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Carreira no setor público mantém fascínio

Administração pública foi um dos dois setores que geraram em 2013 mais postos de trabalho no Brasil na comparação com 2012. Entretanto, professor e consultor acredita que febre de concursos deve passar nos próximos anos

 
A possibilidade de fazer carreira no Estado continua sendo o sonho de milhões de brasileiros, ainda mais em um cenário em que a geração de empregos vem desacelerando.

Segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a criação de empregos formais no Brasil teve em 2013 o pior desempenho dos últimos anos. A diferença entre admissões e desligamentos foi de 1,1 milhão de postos de trabalho, contra 1,3 milhão em 2012. O pior saldo anterior havia sido registrado em 2009, ápice da crise econômica mundial, quando foram gerados no País apenas 995 mil novos empregos.

No ano passado, dos oito setores em que o Caged divide suas estatísticas (extrativa mineral, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, administração pública e agropecuária), seis tiveram saldos de empregos inferiores aos registrados em 2012. As exceções foram a indústria de transformação, que teve 126,3 mil postos positivos diante de 87,4 mil no ano retrasado, e a administração pública.

Os 22,8 mil empregos no setor público gerados em 2013 representaram o melhor desempenho na área desde 2003, último ano disponível na base de dados online do Caged. Em 2012, haviam ocorrido mais desligamentos que contratações na área, e o saldo foi negativo em -2,4 mil vagas. O setor compreende a movimentação de empregados concursados (maioria no serviço público), temporários e comissionados na administração direta e autárquica de todas as esferas do poder público.

Jailton Macena de Araújo, professor de Direito Administrativo na Universidade Federal de Campina Grande, aponta que o fascínio brasileiro pela carreira no setor público é decorrência de uma cultura construída por dificuldades históricas que o País enfrentou. "O concurso público é encarado como uma tábua de salvação, uma estabilidade contra qualquer reviravolta que o Brasil venha a enfrentar: planos econômicos mal sucedidos, inflação, instabilidade econômica, desemprego. Isso ainda é muito forte na memória das pessoas", afirma.

Marciano de Almeida Cunha, professor na área de gestão de pessoas na Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e consultor em desenvolvimento humano e organizacional, cita que historicamente havia uma defasagem de servidores públicos no Brasil. A abertura de processos seletivos para suprir essa carência criou uma geração de "concurseiros" na década passada.

"Até o início dos anos 2000, os concursos estavam congelados. De 2005 para cá, eles ficaram mais recorrentes, para repor os servidores que foram se aposentando. Além disso, houve uma instabilidade de mercado em perspectiva global, com fusões, aquisições de empresas. O brasileiro tem o desejo pela estabilidade, pelo fato de o mercado estar instável mesmo em ascensão", explica Cunha.

Ele acredita, no entanto, que dentro de dois a três anos o número de concursos públicos abertos por ano vai diminuir. "A máquina pública tem um limite, uma capacidade de contratação. O Estado brasileiro está contratando para repor (os servidores que saíram), mas deve atingir um limite. Continuarão sendo abertos concursos, mas não tanto quanto nos últimos anos", afirma.

folha de londrina
Fábio Galão
Reportagem Local
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