Reescreva suas anotações sobre a política do Paraná; a máquina quebrou! Artigo do deputado João Arruda
Chegamos ao fim de mais um processo eleitoral, quando os
brasileiros escolheram prefeitos e vereadores. Nessas eleições, fomos
surpreendidos por resultados improváveis e lições muito importantes. Uma
é que a chamada “máquina pública” não é mais a mesma no que diz
respeito à garantia de votos. E outra, o Poder Legislativo terá que se
esforçar para reconhecer o novo eleitorado. Por causa desse eleitorado,
2014 será um ano politicamente imprevisível.
O
que se viu na capital do Paraná foi à máquina quebrada antes do segundo
turno. Ou seja, entre as observações possíveis, fica ressaltada a de que
obras públicas são obrigação do prefeito e não há nada para se promover
com isso – vamos ter que nos acostumar com o novo e melhor
entendimento.
Até porque há o risco de
obras-bandeiras – como as da campanha que reelegeu Beto Richa em 2008 –
vire-se contra quem está empunhando essa bandeira – Ducci ficou em
terceiro lugar no primeiro turno, com menos de 27% dos votos. Uma
derrota que, segundo a analista política Renata Lo Prete, estende-se,
sim, a Richa – diferente do que pensam e disseram à imprensa alguns
políticos.
Ou seja, hoje se sabe um pouco mais
sobre os efeitos políticos-insustentáveis da máquina. Um tipo de
política que se mostrou, bastante, felizmente, inútil nessa última
eleição majoritária. Em Curitiba, a vontade de ser outra coisa foi maior
do que a vontade de estar em uma fotografia com a família real.
Daqui
a dois anos virão às eleições proporcionais mais importantes para os
estados, para escolha dos deputados – e que ninguém se engane sobre o
fim do “efeito pedra na água”. Esse efeito é uma analogia do jornalista e
ex-ministro Franklin Martins (da Secretaria de Comunicação Social do
governo Lula), sobre como a classe social mais rica era capaz de, como
em ondas concêntricas, definir os votos das classes mais distantes.
Na
Assembleia Legislativa do Paraná, os votos são quase sempre vitoriosos
para o governo Richa. E é assim que os parlamentares de diversos
partidos viram sócios das derrotas e reprovações cada vez mais
evidentes.
O eleitor se mostra amadurecido,
assim como segmentos da imprensa local. Durante os debates, pelo
Facebook e pelo Twitter, repórteres e produtores de várias emissoras
avaliaram os candidatos e a própria imprensa – citando o nome das
emissoras que muitas vezes os empregavam. Isso confirma, na esfera
organizada da comunicação social, as recentes transformações em Curitiba
e em muitas outras cidades do Paraná.
Resultados
bem analisados de pesquisas qualitativas não são garantias políticas, o
que é, para o marketing político, algo difícil de enfrentar. Não
sabemos mais se os institutos de pesquisa fazem as perguntas certas, ou
se os pesquisados respondem a verdade, porque o voto é secreto e porque
nenhum resultado mapeou corretamente a situação em Curitiba no primeiro
turno.
Talvez seja o momento de diversificar
nossas medidas, como nos Estados Unidos, onde a régua para saber sobre a
preferência a um ou outro candidato é o tipo de telefone celular dos
eleitores ou outras preferências. É preciso aperfeiçoar novas
metodologias. Essas medidas farão diferença na escolha dos candidatos,
tornando as campanhas cada vez mais certeiras. Se o PMDB tiver unidade,
poderá empreender mais candidaturas vitoriosas. Sem unidade o partido se
enfraquece.
Quando se trata de votos
favoráveis ao partido, diz-se também sobre os votos negociados na
Assembleia do Paraná, com ampla vantagem para o governo – a
corresponsabilidade não calculada e tão perigosa. PMDB: o legislativo
estadual está para o PSDB, assim como o legislativo federal está para o
PT.
Disto padecemos: de falta de liderança e
mentalidade unificada. Com tantos problemas no Paraná, tivemos cerca de
50% de vitória nos nomes que lançamos nessas eleições – mas poderia ter
sido muito pior, dadas as nossas condições adversas.
Para
os próximos meses, são necessários encontros de tomadas de decisão,
para ampliar nossos quadros de nomes. Quanto à disputa pelo governo, no
fim deste ano, a convenção será uma excelente oportunidade para que o
partido tome posição: um nome próprio ou coligações.
De
qualquer modo, com olho na unidade, o resultado desse exercício, mais o
do que uma decisão objetiva, vai redesenhar as bordas do PMDB no
Paraná.
(*) João Arruda, deputado federal e secretário-geral do PMDB do Paraná.