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Uraí é o maior produtor de quiabo do Estado


 Famílias de agricultores optam pela produção do quiabo por ser pouco exigente em água e pelo fato de a procura pela iguaria ser estável na maior parte do ano |  Foto: iStock

 

Uraí, no norte paranaense, é o maior produtor de quiabo do Estado, com 594 toneladas produzidas em 54 hectares de terras, gerando um VBP (Valor Bruto de Produção) de R$ 2,31 milhões.

Dados são do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), relativos ao ano de 2020. Nesse ano, a produção de quiabo em Uraí representou 7,5% das 7,9 mil toneladas do fruto produzidas em 247 municípios paranaenses.

Um volume mais do que representativo, já que Uraí tem uma população estimada de 11,2 mil habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2021.


O chefe regional da Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento) de Cornélio Procópio, Fernando Itimura, explica que após ser considerada a Capital do Rami, Uraí passou por um processo de transformação e de diversificação das propriedades. “Primeiro veio o ciclo da uva nas pequenas propriedades e agora a diversificação na olericultura [cultivo de legumes]”, explica.


Itimura explica que algumas características de Uraí beneficiam a cultura do quiabo. “Clima quente, baixa altitude, terrenos acidentados e grande quantidade de pequenas propriedades rurais (agricultura familiar) fazem da diversificação de cultura as fontes de renda das famílias”

Uraí: clima quente, baixa altitude, terrenos acidentados beneficiam a cultura do quiabo
Uraí: clima quente, baixa altitude, terrenos acidentados beneficiam a cultura do quiabo |  Foto: Arquivo Folha
 

Hoje, o município conta com cerca de 80 propriedades que produzem quiabo, em pequena escala. Grande parte da produção atende às Ceasas de Londrina e de Curitiba. “Em alguns casos, há intermediários de modo que o quiabo chega ao mercado de São Paulo”, explicou.


O técnico explica que muitas famílias optam por essa cultura por ser pouco exigente em água e pelo fato de a procura pelo quiabo ser estável na maior parte do ano.


“Além de a cultura suportar bem o estresse hídrico, ocupando em sua maior parte terrenos mais declinados, de difícil mecanização, é difícil não vender o que se colhe. E também o quiabo tem um custo de produção relativamente mais baixo se for comparado a outras hortaliças”, pontua.


Segundo o chefe regional da Seab, os maiores desafios dos produtores de quiabo são enfrentar dois aspectos. “Conseguir mão de obra qualificada e enfrentar o custo de produção, que vem aumentando significativamente”, destaca.


O cultivo do quiabo é um importante empregador em Uraí. “Em cada uma das cerca de 80 propriedades, são necessárias de duas a três pessoas por hectare, de modo que a cultura é uma das empregadoras do município..


O Valor Bruto de Produção de R$ 2,31 milhões produzido pelo quiabo em Uraí em 2020 posiciona o fruto como a 7ª cultura que mais gera riquezas para o município – fica atrás de soja, milho, laranja, frango de corte, uva de mesa e tomate.


DIVERSIFICAÇÃO


O produtor rural Adalberto Kressin começou a plantar quiabo há dez anos para diversificar a produção e gerar renda alternativa na propriedade de 20 alqueires que tem arrendada em Uraí. Atualmente, mais de 10% da área rural é ocupada por plantações de quiabo – cerca de 3 alqueires.


Assim como centenas de produtores do Paraná, Adalberto sofreu uma perda importante de produção em 2021 por conta das geadas na metade do ano. Em 2020 foram colhidas  2,5 mil caixas de 14 quilos, e em 2021 o fechamento ficou em  500.


Apesar da quebra na produção, o preço do quiabo sofreu valorização no último ano. A caixa de 14 quilos estava sendo vendida na faixa de R$ 30 no início de dezembro de 2020. No mesmo período de 2021, a valorização beirou os 70% - a mesma caixa foi comercializada por R$ 50.


O produtor rural destaca que o quiabo é um tipo de lavoura que não requer muitos cuidados especiais.

“O único diferencial é fazer a irrigação da forma correta, não tem outras coisas adicionais. Se você quiser ter uma produção razoavelmente boa, com preço satisfatório, precisa investir em irrigação”, ensina.


Segundo Adalberto, os grandes desafios agora são driblar a alta dos insumos e encarar a falta de mão de obra.


“O maior gargalo é conseguir gente para fazer a colheita. Como é uma lavoura em que a colheita é 100% manual, está complicado. Trabalhamos com a ajuda da família, mas minha família é pequena e não há tanta disponibilidade de mão de obra assim.”


Adalberto vende maior parte da sua produção para atravessadores, já que não consegue fazer a venda direta. Segundo ele, o produto vai principalmente para ser comercializado nas Ceasas de Curitiba e de Londrina.


Algo que o produtor sente necessidade hoje é haver menos atravessadores entre o agricultor e o consumidor, não só para o quiabo, mas para o hortifrúti em geral.


“Hoje haveria de ter mecanismos para fazermos uma venda direta ou com menor número de atravessadores. Tem muita gente no meio da cadeia ganhando dinheiro. Com menos gente no meio do caminho, agregaria mais valor ao produto para o agricultor e baratearia o custo final para o consumidor”, conclui.


RAMIFICAÇÃO


O sucesso do quiabo em Uraí começa a expandir horizontes e ganhar território pelo Norte do Paraná.

Segundo o Deral, a vizinha São Jerônimo da Serra, distante 70 quilômetros, já aparece na vice-liderança na produção, com 360 toneladas em 2020 e VBP de R$ 1,4 milhão. E assim segue por Assaí (200 toneladas e VBP de R$ 780 mil), Jataizinho (165 toneladas e VBP de R$ 643,5 mil) e Santa Cecília do Pavão (100 toneladas e VBP de R$ 390,3 mil).


“É, sem dúvida, o grande polo do Paraná. As cidades aqui da região abastecem todo o Estado. E estamos crescendo também na produção de orgânicos”, conclui Fernando Itimura, chefe regional da Seab de Cornélio Procópio.


FONTE - FOLHA DE LONDRINA

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