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Mais bicicletas nas ruas

Debate incentiva uso diário desse meio de transporte no trânsito

Saulo Ohara
Associação defende a criação de políticas públicas que integrem os ciclistas ao sistema viário das cidades
Que tal uma Londrina menos motorizada e mais compromissada em implantar os conceitos de mobilidade urbana para o incentivo ao uso da bicicleta nos deslocamentos diários? Não passou da hora da segunda maior cidade do Paraná desenvolver políticas públicas que integrem os ciclistas ao sistema viário de forma segura e eficiente? O primeiro passo para que essas e outras questões envolvendo a ciclomobilidade ganhem fôlego e não fiquem apenas na retórica é unificar as ações da administração pública aos interesses da sociedade civil organizada.

Foi com essa premissa que a Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (Cicloiguaçu), que reúne ciclistas de Curitiba e outros 17 municípios conurbados à região metropolitana da capital, promoveu em Londrina e Maringá no fim da última semana o debate "A bicicleta como meio de transporte – buscando justiça e equilíbrio na distribuição do espaço público". Em Londrina, o encontro foi realizado na subseção da Ordem dos Advogados do Brasil e contou com as participações do secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, e representantes do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), OAB-Londrina, programa Ciclo Vida, da Universidade Federal do Paraná, e Cicloiguaçu.

"Queremos estabelecer o diálogo com o poder público para promover políticas públicas de ciclomobilidade, colocar em pauta um conceito de urbanismo que pense no pedestre, no ciclista, no cadeirante, enfim, numa escala humana de mobilidade", defende o coordenador geral da Cicloiguaçu, Jorge Brand, o Goura. Para isso, a entidade espera fortalecer os movimentos de ciclistas nas cidades do interior e incentivar a formação de associações de ciclistas locais. "Já fizemos audiências públicas em Pinhais, São José dos Pinhais, Pato Branco, Francisco Beltrão, e agora em Londrina e Maringá", destaca.

AVANÇOS

O coordenador jurídico da Cicloiguaçu, Rodolfo Jaruga, afirma que em Curitiba a associação tem uma atuação bastante representativa, sobretudo perante a administração municipal, porque seu foco é o incentivo do uso da bicicleta como meio de locomoção diário e não apenas de lazer. "Nas eleições municipais de 2012, fizemos cada um dos dez candidatos a prefeito assinar uma carta compromisso com dez pontos voltados à ciclomobilidade urbana", pontua. "Temos 127 quilômetros de ciclovia em Curitiba, mas muitas estão incompletas e em estado ruim de conservação. Conseguimos que a atual administração assumisse o compromisso de criar mais 300 quilômetros de estrutura cicloviária na cidade, que envolve não apenas ciclovias, mas ciclofaixas nas vias e ciclorotas", observa Jorge Brand.

Segundo Jaruga, conquistas como essas só são possíveis quando há um envolvimento efetivo e organizado da sociedade civil. "A sociedade civil tem de se engajar", aponta. No caso de Londrina, cujas políticas de ciclomobilidade são incipientes ou inexistem, o coordenador jurídico da Cicloiguaçu sugere que seja fomentado o debate para que elas sejam inclusas no novo Plano Diretor que está em discussão na Câmara Municipal. "A sociedade civil pode propor uma audiência sobre o projeto de ciclovias em Londrina e cobrar que a prefeitura tenha previsão orçamentária para isso. E é importante que a administração pública se preocupe em mostrar um projeto para os usuários, senão corre-se o risco de jogar dinheiro fora", salienta.
Diego Prazeres
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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