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Brasileiro está insatisfeito com serviço público

Por outro lado, pesquisa aponta que maioria acredita que qualidade de vida melhorou

São Paulo - A maior parte dos brasileiros tem a sensação de que a vida melhorou nos últimos anos, mas quer mais. Três mil entrevistados ouvidos em todas as regiões do País avaliam mal os serviços públicos, querem mais qualidade e preferem uma melhora nos serviços a uma redução da carga tributária. É o que revela a pesquisa "A relação dos brasileiros com os serviços públicos", realizada pelo Data Popular e divulgada ontem.

Para 67% dos brasileiros a vida melhorou no último ano e esse avanço foi fruto do esforço pessoal (52%) e de Deus (31%). Apenas 2% creditam a melhora de vida ao governo. Em Londrina, a manicure Luzelite Nascimento, de 45 anos, está entre os 33% que acham que a vida teve uma queda de qualidade. "No último ano a minha vida piorou, pois trabalhamos mais e ganhamos menos proporcionalmente", afirmou. A pesquisa aponta que 85% dos brasileiros não conseguem comprar hoje o que compravam no ano passado com o mesmo valor e 59% deles possuem a percepção de que os preços aumentaram, o que faz com que 63% considerem muito difícil ou difícil pagar as contas.

Apenas 44% acreditam que o Brasil está progredindo. Os insatisfeitos com o rumo do Brasil são maioria: 57% avaliam que o País não está no caminho certo e 36% pensam o contrário. Apesar da percepção negativa com relação ao Brasil, 85% dos ouvidos acreditam que a vida vai melhorar no próximo ano.

"A pesquisa deixa claro que os brasileiros estão chamando para si a responsabilidade pela melhora de vida e esperam um governo que seja plataforma para esse avanço, por isso defendem que educação gratuita e saúde gratuita sejam oferecidas", avaliou o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.

Entre os entrevistados, 81% utilizam educação pública, 75% dependem de hospitais públicos e postos de saúde e 59% são usuários de transporte público. A maioria (56%) ainda aposta que as políticas do governo são as principais formas para garantir direitos e também é maioria o grupo que apoia que o governo atue com força na economia para evitar abusos de empresas (61%).

Para o porteiro Eliseu Marques de Oliveira, de 30 anos, os serviços privados de qualidade são exatamente dos setores em que o serviço público está falhando. "Com os serviços públicos ruins, a qualidade dos serviços privados acaba caindo também. Quem paga plano de saúde está ficando o mesmo tempo na fila de espera que em um serviço público. A queda de qualidade aconteceu com a educação e com o transporte público também", reclamou.

Mesmo assim, a percepção do serviço privado ainda é melhor do que a do público. "Percebemos na pesquisa que, em geral, os brasileiros avaliam melhor os serviços privados do que os públicos", complementa Meirelles. A média geral dos serviços privados foi de 5,1 contra 3,95 dos serviços públicos. A pesquisa apontou, por exemplo, que 71% dos brasileiros usariam hospitais e postos de saúde privados se pudessem escolher.

"O brasileiro está mais exigente porque sabe o seu direito e gostaria muito de cobrar o governo do mesmo jeito que cobra o setor privado. Se um serviço privado não funciona, ele recorre ao Procon. Mas se o SUS não funciona, ele vai recorrer a quem?", destacou o presidente do Instituto Data Popular.

Em sua maioria, os entrevistados disseram ser favoráveis à oferta gratuita de serviços públicos - desde hospitais (91%) até internet (54%), passando por educação, universidade, creche, remédios e transporte. Mas não basta gratuidade, é preciso também melhorar a qualidade da oferta.(Colaborou Vítor Ogawa/Reportagem Local)

folha de londrina
Beatriz Bulla
Agência Estado
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