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Apreensões de cocaína crescem quatro vezes mais no Paraná

No último quinquênio, volume de apreensões alcançou 10,8 toneladas, 216% a mais do que o apreendido no País entre 2004 e 2008

 
Um tradicional corredor usado pela logística de distribuição de maconha, o Paraná tem se firmado também como rota de passagem de cocaína. De acordo com levantamento feito pela FOLHA com base nos balanços de apreensões da Polícia Federal, o Estado saltou de oitavo para sexto colocado no ranking nacional, ultrapassando Rio de Janeiro e Pará. A lista é liderada por São Paulo. Em 2004, foram apreendidos quase 328 quilos da droga no território paranaense, contra 1.779 quilos no ano passado, um crescimento de 442%.

No entanto, o maior indício que o Paraná vive um "boom" na passagem de cocaína pode ser verificado analisando os dados nacionais. Em 2004, o País apreendeu 7,4 toneladas da droga contra 35,7 toneladas em 2013, o ano que marcou o recorde histórico em volume. Ainda assim, o crescimento é de 377%, 65 pontos percentuais mais baixo que a alta paranaense.

A diferença fica ainda mais clara com a comparação entre os dois últimos quinquênios. De 2004 a 2008, foram apreendidas 79,4 toneladas de cocaína no País. No período 2009-2013, o volume alcançou 119,9 toneladas. O aumento foi, portanto, de 50,8%, muito inferior aos 216% do crescimento estadual. A participação do Paraná no total de apreensões também deu um salto, passando de 4,28% do volume tirado de circulação entre 2004 a 2008, contra 9% no quinquênio seguinte.

No balanço nacional das apreensões de maconha, o crescimento entre 2004 e 2013 foi de 45,6%, menos da metade da alta em território paranaense (105%). No cálculo entre os dois últimos quinquênio, o volume de apreensões caiu 6%, de 843,4 para 792,6 – no Paraná subiu 13%.

Os números também mostram que o ritmo de ocorrências envolvendo cocaína está bem mais acelerado do que as de maconha. A reportagem calculou a diferença de volume de cocaína apreendida em dois períodos de cinco anos (2004 a 2008 e 2009 a 2013). No primeiro quinquênio, foram 3.431 quilos, bem abaixo dos 10.844 quilos do segundo período, aumento de 216%.

Como base de comparação, a quantidade de maconha interceptada pelas forças de segurança em 2013 foi "apenas" 105% maior que a de 2004, passando de 37,3 para 76,5 toneladas. O levantamento também aponta uma certa estabilidade no nível de apreensões de maconha comparando as duas metades do decênio. Na primeira metade, foram 247 toneladas, contra as 280,3 toneladas da segunda metade, alta de 13,3%.

Em relação a maconha, o Paraná manteve em 2013 a mesma segunda colocação registrada em 2004 no rol dos estados onde mais se apreende, encabeçado por Mato Grosso do Sul.

Embora o crescimento no volume apreendido de cocaína tenha sido significativamente maior também nos principais estados do ranking de apreensões, o ritmo paranaense é ainda mais acelerado. No grupo dos 10 estados com mais apreensões, o volume cresceu de 6,3 para 30,9 toneladas, índice de 385%, ou seja, 57 pontos percentuais menor que o incremento paranaense no mesmo período.

No último balanço anual divulgado pela Polícia Federal, em 2012, as delegacias que ficam a menos de 150 quilômetros da fronteira, concentraram as abordagens bem-sucedidas em busca de entorpecentes. Naquele ano, as delegacias de Foz do Iguaçu e de Cascavel recolheram 1.387 quilos de cocaína, mais de 83% do total do Estado. Guaíra apreendeu outros 52,7 quilos, mais que a soma das três maiores cidades do interior, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

No mesmo ano, quase 82% da maconha apreendida também foi interceptada na fronteira, com destaque para Foz do Iguaçu, responsável por mais da metade do volume. Cascavel e Guaíra ocupam os dois outros lugares do pódio de delegacias campeãs de ações bem-sucedidas de combate ao narcotráfico.
Lúcio Flávio Moura
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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