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Carreira e maternidade pedem equilíbrio e foco

Para especialista, ter filhos é um fator que tende a potencializar o desempenho de uma profissional

Gina Mardones
"Eu não saberia ser só mãe e nem saberia ser só arquiteta", diz Daniele Garcia, com os filhos Renan e Luca
Marcos Zanutto
"A necessidade me fez voltar a trabalhar logo", afirma a fisioterapeuta Carolina Constantino
Quando deu à luz Manuela, há pouco mais de dois anos, a fisioterapeuta Carolina Constantino, de 34 anos, sabia que apesar de sua vida passar a ter um outro sentido não poderia trocar a profissão pela maternidade, mesmo que temporariamente. A carteira de pacientes começava a se consolidar; o mercado, altamente competitivo, lhe era favorável. Carolina não podia recuar. Sem condições de contratar uma babá e sem parentes em Londrina que pudessem auxiliá-la nos cuidados com a filha, ela fez o que muitos consultores corporativos defendem: carreira e maternidade andam perfeitamente juntas e até se complementam se há equilíbrio nas duas vertentes.

A fisioterapeuta tirou apenas três meses de licença e passou a levar Manuela a tiracolo nos atendimentos domiciliares que realizava com a maioria de seus pacientes. "Alguns deles até já deixavam um espaço no sofá de casa para ela ficar dormindo enquanto eu dava as sessões", conta Carolina. Foi a maneira que encontrou para acompanhar o desenvolvimento da filha e ajudar o marido nas despesas de uma família que começava a se formar. "Eu gostaria de ter ficado mais tempo de licença com ela, mas pelo fato de eu ser autônoma, se eu ficasse muito tempo parada iria ficar fora do mercado. A necessidade me fez voltar a trabalhar logo", afirma Carolina.

Percepção 

O presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), José Roberto Marques, lembra que a reconfiguração da estrutura familiar colocou a mulher num patamar de importância antes restrito aos homens. "Há algumas décadas, apenas 4% das mulheres eram chefes de família. Hoje, são 22%, um aumento de 400%. A relação de trabalho mudou muito e a percepção de maternidade também", afirma. "Hoje é possível planejar os filhos, dividir as responsabilidades dentro de casa e gerenciar uma carreira profissional com maestria. A questão é ter foco. Se a pessoa tem foco, se dedica, 24 horas são uma eternidade. Há tempo para tudo", defende o consultor.

Segundo ele, a maternidade é um fator que só tende a potencializar o desempenho de uma profissional. "A maternidade desenvolve um senso de comprometimento maior também no ambiente profissional. Ela tem a ver com ciclo novo, com uma realização pessoal que a mulher leva para a sua profissão. O comprometimento que ela tem para a criação do filho é o mesmo em relação às coisas que ela faz em seu trabalho. É uma energia realizadora que faz com que a profissional se comprometa mais e tenha mais resultados", avalia.

A arquiteta Daniele Garcia Barros, de 35 anos, é um exemplo disso. Mãe de Renan, de 13, e Luca, de 6, ela diz que a opção por investir em sua profissão, de modo a evitar que a maternidade atrapalhasse sua carreira, foi uma forma de mostrar aos filhos a importância de ter o lado profissional bem resolvido. "Eu sempre fui muito realizada na minha profissão e não poderia abrir mão dela só para ser mãe. É importante buscar o equilíbrio e saber conciliar, e acho que isso eu faço bem, porque minha profissão me permite isso", afirma. "A mulher ficar só em casa não vai ser nem um bom exemplo para os filhos. Quando eles veem que você tem sua autonomia, sua independência financeira, passam até a te admirar por isso", acredita.

José Roberto Marques salienta que o planejamento deve ser feito no início da carreira. É nesse período que a futura profissional deve pensar qual o seu projeto de vida e medir as consequências da escolha. "O ideal é que se faça o planejamento da vida como um todo. Preciso ver quem eu sou, quais meus objetivos e diante disso definir sobre carreira e maternidade. No início talvez seja interessante alinhar a visão que ela tem do mundo com o desejo da maternidade, mas se o ideal for o de ter sua independência, foco tem que ser na carreira", orienta. No caso de Daniele Garcia, a escolha foi pelas duas coisas. "Eu não saberia ser só mãe e nem saberia ser só arquiteta."
Diego Prazeres
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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