A vida por um fio
Agressões com arma branca cresceram mais do que as praticadas com armas de fogo no Paraná no primeiro trimestre do ano; polícia destaca imprevisibilidade desse tipo de ocorrência

Londrina - Em abril, duas notícias de assassinato por arma branca chocaram Londrina. Na Vila Nova (área central), um advogado matou a própria filha de 13 anos a facadas e depois se suicidou. No Jardim Petrópolis, também na área central, uma suposta briga por uma vaga de garagem teve como saldo um morto, dois feridos, um preso e um foragido.
Segundo estatísticas do Sistema Digital de Dados Operacionais do Corpo de Bombeiros, as agressões por arma branca têm aumentado no Paraná. No primeiro trimestre de 2014, foram 508 ocorrências registradas pela corporação em todo o Estado, diante de 459 entre janeiro e março do ano passado – um crescimento de 10,68%. No mesmo período, as agressões por armas de fogo no Paraná passaram de 623 para 653, aumento de 4,82%.
Na região de Londrina, as agressões por armas brancas diminuíram: foram 53 nos três primeiros meses de 2013 e 35 este ano.
Como o sistema apenas registra óbitos no local da ocorrência e não após o encaminhamento ao hospital, as estatísticas não permitem saber quantas das agressões por arma branca resultaram em morte. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), as mortes por arma branca diminuíram de 207 no primeiro trimestre de 2013 para 154 entre janeiro e março de 2014 no Paraná.
Maritza Haisi, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil do Paraná, destaca que a agressão por arma branca "é de difícil prevenção".
"Em Curitiba, cerca de 10% dos homicídios este ano foram por arma branca. O perfil predominante nesses casos é o chamado homicídio de ocasião. Ou seja, normalmente não existe premeditação, ele acontece no calor dos acontecimentos, decorrente de uma discussão, um desentendimento", argumenta. A delegada diz que seria necessário um estudo aprofundado para encontrar explicação para o aumento do número de agressões por arma branca.
O capitão Nelson Villa, porta-voz do 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM), descreve que os crimes premeditados na maioria dos casos são praticados com armas de fogo.
"A agressão por arma branca geralmente acontece simplesmente em um momento de discussão: uma briga dentro de casa, duas pessoas que entram em conflito em um bar. Em uma disputa de gangues, raramente um crime planejado será praticado com arma branca", explica Villa. "As agressões com armas brancas decorrem da intolerância. As pessoas, por coisas banais, em situações que poderiam ser resolvidas por meio do diálogo ou na esfera judicial, decidem ‘resolver’ por conta própria."
Eleine Martins, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL), acredita que, por ter caráter imprevisível na maioria dos casos, é difícil estabelecer políticas públicas para coibir esses crimes.
"O problema é a facilidade, qualquer objeto pontiagudo pode se transformar em arma branca", justifica Eleine. "Da mesma forma como houve a campanha do desarmamento, relacionada às armas de fogo, poderia haver alguma ação relacionada à arma branca. Mas não sei como isso poderia ser feito."
Eleine salienta que as causas externas são a terceira maior causa de mortalidade no Brasil, superadas apenas por problemas cardiovasculares e neoplasias, e no subgrupo a morte por arma branca é a terceira mais recorrente, atrás de acidentes de trânsito e mortes por armas de fogo. Segundo o SIM, no primeiro trimestre deste ano 528 paranaenses foram mortos com armas de fogo e 154 por arma branca.
folha de londrina
Segundo estatísticas do Sistema Digital de Dados Operacionais do Corpo de Bombeiros, as agressões por arma branca têm aumentado no Paraná. No primeiro trimestre de 2014, foram 508 ocorrências registradas pela corporação em todo o Estado, diante de 459 entre janeiro e março do ano passado – um crescimento de 10,68%. No mesmo período, as agressões por armas de fogo no Paraná passaram de 623 para 653, aumento de 4,82%.
Na região de Londrina, as agressões por armas brancas diminuíram: foram 53 nos três primeiros meses de 2013 e 35 este ano.
Como o sistema apenas registra óbitos no local da ocorrência e não após o encaminhamento ao hospital, as estatísticas não permitem saber quantas das agressões por arma branca resultaram em morte. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), as mortes por arma branca diminuíram de 207 no primeiro trimestre de 2013 para 154 entre janeiro e março de 2014 no Paraná.
Maritza Haisi, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil do Paraná, destaca que a agressão por arma branca "é de difícil prevenção".
"Em Curitiba, cerca de 10% dos homicídios este ano foram por arma branca. O perfil predominante nesses casos é o chamado homicídio de ocasião. Ou seja, normalmente não existe premeditação, ele acontece no calor dos acontecimentos, decorrente de uma discussão, um desentendimento", argumenta. A delegada diz que seria necessário um estudo aprofundado para encontrar explicação para o aumento do número de agressões por arma branca.
O capitão Nelson Villa, porta-voz do 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM), descreve que os crimes premeditados na maioria dos casos são praticados com armas de fogo.
"A agressão por arma branca geralmente acontece simplesmente em um momento de discussão: uma briga dentro de casa, duas pessoas que entram em conflito em um bar. Em uma disputa de gangues, raramente um crime planejado será praticado com arma branca", explica Villa. "As agressões com armas brancas decorrem da intolerância. As pessoas, por coisas banais, em situações que poderiam ser resolvidas por meio do diálogo ou na esfera judicial, decidem ‘resolver’ por conta própria."
Facilidade
Eleine Martins, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL), acredita que, por ter caráter imprevisível na maioria dos casos, é difícil estabelecer políticas públicas para coibir esses crimes.
"O problema é a facilidade, qualquer objeto pontiagudo pode se transformar em arma branca", justifica Eleine. "Da mesma forma como houve a campanha do desarmamento, relacionada às armas de fogo, poderia haver alguma ação relacionada à arma branca. Mas não sei como isso poderia ser feito."
Eleine salienta que as causas externas são a terceira maior causa de mortalidade no Brasil, superadas apenas por problemas cardiovasculares e neoplasias, e no subgrupo a morte por arma branca é a terceira mais recorrente, atrás de acidentes de trânsito e mortes por armas de fogo. Segundo o SIM, no primeiro trimestre deste ano 528 paranaenses foram mortos com armas de fogo e 154 por arma branca.
folha de londrina
Fábio Galão
Reportagem Local
Reportagem Local