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São Jerônimo da Serra - Café tipo mineiro nas alturas de Terra Nova


Nos quintais e fazendas, a qualidade superior do café de Terra Nova é associada à altitude; perspectiva do preço mais alto anima os produtores










O café de Terra Nova é classificado como bebida mole, igual café ao mineiro

''Com um alqueire de café, uma família vive'', segundo a experiência de Sebastião Vitor da Silva, que já teve dois alqueires com a cultura e hoje produz em dois mil metros quadrados na zona urbana de Terra Nova, distrito de São Jerônimo da Serra. De 560 pés no quintal de Sebastião, o café evolui para 300 mil na Fazenda Lagoa Grande, que mantém oito famílias de porcenteiros (a 40%) morando, além de contratar trabalhadores extras.

''Na colheita, temos 100 pessoas por aqui'', diz o proprietário, Dirceu Scerbo, indicando que a cafeicultura volta a ser relevante no distrito, apesar de modesta em comparação à representatividade no passado.

Em São Jerônimo da Serra, a área em produção ainda é inferior aos 1.560 hectares plantados e a valorização se deve ao equilíbrio com a procura, à qualidade e organização: a máquina ambulante da Associação dos Agricultores beneficia o café nas propriedades e o põe limpo no saco. A expectativa é de que o preço para os melhores cafés em 2012 seja de R$ 500 por saca beneficiada, no mínimo; a próxima safra, conforme a previsão, será ajustada aos volumes de exportação (30 milhões de sacas) e ao consumo interno (20 milhões), praticamente sem sobras.

Terra Nova também produz café orgânico, motivo de consulta à Prefeitura de interessado em instalar uma torrefação específica no distrito, disse o chefe da seção de tributação na Prefeitura, Zeca Custódio. E há uma peculiaridade valiosa, explica Dirceu Scerbo: ''O café do Paraná geralmente é de bebida dura, mas o da nossa região bebe mole, igual café mineiro, por causa da altitude e o clima''. Por isso vale mais. E lá não geou neste ano.

Só 26% do território paranaense têm altitude superior a 800 metros; Terra Nova situa-se acima de 900 nas áreas agricultáveis e atinge 1 mil metros no Morro do Táfete. Conforme o Atlas do Paraná, em tais altitudes influem quatro fatores macroclimáticos decorrentes da situação do Estado no ''afunilamento'' do extremo-sul brasileiro, banhado pelo Oceano Atlântico e atravessado pela linha do Trópico de Capricórnio (latitude 23º27'S). Terra Nova é um ponto na linha reta de 150 quilômetros cruzando o Vale do Tibagi entre Apucarana (centro norte) e Ventania, a nordeste, faixa de transição para os Campos Gerais.

Francisco Scerbo chegou a Terra Nova em 1961, entre outros pioneiros procedentes do Patrimônio Regina, em Londrina. Comprou cinco alqueires e mais tarde acrescentou 15, um ''sitiozinho'' legado a família, que o vendeu. Dirceu Scerbo, filho de Francisco, conta que já havia trabalhado em duas grandes empresas atacadistas, J. Alves Veríssimo e Casas Alô, Brasil, quando deliberou, na década de 90, seguir pelo caminho do pai e encontrou áreas a preços convenientes e formou, entre 1996 e 2005, a Fazenda Lagoa Grande, onde continua a investir em equipamentos, tulhas, moradias dos parceiros, máquinas etc.

São 73 alqueires distribuídos entre a pecuária bovina e 300 mil cafeeiros; um novo componente é o eucalipto, nas áreas mais acidentadas. Do total de cafeeiros, 260 mil estão produzindo, em diferentes estágios, com assistência agronômica e previsão de 2.500 sacas beneficiadas em 2012, o que corresponde a uma produtividade muito boa, segundo Dirceu. Há lavouras em fase de serem substituídas, outras chegando aos três anos e aquelas em manejo; a produtividade, portanto, não é homogênea no geral. Com três variedades o plantio obedece a espaçamentos diferentes, o adensado em menor escala. Nos pontos mais altos a proteção das lavouras contra o vento (''corta-vento'') é com bananeiras, que cumprem perfeitamente a finalidade e ainda dão o fruto (geralmente, cafeicultores usam grevília). Já estão disponíveis 40 mil mudas para substituir lavouras e iniciar outras.

Há fartura de carneiros e frangos. ''Aqui o visitante pode escolher o frango para o almoço'', sugere Dirceu, casado com dona Aparecida, dos Cantagalli do Heimtal. Próximo à residência, está o lago, com muito peixe, que justifica o nome da propriedade.

fonte - Folha Norte Pioneiro - 23/11

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