de transferências de domicílio
eleitoral for 10% maior que no ano anterior.
Além disso, o órgão
também precisa fazer a mesma revisão quando o eleitorado for superior ao dobro
da população entre 10 e 15 anos, somada aos maiores de 70 anos no município.
FONTE – G1 PR
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