Deputado Ricardo Arruda (PL) vira réu por desvio de dinheiro público, tráfico de influência e associação criminosa
Ricardo Arruda (PL) vira réu por desvio de dinheiro público, tráfico de influência e associação criminosa — Foto: Orlando Kissner/Alep
O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) virou réu por desvio de dinheiro público,
tráfico de influência e associação criminosa após o Tribunal de Justiça do
Paraná (TJ-PR) aceitar nesta segunda-feira (2) a denúncia feita em 2020 pelo
Ministério Público do Paraná (MP-PR).
O deputado é acusado de receber quase
meio milhão de reais para influenciar o avanço de pedidos de outras pessoas
junto ao Governo do Paraná e ao Judiciário.
Quatro ex-assessores de Arruda também
foram denunciados pelos crimes, cometidos entre 2016 e 2017,
segundo o MP-PR.
O caso é analisado pelo Tribunal de
Justiça do Paraná porque, como deputado, Arruda tem foro privilegiado.
Jeffrey Chiquini, advogado do
deputado, afirmou respeitar a decisão do Tribunal, mas que "durante a
instrução a verdade será demonstrada e a inocência provada".
A denúncia
Segundo o MP-PR, Ricardo Arruda
"atuava com seu prestígio de deputado estadual, passando credibilidade e
segurança aos serviços ilícitos oferecidos pelo gabinete parlamentar".
Ao mesmo tempo, prossegue a denúncia,
os assessores denunciados "faziam os contatos, angariavam pessoas que
almejavam algum benefício junto a administração público estadual ou mesmo junto
ao Poder Judiciário", prometendo a elas influência do deputado.
O MP também diz que os denunciados
"por diversas vezes receberam os valores solicitados, tudo com pleno
conhecimento, assentimento e comando do referido parlamentar".
Segundo a denúncia, Arruda e
assessores "se associaram de forma voluntária e consciente com o propósito
específico de cometerem crimes, em especial o de tráfico de influência".
De acordo com o MP, os assessores
denunciados receberam valores, em diferentes situações, que posteriormente eram
repassados ao deputado.
intermediar favores de policiais
militares e um empresário, por motivos variados.
O órgão diz que, em outubro de 2016,
o parlamentar e os assessores receberam cerca de R$ 100 mil para ajudar um
empresário do ramo de exportação a conseguir o recebimento de valores pendentes
em contratos em aberto com o Governo do Paraná. O documento não cita se o
parlamentar conseguiu cumprir o pedido.
Segundo o MP, em dezembro de 2016, o
parlamentar cobrou e recebeu R$ 80 mil para ajudar a reintegração de ex-policiais
militares junto à corporação. O documento diz que, segundo testemunhas, os
agentes foram reintegrados.
Em 2017, o órgão cita três casos
similares, também de tráfico de influência:
·
Fevereiro
de 2017: recebimento de R$ 80 mil para ajudar policial a promover carreira e
interferência para evitar a expulsão do mesmo por investigação de tortura; o
documento não informa se a interferência teve sucesso;
·
Março de
2017: recebimento de R$ 110 mil para ajudar a reintegrar policial expulso da
PM; ao MP, a então assessora disse que eles não conseguiram reintegrar o PM;
·
Segundo
semestre de 2017: recebimento de R$ 65 mil para viabilizar habeas corpus em favor de
PM preso; segundo o documento, eles não conseguiram soltar o policial.
De acordo com o MP, os pagamentos dos
casos citados na denúncia ocorreram no gabinete do parlamentar, dentro das
dependências da Alep; na área externa à assembleia; e no Parque Barigui, em Curitiba.
Desvio de dinheiro
público
Na denúncia, o MP diz que Arruda e os
assessores também cometeram o crime de peculato, que é o desvio do dinheiro
público. As irregularidades foram em outubro e dezembro de 2016, e fevereiro e
março de 2017, segundo o documento.
O órgão diz que o o grupo desviou
dinheiro do ressarcimento da Alep por cinco vezes, no valor de R$ 17.635, para
pagar pessoas que prestavam serviços de interesse pessoal do deputado, mas que
não eram servidores.
FONTE – G1 PR